10. Okay, parece que finalmente um progresso

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— Talvez você goste de mim. — dou um sorrisinho, eu mereço o nobel da coragem e bravura só por essa frase.

Camila me olha franzindo as sobrancelhas em zombaria, logo depois revira os olhos.

— Isso com certeza não é verdade.

Não me intimido, aprendi que se eu me intimidar diante de Camila não vou conseguir nada dela nunca.

— Não estou dizendo que está apaixonada por mim ou qualquer coisa assim, mas não sei, talvez você não tenha toda essa aversão a mim. — explico delicadamente para não receber uma reação agressiva dela.

Camila bufa.

— Eu tenho sim toda essa aversão a você. — ela garante.

Não me abalo novamente.

— Não tem não, ou não teria me beijado. — enfrento até o fim.

Camila me lança um olhar penetrante antes de soltar um suspiro tão profundo que me assusta. Fica totalmente imóvel por alguns momentos, parece pensar até que ela se levanta da cadeira de ferro e se aproxima me fazendo retroceder um pouco com a proximidade repentina.

— O que você quer com isso, Jauregui? — questiona posicionada a minha frente.

Coloco as mãos no colo para esconder minha nudez parcial, estou de boxer e Camila muito perto, minhas palmas acima do relevo natural no tecido. Não estou acostumada com pessoas me vendo com tão pouca roupa, quando estou dormindo na casa de Mahogany ou Tom sempre me troco no banheiro, não estou nem aí se é bobagem ou não, simplesmente não me sinto confortável.

Respiro fundo antes de dizer: — Eu quero ser sua amiga. — repito o que disse antes. — Apesar de tudo, acho que gosto de ficar com você.

Não minto, é fato que Camila é muito grosseira, mas gosto de sentir todas as sensações diferentes que ela me causa. Ninguém além dela me prende tanto a atenção...

— Você precisa urgentemente de um psicólogo para elevar sua autoestima. — Camila permanece imponente a minha frente. — Eu só te destrato e você ainda gosta de ficar perto de mim?

Só balanço os ombros. Acho que preciso mesmo fazer terapia porque Camila ainda vai acabar com todas minhas estruturas psicológicas antes do ano acabar.

— Devo ter a síndrome de Estocolmo. — digo tomando a decisão de que não vou esconder nada. — Você me trata mal, nunca se dispõe a ter uma conversa civilizada comigo e eu ainda assim gosto de ficar perto de você... gosto de te beijar também. — encolho os ombros intensivamente.

Não adianta, eu não sei nem consigo jogar nenhum desses jogos emocionais onde quem esconde mais o que sente ganha, ou quem demonstra mais desinteresse ganha, ou quem destrata mais ganha... sou sincera demais para qualquer coisa dessa. No fundo só quero ser digna o suficiente para poder viver um desses romances que minha mãe tanto escreveu quando era viva, seria pedir demais? Nesse mundo cheio de Camilas, eu sei que seria pedir demais sim.

— Eu sei que você gosta disso tudo. — ela diz simplesmente.

— Sabe? — franzo a testa.

Camila dá de ombros como se não fosse uma grande coisa.

— Claro que sei. Você é a pessoa mais expressiva que existe, só de olhar seu rosto qualquer um sabe dizer o que está sentindo.

Penso um pouco. Tudo bem, isso não é realmente um problema, eu nunca quis esconder nada dela ou de qualquer pessoa. Sou um livro aberto e me orgulho disso, ser sincera e honesta não é nenhum defeito até porque tem que ser mais corajoso para admitir o que sente do que para negar.

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