Criando Memórias

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Droga, nós não dormimos na mesma cama. Mas pelo menos acabamos dormindo juntos no sofá. Chegamos muito cansados daquela festa e nos deitamos nele para descansar, logo após Miso ser levada para o quarto, mas acabamos pegando no sono enquanto víamos TV. E quando acordei com o despertador, fiquei mas nuvens por vê-la dormindo tranquilamente encima de mim. E eu teria ficado lá por mais tempo, se eu não tivesse que ir trabalhar.

Vida de médico não é fácil e eu ainda tenho que continuar estudando, até que eu seja aprovado nas outras áreas. Por enquanto eu só atuo na pediatria, só tenho conhecimentos sobre ela. E eu quero aperfeiçoar isso. Quero me tornar um dos melhores médicos da cidade. E já que eu não posso continuar aqui, fiz pelo menos um café para elas antes de pensar sair. Sem fazer barulho, é claro. Deixei uma refeição simples encima da mesa. E usei álcool e algodão para limpar o rosto de S/N, retirando toda a tinta que era para ter sido tirada ontem, tomando todo o cuidado possível para não acorda-la.

- Mmmm... - Ela começou a se mexer. Esse lugar não era muito confortável.

- Volte a dormir. - Pedi quando ela abriu os olhos, como se soubesse que eu já estava de saída. - Eu já fiz café, estou indo direto para o trabalho.

- Não. - Fui calado por um beijo inesperado. - Não vá.

- S/N... - Tentei dizer, mas seus lábios não me permitiam raciocinar.

- Ontem á noite a gente chegou muito cansado. - Afagou meus cabelos e afastou os lábios dos meus. - Nem pude aproveitar você como eu queria direito. - Mesmo estando sonolenta, ela pegou o algodão da minha mão e começou a limpar todo o meu rosto. - Então você não pode sair assim. Não agora.

Caralho, será que ela quer que a gente...

- Você quer matar as saudades? - Fui direto ao ponto. - Quer dormir logo comigo?

Porque eu também quero dormir com ela.

- E você ainda pergunta? - Acariciou meu rosto levemente, usando a ponta dos dedos. - Meu corpo clama por você, não consegue sentir isso?

Sempre senti.

- Mas e a Miso? - Perguntei. - Nós não estamos aqui sozinhos.

- Não se preocupe, ela sempre dorme até tarde. Não vai acordar tão cedo! - Me apertou contra si. - Mas eu acabei de acordar. Estou com mal hálito e te beijei mesmo assim, me desculpa.

Sou tão apaixonado por ela, que eu nem me importei com isso.

- Sem problemas, meu amor. - A peguei no colo sem avisar e ela quase gritou, já que ficou meio assustada, se agarrando ao meu pescoço. - Calma, só estou te levando para o quarto.

- Toma cuidado comigo.

- Pode deixar.

Ela não é muito pesada, então subi as escadas com facilidade. Ela foi me guiando pelos corredores até que eu chegasse ao quarto dela. S/N está morando em um apartamento chique aqui na cidade. E já que ela ganha muito dinheiro por ser Militar, é bem capaz dela ter o comprado ao invés de alugar. O lugar é bem grande, cheio de quartos e corredores, com vista para a piscina.

Pois é, até alas de lazer esse lugar tem. A nossa filha deve se divertir muito por aqui. E se tudo der certo, quero passar um final de semana aqui e ficar na piscina com elas. Isso seria muito legal. Quero criar memórias felizes. Preciso fazer isso.

- Já volto. - Ela desceu do meu colo e foi direto para o banheiro escovar os dentes. Fiz o mesmo. Ela me emprestou a escova dela. - Ual, nós estamos compartilhando bactérias!

- Tem nojo de mim? - Enxuguei o rosto.

- Claro que não, seu bobo. - Lavou o rosto com água abundante e pegou uma toalha depois de fechar a torneira. - Antes de tudo, eu acho que a gente deveria tomar um banho. Nós não fizemos isso ontem.

Cartas para um Estranho | Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora