Uma mulher independente

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Jung S/N

Tóquio, Japão

Restaurante Ise Sueyoshi

Depois de quase quatro meses evitando o Jimin, finalmente decidi encará-lo. Ficar fugindo dele não estava me levando a lugar nenhum e por incrível que pareça, eu meio que senti um pouquinho de falta dele. Ainda mais na situação em que eu me encontrava. Depois de dizer que estava grávida do Jungkook, a minha mãe e o meu irmão passaram a me evitar dentro da nossa própria casa! Eles só falavam comigo quando era para me xingar e dizer como a vida ficaria acabada por conta dessa gravidez. E eu não dizia nada. Não retrucava nada. Não aguentava mais ficar brigando com as pessoas, principalmente com aquelas que eu tanto amava.

Me senti sozinha, abandonada.

Eu fora a maior vítima em toda essa história, mas, na visão deles, pelo o jeito que falavam, eu parecia ter sido até uma cúmplice do Jungkook. Foi quando eu percebi uma coisa, se nem a minha família me entendia e me apoiava, que razões eu tinha para continuar morando aqui nessa casa? Era melhor ir morar sozinha, pois pelo menos assim, não haveria ninguém para me julgar e me deixar mais triste do que eu já estava. Confesso que senão fosse pela a criança que eu carregava em meu ventre, eu já teria desistido da minha vida há muito tempo. Eu devia tudo a ele, afinal, era só por causa dele que eu havia me dedicado ao máximo para conseguir um emprego. E depois de várias e várias tentativas, eu finalmente havia conseguido alguma coisa. De todas as minhas entrevistas, eu sempre era olhada de cara feia ao dizer que estava grávida. Ninguém queria contratar alguém assim, mas para a minha sorte, a dona de uma loja de roupas fora extremamente doce e meiga comigo, dizendo que não se importava com esse detalhe, desde que eu me esforçasse para ser uma boa funcionária.

E é claro que eu aceitei!

Não era formada em nada, só tinha o ensino médio no currículo, então foi uma tremenda sorte ser contratada para trabalhar como atendente em uma loja bem no centro do Shopping. Eu ainda não tinha gastado sequer um centavo do meu salário desde que eu comecei isso, porque precisava juntar o máximo de dinheiro possível para conseguir sair de casa, morar de aluguel e passar a viver sozinha. Sem ninguém para me incomodar. Sem ninguém para me magoar. Era disso que eu precisava: paz, apenas isso.

- Pensei que você nunca mais fosse querer me ver. - Decidiu quebrar o silêncio, após o garçon terminar de nos servir. - Eu senti tanto a sua falta...

Tomei alguns goles d'água antes de responder.

- Eu sei, me desculpa por ter te ignorado durante todo esse tempo. - Uni coragem para olha-lo. - É que eu estava precisando mesmo ficar sozinha, ainda mais depois de todo o desprezo que eu venho recebendo da minha própria família. Não parecia justo querer envolver você nisso, não quando nós nem estamos apaixonados um pelo o outro.

Jimin ajeitou a postura.

Acho que ele não gostou muito de ouvir a última frase, mas não deixou transparecer sequer um tipo de emoção em relação a isso. Apenas apoiou os cotovelos encima da mesa e voltou a olhar no fundo dos meus olhos, com uma expressão bem leve e despreocupada.

- Eu entendo o seu lado, não se preocupe com isso. - Afirmou sério. - Sei que passou por muita coisa e tudo o que eu fiz foi brigar com você. Entendi que precisava de um tempo para colocar a cabeça no lugar e foi por isso que eu segurei a minha vontade de querer procurá-la.

- Obrigada por me respeitar. Não sabe como eu me sinto bem em ouvir isso.

Sim, ele havia me ligado e me mandado mensagem várias e várias vezes, mas depois de eu dizer que precisava ficar sozinha, ele parou de fazer isso. Ele sequer apareceu na porta da minha casa e isso deve ter sido muito difícil para ele. Nós nunca namoramos de fato, mas eu sabia da existência do enorme carinho que ele nutria por mim desde que me conhecera. E eu não poderia simplesmente ignorar isso, então acabei decidindo ligar para ele após o trabalho e pedir que marcassémos um local de encontro. De início, eu pensei que ele nem fosse me atender e que se atendesse, iria me tratar muito mal. Fiquei bastante surpresa com a sua atitude contrária. Como sempre, ele havia sido extremamente dócil e amoroso comigo.

Cartas para um Estranho | Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora