Cecília - Entre o amor e a dor (Concluído)

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Dário

– Estou realmente sem palavras, Dário, nunca imaginei que poderia dizer isso. Esperei por isso tantas vezes enquanto morava em sua mansão, é estranho ouvi-lo dizer depois de tanto tempo!

Cecília tem motivos de sobra para se surpreender comigo até eu mesmo estou surpreso com minha declaração, mas não posso mentir, ela é a única mulher que amei verdadeiramente. Florência foi um engano em minha vida descobri isso pois depois que morreu apenas vivi a sombra de sua maldade contra mim distribuindo todo meu ódio e violência em pessoas que não tinham culpa alguma pelo que aconteceu comigo. Cecília foi uma das vítimas desses sentimentos ruins quando ela apenas merecia meu amor incondicional e cuidado, hoje finalmente me sinto livre de todos esses sentimentos que me fizeram tão mal durante tanto tempo.

– Não precisa dizer nada, apenas fique comigo essa noite, sem sexo, gostaria de sentir seu perfume como antigamente e acordar tendo a bela visão de seu rosto pela manhã!

Cecília pareceu indecisa se seria uma boa decisão dormir comigo, fico olhando o horizonte por um bom tempo admirando a passagem da noite iluminada pelas estrelas e a lua. Sua indecisão é totalmente compreensiva, não sou digno de sua confiança.

– Faz muito tempo que não durmo com um homem, não sei como será dormir com o primeiro homem da minha vida, vai ser muito estranho.

– Será bom, juro à você, pense pelo lado positivo, será comigo, o seu primeiro e último homem por toda vida.

Cecília sorriu enquanto se levantava estendendo sua mão para mim como confirmação de que havia aceitado dormir comigo. Segurei firme sua mão contente por ela estar aos poucos abrindo seu coração para mim, quando chegamos no quarto, Cecília tirou o robe que usava ficando apenas com um pijama minúscula que dava uma visão maravilhosa do seu corpo tentei disfarçar mas era impossível não olhar para a escultura em formato de mulher em minha frente. Resolvi tirar a camisa e o short que usava ficando apenas de cueca, Cecília também olhou para mim admirando cada detalhe meu, sei que me deseja!

– Venha se deitar, teremos um dia bem movimentado amanhã para compensar minha ausência de hoje!

Ela veio até mim com um pouco de receio se deitando ao meu lado tomando uma certa distância, puxei seu corpo pela cintura a trazendo para mais perto de mim. Cecília ficou meio arredia mas acabou cedendo, sei que ainda desconfia de mim, não tiro sua razão mesmo assim sei que hoje dei um avanço grandioso para ter tudo que foi meu um dia inclusive o amor de Cecília.

Cecília

Era estranho depois de tanto tempo sentir o corpo de outro homem tão próximo de mim principalmente porque agora tudo está diferente. Dário está apaixonado por mim, não há dúvidas mas confessar seu amor por mim foi um grande passo para quem claramente tem dificuldade em expressar sentimentos.

– Tenho uma curiosidade: sei que já matou muitas em sua cama, então suponho que ainda continua tendo aqueles hábitos antigos e violentos na hora do sexo?

Continuei perto dele enquanto sentia a sua respiração bem como os batimentos do seu coração, quero saber onde estou entrando quando nova não tive essa opção hoje tenho.

– Sim! É algo que está dentro de mim que infelizmente não consigo evitar, como também matar pertence ao meu instinto. Quando comecei era para tentar de alguma forma aplacar o ódio e raiva que sentia das mulheres, a essência em si do que fazia se perdeu na minha loucura. O BDSM não tem nada haver com que praticava, no começo quando comecei a estudar as práticas na adolescência, achei bem interessante e quis seguir esse modo de vida. Sugeri para Florência que fosse minha submissa com cerimônia da coleira e contrato estabelecido já que estávamos noivos, não vi mal em fazer essa proposta à ela mas Florência não aceitou. Alegou que era demais para ela, na época entendi o seu lado e continuei transando com ela como de costume mas algo nela sempre despertou um alerta em mim contudo estava cego demais pra ver isso

Dário não parecia triste ou magoado, sentia que estava se abrindo e contando sua história, aproveitando para responder minha pergunta.

– O que fazia com você nada tem haver com o BDSM em sua essência, usava muito objetos utilizados pelos adeptos as práticas mas nem de longe seguia os princípios. Sei que senti o ódio pelas agressões daquele época, e o mesmo tem fundamento pois usava de violência para infligir sofrimento e não prazer à você. O prazer tem que ser compartilhado por ambos, não só para benefício de apenas uma pessoa.

Naquele momento fiquei curiosa para saber como seria se não fosse da forma que Dário fazia no passado comigo.

– Como seria se seguisse as regras?

Ele sorriu percebendo a minha curiosidade me levantou suavemente para que pudesse olhar para ele, Dário sabe bem utilizar a arte da atração comigo.

– Vamos usar um caso hipotético, suponhamos que queira seguir as regras com você, primeiro preciso saber se estaria disposta, seria um acordo entre pessoas bem resolvidas sexualmente. Segundo, caso aceite terá que me deixar fazer o que quiser com você no entanto precisa sentir prazer no processo. Terceiro, esse é o ponto mais importante caso se sinta mal ou que esteja sendo agressivo demais contigo deve pedir para parar com uma palavra chave, quando dizer essa palavra terei que parar na hora, ela fica a sua escolha no entanto deve me dizer para que saiba de antemão da palavra determinada por você como sendo alerta para não continuar.

Conhecendo Dário como conheço duvido muito que uma simples palavra irá parar sua loucura desenfreada.

– Como posso confiar que irá parar quando escutar essa palavra chave?

– O BDSM está alicerçado na confiança cega, se não confia não deve nem aceitar a proposta. À conheço, se está curiosa é porque acendi algo dentro do seu íntimo em relação a isso, quer saber como é, se realmente quer conhecer precisa confiar em mim caso contrário não poderei mostrar à você. Confia em mim, Cecília?

Dário me conhecia muito bem, sabia que estava curiosa com o que havia falado mas confiar é um passo muito grande, será que estou pronta para arriscar?

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