Acordei no meu quarto, deitada na cama. Olhei ao redor, mas não havia ninguém além de mim. Me sentei e cocei a cabeça, mas esses pequenos movimentos fizeram disparar dores por todos os músculos do meu corpo, e então me lembrei do que tinha acontecido. Passamos a manhã toda treinando e quando entrei no palacete, me sentei para descansar antes de subir as escadas, mas não me lembro de tê-lo feito.
--- Como vim parar aqui? --- Sussurrei falando sozinha com a testa franzida, mas então a porta se abriu e Iori surgiu com o que parecia ser um pote preto nas mãos.
--- Que bom que acordou. --- Ele disse parando no batente ao me ver sentada. --- Te encontrei desmaiada no sofá da sala de recepção, então te trouxe para cá. --- Iori sorriu me examinando. --- Você está acabada.
Bufei e revirei os olhos.
--- Nada como um homem sincero para jogar na cara as verdades duras. --- debochei jogando as pernas para fora da cama para me levantar e o incômodo nas coxas me fez soltar um chiado. Mas então percebi uma coisa e parei meus movimentos. --- Você me carregou até aqui?
Ele moveu os ombros largos sorrindo de lábios cerrados como se aquilo não fosse nada.
--- Fui incumbido de cuidar e proteger você. Então estou fazendo meu trabalho. --- ele respondeu e eu abri a boca para agradecer, mas ele me cortou. --- Sem contar que entrar no palacete e se deparar com uma pessoa babando no sofá pode não ser muito... agradável. Fiz um favor a todos te trazendo para cá.
Arqueei as sobrancelhas. Ele só podia estar de brincadeira.
--- Que gentil da sua parte poupar as pessoas da terrível visão de me encontrar babando no sofá. Muito obrigada.
Eu tentei me alongar, mas a dor me fez parar. Os exercícios me esgotaram com certeza. Consegui chegar à cômoda para pegar roupas íntimas limpas e uma toalha. Meu corpo estava meio pegajoso por conta do suor e aquilo estava quase me enlouquecendo. Precisava muito de um banho. Me arrastei até o guarda roupa e consegui achar uma camisa grande e folgada (mas um tanto transparente) que alcançava minhas coxas e peguei também uma calça de tecido leve. Não tinha nada a ver uma com a outra, mas eu não me importei. Não sairia do meu quarto até o almoço então não seria problema.
Durante todo o tempo, senti os olhos de Iori sobre mim, mas tentei ao máximo ignorá-lo. Talvez um banho quente relaxasse meus músculos tensos e doloridos.
Me arrastei até a porta e Iori abriu passagem. Continuei me arrastando até o banheiro e não segurei o gemido quando entrei na água. Depois de longos minutos, eu saí um pouco melhor e vesti as roupas estranhas mas confortáveis.
Aquele lugar era quente como o inferno, mas uma brisa fresca invadiu a sala pela grande janela quando saí do banheiro, e avistei Iori sentado no sofá de forma relaxada, com os olhos fechados. Eu me sentei na poltrona mais distante e ele abriu os olhos, me analisando e observando também minhas roupas. Então sorriu e fechou os olhos novamente encostando a cabeça no encosto do sofá.
--- Você é... estranha, Ully. --- Iori disse ainda de olhos fechados.
--- Você realmente sabe como elogiar uma mulher. --- Murmurei desembaraçando meus cabelos molhados com os dedos, mesmo sentindo meus braços reclamando de dor.
--- Você parece estar tão... tranquila. --- ele respirou lenta e profundamente. --- Eu consigo ver o medo, a tristeza, a desconfiança e a desolação nos olhos de todas as outras, mas você... É como se... estivesse passando o verão em algum lugar calmo. Até em suas novas... amigas, eu vejo todas essas coisas, mesmo que em uma escala muito menor em relação às escolhidas de Ciro, Gael e Liam. Mas você se comporta com tanta... naturalidade. --- ele abriu os olhos e me encarou. --- Seja sincera comigo, Ully. Você não sente medo de nós?
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Ully - O Despertar
Fantezie"Quando ouvi meu nome ser chamado naquele terrível dia, eu senti medo como nunca antes. Vi todas as minhas esperanças de ter uma vida melhor sumirem como água descendo por um ralo e eu soube que talvez nunca mais voltaria a ver minha família. Mas qu...