Capitulo 1

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Parte 1

Janet

      Impactante! Assim que descrevo a forma que Ayron se move pela casa, esse ano realmente fez muito bem a ele, não sei parece mais homem, sempre ouvi muitas histórias dele no colégio, mas sempre olhei pra ele como um menino e agora é assim que ele aparece.

      Depois de um café da manhã calmo meu pai resolveu lembrar que tem uma filha, por necessidade é claro!

_Preciso que vá até o mercado rápido. Sua mãe ainda está lá e precisa de sua ajuda! _E nem um bom dia foi dito, esse é o meu pai  Jonh Rossy, um homem forte um pouco castigado pelo tempo, herdei seu nariz um pouco grande e seus olhos castanhos, cabelos também escuros e sempre bem cortados. Suas vestes eram de um trabalhador braçal, camisa de botão, calças jeans e botas, a propriedade dos Lauder’s é imensa e precisa de muitas pessoas para cuidar, mas Jonh comanda tudo com punhos de ferro.

_Estou indo. _ Falei enquanto terminava de arrumar a cozinha que era grande. Toda branca com móveis brancos  feitos sob-medida, com bancada e ilha feita com uma pedra de mármore preto.  Realmente A Sra. Clarice Lauder, mãe de Ayron tinha um bom gosto ímpar para decoração, a casa toda era como um conto de fadas.
Corri até o mercado, que ficava a meia hora da propriedade encontrando minha mãe despejando sorrisos. Estranho!

_Mãe, já podemos ir?_ perguntei estranhando a reação de minha mãe.

_Claro querida, mas espere, Ayron está aqui e nos ofereceu uma carona, pediu que aguardássemos alguns minutos. _ Explicado, ali estava a encenação de boa mãe na frente dos Lauder.

      Nesse momento olhei para meu corpo me sentindo horrível, apenas vesti um tênis para andar com mais conforto, ali estava eu com as mesmas roupas surradas que usava pra fazer meus afazeres. Mas no mesmo instante abandonei esses pensamentos, sou apenas a empregada de 16 anos, sem graça nenhuma, sem direito nem de olhar para qualquer um que mande na casa que moro. Sem problemas assim que as coisas são.

      No momento em que ergui meus olhos Ayron estava na entrada do mercado ao lado de minha mãe gentilmente pegando suas sacolas e nos convidando para ir até seu carro.

_Vamos? É Janet isso? _Fiquei confusa e não consegui responder, meus olhos confusos ao mesmo tempo que ele esperava uma resposta só acordei de meus pensamentos quando senti o cotovelo de Dona Sasha em minha costela.

_Au! _Exclamei sentindo a dor imediata._ S-sim, isso Janet._Gaguejei minha resposta olhando para o rosto irritado de mamãe ao meu lado.

_Você cresceu bastante está com quantos anos? _ perguntou Ayron nos levando até seu carro.

_Tenho 16 anos Senhor. _Respondi o seguindo , mas sem olhar para seu rosto.

_O que é isso Janet, somos quase da mesma idade, não me chame de Senhor. Fico parecendo um velho barrigudo, me chame de “você” ou só pelo meu nome. _ Falou ele parando ao lado da porta traseira, e abrindo a mesma para que eu entrasse.

_Desculpe, mas não me sinto confortável com tal liberdade._Respondi me acomodando no carro, enquanto meu patrão fechava a porta com um sorriso estranho em seu rosto.

      Minha mãe se acomodou no banco da frente enquanto Ayron se acomodava no banco do motorista me olhando pelo retrovisor. A cada vez que seus encontravam o meu, me senti perdida. Como pode ele falar comigo depois de tanto tempo sem ao menos lembrar que dividíamos o mesmo teto, ou quem sabe finalmente ele descobriu que em sua casa havia a ala dos empregados.

      Ao chegarmos a mansão o Sr. Lauder estava na varanda com suas botas tradicionais estendidas sobre a cadeira ao seu lado, demonstrando todo o poder de quem realmente mandava em tudo que estava ou seu redor.

      A casa tinha grandes pilastras brancas mostrando toda sua imponência, com portas e janelas azuis e paredes brancas, três andares de muito requinte e bom gosto. Sua localização era intermediaria. Poderíamos ir a pé até a cidade e ao mesmo tempo disfrutar da calmaria do interior. O meu lugar preferido no mundo, não que eu conhecesse outros mas gostava daqui.

      Ao estacionar em frente da casa. Ouvimos um chamado forte do Sr. Lauder ao mesmo tempo que Ayron socava o volante.

_Por um acaso pensa que vai fugir de mim por quanto tempo? _ Gritou o pai com o filho enquanto minha mãe e eu tirávamos as compras do carro o mais de pressa possível, não queríamos participar de forma alguma daquela discussão.

_Não estou fugindo? Só fui comprar cerveja, por que ouvir tudo de novo só bêbado mesmo! Respondeu Ayron saltando de seu carro e indo em direção do pai.

_Vamos menina! Não quero ouvir nada disso e muito menos te ver de gracinha com os patrões. Para você sempre será Senhor. Entendeu? Nada de liberdade, lembre sempre o que te ensinei, tem um lugar fique nele! _Brigou minha mãe quase me empurrando para a cozinha, como se eu realmente tivesse feito algo errado.

_Sempre respeitei todos e assim vai ser! _Afirmei olhando para minha mãe que avaliava minhas reações com as sobrancelhas franzidas.

_Assim espero! Não quero problemas com a Sra. Clarice._Falou ela virando de costas para mim.

      Depois do acontecido com minha mãe fui para meus afazeres, aonde passei o dia todo. Procuro fazer as coisas em horários que não encontro ninguém, como almoçar e jantar depois de todos, assim evito olhares de repreensão de meu pai e risos constrangedores de meu irmão que mesmo sendo mais novo do que eu se acha no direito de me dar ordens, com o aval de meus pais que o idolatram. Então a distancia me agrada.

      A noite chegou e com ela minha paz, tomei um banho, lavando meus cabelos, eles eram compridos e bem cuidados, sempre gostei de me sentir cuidada, mesmo que fosse por mim. Como Sra. Olivia sempre orientou :_ Precisa se amar e se cuidar para se sentir bem! _sempre sigo seus conselhos, eles me fazem bem. Coloquei um vestido fresco e soltinho sobre meu corpo, olhando pela janela, percebi como a noite estava linda. O verão sempre me encantou, busquei um livro que estava sob meu travesseiro e fui até a varanda dos fundos.

      O lugar era pouco visitado pelas pessoas da casa, quase um refugio, onde niguém poderia me encontrar. Junto comigo levei além do livro uma almofada onde sentei me escorando na parede. Apenas as estrelas de cumplice do meu momento de paz. Mas então um perfume tirou minha concentração.
Olhei assustada para aqueles olhos intensos que me fitavam. No susto levantei ereta com o braços cobrindo meu colo. Me senti nua! O vestido era decotado bem diferente das roupas que eu costumava usar. Senti meu rosto queimar.

_Ayron, quer dizer Sr. Ayron, o que faz aqui? Perguntei com certo nervosismo.

_Calma Janet, eu moro aqui, as vezes._Sorrio para mim e continuou._ Não consigo dormir, vi você aqui pela janela do meu quarto, será que posso me sentar com você um pouco?_ olhou para minhas mãos que me tapavam._ Não precisa se envergonhar só quero me sentar e conversar com alguém até ter sono. Posso?_ Apontou para o chão ao lado do lugar onde eu estava sentada.

      Olhei confusa, mas assenti com a cabeça e sentei em meu lugar em seguida. Pois que mau havia em conversar com uma pessoa. Apenas lembrar como é ser um ser humano.

Doce PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora