Fora de controle

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- Saia da minha sala agora mesmo! - Ordenei sem rodeios. - Eu não quero você aqui!

Quero esse cara bem longe daqui!

- Não ligo para o que você quer. - Fechou a porta e caminhou até mim. - Eu só vim aqui te dar um aviso.

Preciso me controlar para não sair no soco com ele. Por que ele teve que aparecer aqui do nada?

Eu estava tão feliz.

- Que tipo de aviso? - Achei graça. - Se é sobre a S/N, desista. Você já a perdeu há muito tempo, quer dizer, na verdade você nunca nem a teve de verdade.

Foi só eu chegar para acabar com tudo o que havia entre eles e eu não me arrependo de nada disso.

- Não ligo. - Deu de ombros. - É muito fácil reconquista-la, porque ao contrário de você, eu não sou e nunca fui nenhum assassino.

- Isso é passado.

- Diz isso para as famílias das pessoas que você matou.

- Está dizendo isso só para me atingir?

- Não é questão de te atingir, é questão de verdades. - Me segurou pela gravata. - Verdades que não importa o que você faça, elas nunca serão apagadas. Você sempre irá carregar sangue nas suas mãos, não entende isso?

Mesmo que ele esteja certo, não posso demostrar ter ficado abalado com essa afirmação.

- Já paguei tempo o suficiente pelo os meus crimes. - Tirei as mãos dele de cima de mim. - Agora eu sou médico. Cuido das pessoas ao invés de machuca-las.

Isso já não é o suficiente para o mundo conseguir me perdoar?

- Não importa o que você faça, Jungkook. - Andou pelo o meu consultório, com um sorriso nos lábios. - Eu posso ser o que for, mas eu nunca tirei a vida de alguém e muito menos fui um traficante de mulheres. Você é sujo, não pensa na Miso? O que acha que ela vai pensar quando ela souber tudo o que o pai dela já fez?

- Ela não vai saber. - Afirmei. - Ela ainda é só uma criança.

- Mas ela irá crescer e se tornará adulta, pretende passar a sua vida toda mentindo pra ela? Esse é o seu plano?

- Fora da minha sala! - Fechei os punhos, sentindo uma raiva maior invadindo o meu ser. - Você não tem nada a ver com a minha vida e a Miso nunca foi sua filha!

- Foi muito mais do que você, querido. - Debochou ele, na maior naturalidade possível. Ele quer me tirar do sério, com certeza ele só veio aqui para fazer isso! - Eu acompanhei a S/N durante toda a gravidez, vi o nascimento do bebê, vi os primeiros passinhos dela, as primeiras falas, - Se aproximou enquanto dizia, sem tirar os olhos dos meus. - O primeiro dia na escola, a primeira vez que ela se machucou e dentre várias outras coisas a mais. Ela já até me chamou de papai uma vez, sabia? - Riu da minha cara. - E ela só não continuou me chamando assim porque a S/N não deixou. Tenho certeza que ela deve sentir muito a minha falta.

Posso socar ele agora?

- Você já está fora da vida delas. Não sei se você se lembra, mas ela já terminou com você há muito tempo.

- Sim, mas isso não quer dizer que eu deixei de amá-la.

- Amá-la? - Ri fraco. - Você realmente a ama?

- Eu não estaria aqui agora na sua frente, senão a amasse.

- Mas você a traiu. - O lembrei. - E quem ama não trai.

- Se vamos jogar assim, então nesse caso você também não a ama. - Provocou ele. - Você também a traiu quando mentiu pra ela e a traficou. Agora diz que se arrependeu e quer uma segunda chance, então porque isso só tem que acontecer apenas quando se trata de você? - Questionou sério. - Se ela foi mesmo capaz de te perdoar, então eu também mereço isso. Também mereço que ela me perdoe.

Cartas para um Estranho | Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora