2 - A receita perfeita.

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Após minha irmã dar as costas, e meu sobrinho pular no meu colo chorando para ficar, eles partiram… Eu estava com medo de morar naquele quintal sozinha, perdida, com fome e tudo que eu queria era sair pelas ruas gritando

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Após minha irmã dar as costas, e meu sobrinho pular no meu colo chorando para ficar, eles partiram… Eu estava com medo de morar naquele quintal sozinha, perdida, com fome e tudo que eu queria era sair pelas ruas gritando. Algumas vezes me pergunto, onde há justiça? Enquanto tantas pessoas tem tanto, eu não tenho um simples prato de comida, não consigo entender alguns mistérios da vida.

Após me perder em meus devaneios, tomo um banho gelado deixando a água percorrer por todo o meu corpo, coloco meu pijama mais leve e deito-me na cama de casal que era de minha mãe.

Me encolhi e grito abafando no travesseiro, querendo que tudo aquilo fosse mentira ou algo do tipo, mas não, essa era a realidade, e eu precisava encarar de frente. Daqui alguns dias, 7 de março faço dezessete anos, e sinceramente não vejo motivos para comemorar.

Começava a pensar novamente, nós não éramos próximas, mas sempre fiz de tudo para manter a nossa relação como irmãs boas. Achei que éramos codependentes, mas pelo visto vejo que só eu dependo dela, Carolina está bem sem mim.

O que faria sem meus trezentos reais por mês? Como comeria? Como me viraria para comprar as minhas coisinhas?

Deixo as lágrimas escorrerem por meu rosto até que eu pegue no sono...       

 "Ah, aha, a perereca da vizinha tá sentando na minha vara, aha…"

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"Ah, aha, a perereca da vizinha tá sentando na minha vara, aha…"

Escuto aquele forró estourando meus tímpanos de tão alto e instantaneamente abro meus olhos bufando.

— Mas será possível? — Com meu pé, chuto a janela para que ela se feche e o barulho seja um pouco menor, quero voltar a dormir, nunca mais pisaria naquela escola.

Não havia nada, nada para comer e nada para beber além de água da torneira.

Graças ao forró me acordar, só conseguia pensar em um plano para continuar, ir até o conselho tutelar? Ir até a polícia? Ou ir para um orfanato? Quando lembro que estou sozinha, entro em desespero mais uma vez.

— Mamãe? Se a senhora está aqui, vendo e guiando os meus passos, por favor encontre uma saída para mim! Eu imploro, mãezinha! — Ajoelho no chão e encosto minha testa em uma das paredes mofadas de casa. 

Doce Juventude - [Em Andamento]Onde histórias criam vida. Descubra agora