Moldada em mentiras

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Chegamos. Estávamos em frente ao ateliê da minha madrinha, não tinha ideia do que iria dizer à ela sobre o Duque querer encomendar tantos vestidos para mim. Mas não posso falar para o Duque que eu a conheço, prefiro que aquela gente saiba somente o suficiente sobre mim, aliás tudo isso é apenas um acordo.

Aliás ainda não entendo o por quê do príncipe ter me escolhido como sua esposa, ele poderia arranjar uma nobre de nariz empinado e no padrão de sua família. E não teria que pagar nada para tê-la, e de certa forma pensei o quão errado é isso que estou a fazer.

Estou me vendendo para tirar minha família da miséria.

— Vai descer? Ou irá continuar pensando mais? — o Duque havia uma feição entediada enquanto estendia sua destra para que eu a segurasse.

Assim que desci da carruagem pouco – bastante – chamativa da realeza senti alguns olhares curiosos sobre mim. Eu usava um vestido lilás simples e uma capa que cobria meu rosto.

O Duque certamente cuidou de muitos detalhes que poderia estragar logo de início o meu disfarce.

— Sejam bem-vindos sou Nora, e vou ajudar no que precisarem! — a mulher de pele bronzeada sorriu alegremente e seus olhos brilhavam.

Ela realmente amava o seu trabalho, e seus vestidos eram a maior prova. Mas não quero envolvê-la nessas mentiras que estou prestes a me enroscar.

—€ Bom dia senhora, preciso que faça alguns vestidos para esta senhorita. Quero os melhores tecidos que tens, não importa o valor quero tudo pronto o mais rápido possível certo?

Minha madrinha assente ainda meio desnorteada, não era comum para ela receber grandes pedidos aliás as damas que vem aqui são as moças do vilarejo. As moças da alta sociedade vão nas estilistas mais famosas da Bélgica, e gastam fortunas em pedaços de panos que usaram apenas uma vez.

De início me perguntei o por quê de não irmos a costureira real, aliás, ela que faz todas as vestes da família real. Mas se fizéssemos isso, a rainha não iria demorar a saber do plano que seu filho está tramando.

E eu seria humilhada diante de todos, e com certeza o rei iria me punir. Não quero nem pensar por agora nas consequências que me aguardam caso tudo dê errado.

— Certo, esperarei lá fora. Com sua licença. - ele se curva e saí do cômodo.

Ainda de cabeça baixa, luto para olhar nos olhos da mulher a minha frente. Aperto o tecido do meu vestido criando coragem para olhá-la, e quando finalmente fito seus olhos uma confusão é nítida em sua face.

— Olivia? Como...? Quem é aquele homem? O que faz aqui?

Acho que a vergonha cortou minha voz.

Não sei o que ela vai pensar sobre mim, estou praticamente me vendendo para pagar uma dívida e em troca vou me casar com o pior canalha de Bruges.

— Madrinha, me escute. Minha família está com problemas... esse é o único jeito de ajudar.

Ela segura em minhas mãos e as acaricia e sinto vontade de chorar. O nó na garganta, a vista embaçada o nariz começando a adquirir um tom avermelhado era o sinal que eu iria desabar.

— Do que está falando querida?

— Meu pai tem uma enorme dívida com o sr.Norg e com o meu salário de empregada no palácio não iria ser o suficiente. Então aceitei uma proposta.

— Que proposta Olivia? Quem é aquele homem? — ela parecia preocupada. Não é pra menos, aliás do jeito que falo parecia que havia vendido minha alma para o diabo.

Mas isso não estava muito longe da verdade.

Em breve você irá saber madrinha, e não se preocupe eu vou ficar bem. Apenas faça o que aquele homem mandou e não conte nada para os meus pais que estive aqui.

Desconfiada ela aceita guardar esse segredo, não sei como o príncipe irá conseguir me moldar de mentiras sabendo que minha família, meu sobrenome, meus amigos e tudo que mais gosto está bem debaixo do nariz da realeza. Apenas sei que tenho que começar a criar algumas regras para esse jogo também.

𝚃𝚘 𝚋𝚎 𝚌𝚘𝚗𝚝𝚒𝚗𝚞𝚎𝚍...

Meu Doce Rei "Imagine Jungkook"Onde histórias criam vida. Descubra agora