Um novo dia se iniciava e com ele a alegria que tomava conta do meu corpo… Meu primeiro dia de trabalho estava prestes a começar e eu não podia negar a ansiedade. A família de Eduardo estava fazendo de tudo para que eu me sentisse bem e confortável com o emprego, e confesso que aquilo só né deixava com mais e mais vergonha de toda a situação.
Começando com: tem um motorista particular me esperando na calçada, eu tenho um quarto só para mim na casa dele e a partir de hoje vou começar a dormir lá durante os dias da semana, por opção, é claro. Eric não aprovou a escolha, ele tem um pé atrás com o Eduardo e eu bem que entendo, mas não é muito minha praia ficar incomodando motorista pra vir me buscar em uma casa que nem minha é, pelo menos ficando lá por um tempo sei que tenho um espaço específico só pra mim. Não tem jeito, a consciência pesa só de pensar no tanto que eles gastariam de gasolina por mês… Pobre consciente, ensinada desde sempre.
Aproveito para levar comigo os documentos que ainda não pude entregar devido toda a confusão que rolou. Abro a pasta com cuidado, mas com um pouco de pressa já que o motorista está me esperando e confiro, RG, CPF, cartão SUS, carteirinha de vacina, certidão de nascimento. Ela me informou que por ser o primeiro emprego a empresa cadastraria um número do PIS – que eu não faço ideia para que serve — e que a carteira de trabalho seria digital.
Fecho a pasta rapidamente e pego minha mala ajeitando o rabo de cavalo no cabelo, acabo esquecendo de me despedir dos meus pais emprestados e minha irmã de mentira. Apenas saio com pressa e muito ansiosa, pedindo para que tudo dê certo no dia de hoje.
Assim que abro a porta de casa me deparo com um dos motoristas da família em pé ao lado da porta do passageiro do lado de trás, esperando que eu entrasse.
— Bom dia. — Segurando minha bolsa e faço os cumprimentos.
— Bom dia, seja bem vinda. — Ele pega a bolsa da minha mão e logo guarda no porta-malas do carro.
Seguimos a viagem que não era muito longa calados, não fazia muito sentido ficar falando, ainda mais estando morrendo de ansiedade.
O dia não estava muito quente por incrível que pareça, talvez pelo fato de estarmos no outono e a estação não ter o clima definido.
Cerca de quinze minutos acompanhados por um trânsito chato se passaram e então logo pude ver a mesma casa em que eu estive há alguns dias atrás.
Antes que eu pudesse pensar em abrir a porta, o guarda da casa já estava abrindo para mim.
— A senhora aceita ajuda pessoal para carregar suas malas? — O senhor de olhos castanhos e pele branca me pergunta.
— Se não for incômodo, aceito sim!
Logo ele e o motorista se entendem e vão até o porta-malas do carro retirando minha bagagem e levando até o interior da casa.
Antes de entrar, aproveitei para reparar nos detalhes que antes, na luz da noite não havia visto, e surpreendentemente a casa parecia maior e mais bonita.
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Doce Juventude - [Em Andamento]
RomanceMariana Ferraz, é uma jovem de humilde origem que nasceu no subúrbio do Rio de janeiro, quando fez treze anos sua vida virou completamente de cabeça para baixo com um acontecimento que a tornou solitária e em uma situação um tanto quanto cruel para...