Homens e mulheres não valem nada

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Sem palavras. Uma empregada virando princesa? Acho que o príncipe bebeu ou eu estou bêbada.

— Diga algo senhorita Claes, não tenho a madrugada inteira.

— Por que eu aceitaria a sua proposta? Sei que com muito trabalho posso pagar a minha dívida sem precisar dos seus poderes ou trocados. — ditei firme.

Ele sorri e se aproxima mais de meu rosto, seus traços asiáticos não é comum aqui na Bélgica. O seu pai, o Rei é filho de uma duquesa da Coreia e com isso herdou seus traços orientais.

Seus olhos negros como um poço sem fundo, e vazio como o nada. Sem brilho, esperança ou até paixão.

Seus lábios são tentadores para os pecadores, seu sorrio maldoso me faria ir até o inferno para vê-lo. Suas mãos passavam com delicadeza pelos meus braços, e nossos olhares estavam fixos e só então percebo o pecado que estávamos fazendo.

— Não me toque, não sou sua esposa ou essas acompanhantes que o senhor deve encontrar por aí! — saio de perto de seu corpo e respiro fundo me acalmando.

— Deixarei que pense sobre minha proposta ou arranjarei outra pessoa com quem possa negociar. — ele se retira me deixando confusa com que acabará de acontecer.

O príncipe conheceu muitas mulheres por toda Bélgica, não é confiável e muito menos acho que tenha maturidade suficiente para o alto cargo que lhe espera. Não demora muito para Angélica aparecer na cozinha novamente e não precisou dizer uma só palavra para transmitir sua curiosidade.

— O que acontece entre você e o...? — arregalo os olhos e não permito que ela termine sua fala.

— Por Deus! Eu e o príncipe não temos nada, não me prestaria à isso e aliás preciso pegar um pouco de ar fresco.

Saio da cozinha pela portas do fundo observando meu vilarejo distante do morro onde fica o palácio. Parece tão pequeno e insignificante comparado a onde estou agora e essa posição poderia mudar drasticamente se eu aceitasse aquela proposta indecente e sem sentido do príncipe.

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A semana havia passado rápido, tentei ao máximo evitar o príncipe o que às vezes dava certo. Amanhã voltarei ao trabalho, minha folga é somente os finais de semana e mesmo assim não compensa o trabalho pesado que tenho durante os outros dias.

Minha casa está em um silêncio torturante, meu pai envergonhado por suas mentiras, minha mãe se sente inútil por não poder ajudar nas despesas e dívidas que temos. Passei todos os dias pensando em como poderia pagar o sr.Norg e não achei alternativas. Mas, casar com o príncipe não parece uma boa opção, teria que suportar e viver igualmente com aquela linha de pessoas hipócritas que sempre julguei.

Homens poderosos que ganham medalhas de honra mas a maioria nunca pôs os pés na guerra, e mulheres ricas que vivem reclamando mas não sabem o que é a miséria. O que é pedir misericórdia à pessoas "superiores" a nós e que tenham pena de nossas almas que em seu ponto de vista valem tão pouco.

— Olivia! — percebo meu pai me chamar, e a porta bater constantemente. A pessoa do lado de fora parece impaciente e meu pai irritado.

Paro de cortar os legumes e limpo as mãos indo até a porta e dando de cara com quem menos queria.

— Sr.Norg? Não esperava vê-lo — o homem entra, e meu pai praticamente pula da cadeira.

Agradeço por minha mãe estar com minha madrinha na feira.

— Sr.Norg preciso de mais tempo e...

— Não me venha com suas desculpas idiotas Sr.Claes estou farto! Ou me paga até amanhã ou mandarei que joguem você e sua família no olho da rua como cachorros!

O homem gordo e baixo berrava como nunca havia visto, meu pai fecha o punho pela tamanha injustiça. Sr.Norg sabe perfeitamente de nossa situação financeira e da saúde delicada de minha mãe. Até onde vai a crueldade humana?

— Sr.Norg! — chamo a atenção do velho. — terá este assunto resolvido até o fim da tarde de amanhã, isso é uma promessa. — o homem caminha até mim com o rosto zangado e seus dentes amarelados e sujos se aproximam dizendo.

— Vou confiar em você gracinha. — ele sorri e vai embora batendo a porta.

𝚃𝚘 𝚋𝚎 𝚌𝚘𝚗𝚝𝚒𝚗𝚞𝚎𝚍...

Meu Doce Rei "Imagine Jungkook"Onde histórias criam vida. Descubra agora