XIII

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Espadas de dor, medo e angústia
Que transpassam minha pele no solstício de inverno.
Deixam em trapos minha mente que era lúcida,
Cerceaim meus sentimentos como brasa no inferno.

Tudo o que eu sinto destrói meu caminho,
E abala minh'alma como trepidação convulsiva.
Emaranhado de palavras que canto sozinho,
Fio da lâmina que dilascera minha vida.

São apenas tópicos que enumero antes de partir,
São coisas que eu queria dizer a alguém,
Fazer com que enxerguem tudo com os olhos que vi,
Antes que desta estação, me torne refém.

O frio sempre foi meu aconchego,
Mas agora, sem ti, o que tenho é o vazio,
Foi embora, deixou-me sem pelego,
Açoitado noite e dia por esse martírio.

Queria ao menos tentar sobreviver,
Sem sua voz de diabo e sua presente canção,
Sem suas carícias de anjo que marcaram o meu ser
Bem ao centro do peito, no meu coração.

O que me restou foi sujeira,
Desejo, ardor e efervescência carnal,
Seus brincos sobre a penteadeira,
E esse esgoto visceral.

Eu te mataria se pudesse,
Não fisicamente, não sou assassino.
Mataria essa saudade que no frio cresce,
Voltaria a ser um inocente menino.

Desejo de alma em apagar seu rosto,
Difícil tarefa, pois ainda te amo,
Se fosse como pedra, essa agrura e desgosto,
Soltaria suas mãos e a afundaria no oceano.

Chão de giz (Concluído) Onde histórias criam vida. Descubra agora