Depoimento

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Jung S/N
Tóquio, Japão

Presídio

- Eu tenho mesmo que ir falar com ele agora?

- Sim, é importante. - Jimin beijou minhas mãos e me encorajou com um sorriso. - a situação é grave. O delegado precisa ouvir todas as vítimas, cúmplices e testemunhas até o dia do julgamento. É necessário muitas provas para nós acabarmos de destruir aquele monstro. E queira ou não, você é uma peça muito importante em tudo isso.

- É, eu sei...

Suspirei.

- Isso nem vai levar muito tempo. - Acariciou meu rosto. - Vá até lá, responda o que ele te perguntar e pronto! Ai eu já poderei levá-la para casa. Você deve estar com muitas saudades da sua família.

- Você nem imagina o quanto! - Sorri ao me lembrar deles. Nem acredito que vou poder abraça-los de novo! - E falando nisso, eu quero que você me faça mais um favor. Sei que você já até pagou a minha fiança e tudo mais, mas é que isso é muito importante.

- Tudo bem. É só me pedir.

- Eu quero que você vá até a minha casa e que explique para a minha mãe e ao meu irmão toda essa situação. O tráfico, a prostituição, as enganações, e etc. - Pedi calmamente. - Creio que eu não terei coragem o suficiente para explicar tudo isso, ainda mais sobre mim e o Jungkook...

- Ok, não se preocupe com isso. Eu entendo que tudo deve ser muito doloroso para você, afinal, você amava muito aquele monstro. - Alisou minha bochecha. - E ainda teve que passar a noite toda trancada em uma cela com ele.

Meu coração doeu ao me recordar disso.

- Pois é...

- Deixa que eu resolvo isso. Eu falo com a sua família.

- Obrigada. Você é tão bom comigo...

- Você merece. - Me abraçou gentilmente, enroscando os braços envolta da minha cintura. - Ainda mais depois de tudo o que você passou.

- E a Lisa? - Perguntei ao me afastar. - Está tudo bem com ela?

- Sim, eu a levei para a minha casa depois de nós deixarmos aquele bordéu. Ela estava muito cansada e também virá depor hoje mais tarde. - Explicou ele. - Todas as garotas virão.

- Ata, que bom.

- Srta. Jung? - Um policial me chamou.

- Sim?

- O delegado já está a sua espera. Então por favor, venha comigo.

Passei o endereço da minha casa para Jimin e segui o tal policial pelos os vastos corredores. Foi humilhante demais ter que dormir em uma cela suja daquelas ontem a noite, mas por algum motivo, eu estava me sentindo um pouquinho...feliz. Feliz por ter contado a verdade ao Jungkook sobre a minha "traição" e por vê-lo daquele jeito, tão frágil e arrependido. Só fiquei surpresa diante da minha reação em relação a isso, ainda mais quando eu senti vontade de beijá-lo. Ainda bem que eu voltei à realidade antes de fazer isso, mas acabei por dar um selinho nele e ainda aceitei abraçá-lo.

Onde é que eu estava com a cabeça para fazer uma coisa idiota dessas?

Eu deveria ter dado um soco nele ou simplesmente tê-lo ignorado dentro daquela cela! Mas quando acordei, me vi aconchegada em seus braços e com a cabeça encostada na altura do seu peito, bem perto do seu coração. Para a minha sorte, um policial apareceu logo em seguida dizendo que a minha fiança já havia sido paga e que eu poderia ir embora. Tive que sair lentamente para não acorda-lo e mesmo que eu estivesse me sentindo aliviada por sair logo dali, algo dentro de mim, bem lá na fundo, estava implorando para que eu ficasse ao lado dele e que o perdoasse logo de uma vez. Só que infelizmente, isso não era o certo a se fazer.

Cartas para um Estranho | Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora