Capitulo 10

701 52 0
                                    

Janet


          A inconsequência e irresponsabilidade são cobradas de forma árdua, não tem lugar algum para fugir, seus atos vão te seguir por aonde quer que ande. A vida cobra e o preço a ser pago pode ser muito além do que podemos pagar.

          E agora estou percebendo o quanto fui burra , sim burra mesmo, sou uma das melhores alunas de meu colégio, sei como os bebês são feitos e também sei como devo me prevenir para não fazer. Mas aí vem o fogo e eu simplesmente ignorei tudo. Como vou defender uma criança se nem sei me defender?

          Chego em frente a casa da Sra. Olivia e bato na porta, torcendo para que ela esteja em casa. Eu preciso falar com ela.

_Minha querida! Aconteceu alguma coisa? _Abrindo a porta com um ar assustado ela analisou minha expressão.

_Não, nada de novo. Só preciso saber se a Senhora já sabe como me ajudar sobre aquele assunto? _ Pergunto apontando para minha barriga.

_ Sim, entre vamos conversar. _ Se afastou da porta indicando para que eu entrasse._ Pode se sentar temos muito que conversar._ Apontou para cadeira em sua cozinha.

          A casa da Sra. Olivia era simples, mas muito aconchegante, a cozinha é toda em madeira escura com uma enorme janela que trás um ar de lar. Onde posso olhar para um jardim que mostra um gramado verde.

Me sento colocando as duas mãos sobre a mesa e ela se acomoda na cadeira em minha frente.

_Preciso que me ouça antes de qualquer conclusão. _Assenti com a cabeça esperando que ela me guiasse. _ Minha prima mora em Los Angeles, sei que é aonde Ayron está, mas a cidade é enorme, você não vai encontrar ele lá. Ela aceitou te hospedar em sua casa e cuidar de você. Eu tenho umas economias posso te ajudar a ir para lá.
Apenas baixei minha cabeça e chorei o medo tomou conta do meu corpo. Então solucei mais uma vez esperando que as lágrimas levassem embora meus problemas.

_Sou de menor, como vou conseguir viver._ Sra. Olivia passou a mão em meus cabelos deslizando os dedos até chegar em meu queixo erguendo minha cabeça para que eu olhasse em seus olhos.

_Eu te ajudo a arrumar um colégio para que termine seus estudos e você arruma algo para fazer até o bebê nascer. Me mantem informada que dentro do possível sempre irei te ajudar e caso as coisas fiquem ruins para você irei até lá para te ajudar._ Me abraçou com imenso carinho.

_Vou pensar em tudo._  Sussurrei entre lagrimas. _ Mas ainda tenho um tempo.

_ Eu sei, faça o que achar melhor, mas sabe que se ficar aqui também terá consequências, e eu da mesma forma sempre estarei do seu lado, você é uma filha para mim sabe que tenho um grande carinho por você.

          Então levantou e se afastou indo até o fogão onde uma panela fervia.
_ Pensarei, por enquanto muito obrigada! Agora preciso ir antes que sintam minha falta.

          Levantei, beijei o rosto da amável senhora que ainda insistiu para que eu ficasse mas preferi ir para casa.
Chegando em casa encontrei minha família toda reunida na sala, me senti interrogada com pelo olhar de meu pai e me expliquei antes de começar as ofensas.

_Fui até a casa da Sra. Olivia, secretária da escola, ela está me dando aulas de informática avançada, não avisei por que estavam ocupados.

          Meu pai apenas virou o rosto sem dizer uma única palavra, já minha mãe nem se deu ao trabalho de olhar em minha direção. Me virei saindo daquele lugar quando uma tontura escureceu meus olhos.

...

          Acordei deitada em minha cama com minha mãe em pé ao lado da janela.

_Pensei que não acordaria hoje. _ Falou ela com visível raiva faiscando em seu olhar. _ Pensa que não sei o que está acontecendo com você. _ Veio em minha direção segurando meus braços com força. _ Tem enjoado todos os dias, não come direito e faz um bom tempo que não me pede dinheiro para  comprar absorventes._ Sacudiu meus braço, aquilo vai ficar roxo.

          Arregalei meus olhos tentado me defender mas era em vão, suas unhas já estavam enfiadas como garras em meus braços.

_Calma mãe, eu explico._ Tentei amenizar a situação.

_ Não tem explicação Janet! Vou te dar duas opções. _ Me empurrou fazendo com que batesse a  cabeça na parede, ao mesmo tempo que se afastava. _ A primeira: você tira isso que tem dentro de seu corpo e toma vergonha na cara. _ Ergueu o dedo em riste apontando para mim_ E não tenho interesse em saber quem foi o pobre coitado que encostou em seu corpo sem graça. E a segunda: Você desaparece de uma vez da minha vida!_ Virou de costas para mim colocando as mãos na cintura. _ Espero que saiba que viver na rua pode ser bem pior do que ao meu lado.
Jogou a bomba e saiu de meu quarto batendo a porta.

          Por mais que a vida tenha me mandado um obstáculo não sou um monstro e não vou matar meu bebê. Sei que não devo contar para a família de Ayron, ele me usou e deve rir da minha cara quando lembra do quanto fui fácil, tola. Olho para o canto e vejo a mochila de doação que ganhei de Acheley decido ver o que tem dentro.

          Várias peças de roupa inclusive lingeries com etiqueta, fico feliz em perceber que tem tudo o que preciso. Um sinal claro de Deus que preciso ir embora. Vou criar meu filho longe de tudo isso.

          Acordo antes de todos, me arrumo, pego a sacola de remédios de minha tia e vou para a casa dela. Preciso voltar a tempo de ir para o colégio e organizar minha partida. Vou me despedir dela e contar tudo, tenho certeza que essa é a ultima vez que verei ela.

          Chego o mais rápido possível batendo na porta.

_ Posso entrar? _Já abrindo a porta pergunto.

_Claro! Estou no quarto, venha até aqui! _ Fui ao encontro da voz me sentindo muito nervosa, me joguei em seus braços. _ o que foi bela? _ Olhei bem no fundo de seus olhos.

_ Só preciso que confie em mim! _ Comecei._ Vou embora, e não voltarei. Não tenho escolha, prometo que serei muito feliz como nas histórias que me conta, preciso te contar que estou grávida, não estou indo atrás do pai de meu filho em sim estou lutando por essa vida dentro de mim._ Minha tia chorava e acariciava meu rosto concordando com minhas palavras._ Sei que sou jovem, mas amei um homem que riu de mim e nunca mais vou ser idiota. Só tia, nunca, nunca mesmo esqueça que eu te amo muito.
Desabei em seus pés chorando enquanto minha tia suspirou em silencio apenas acariciando minha cabeça.

_Sei que está fazendo isso é por que precisa! Mas me ligue sempre. E sim eu confio em você! _ Me puxou para a cama onde sentei e fui me acalmando. Ela sentou ao meu lado, esticou o braço abrindo a gaveta de seu criado mudo tirando um maço de dinheiro de lá. Estendeu em minha direção.

_ Não posso aceitar, a senhora está doente precisa desse dinheiro.

_ Esse dinheiro está sobrando é para você e não aceito que negue. Tenho o suficiente para morrer em paz. _ Pegou em minhas mãos e colocou o dinheiro na palma. _ E eu também te amo, essa criança tem muita sorte de ter uma mãe como você, sei que será feliz! _ E me abraçou se despedindo, apertei e cheirei seu pescoço para nunca mais esquecer desse momento.

          Me levantei e fui para casa sabendo que essa era a última vez que ganhei esse abraço.
Passei por casa para pegar minha mochila e fui para o colégio, determinhada a resolver minha partida. Na chegada já avistei a Sra. Olivia, segui em sua direção e ela me recebeu com um sorriso. Sem rodeios fui direto ao assunto.

_Bom dia! Eu irei o mais breve que for possível._ Coloquei as mãos nas alças da mochila esperando sua resposta.
_Conseguimos resolver tudo rápido, venha comigo.

          Caminhamos até sua sala e ela me entregou uma caixa que continha um aparelho celular e seus acessórios.
_ Para que é isso?

_ Para falar comigo! Aí tem o meu número e o número de minha irmã salvos. Assim pode falar comigo enquanto está aqui, adiantei o presente para não precisar sair de casa a minha procura. Agora guarde e vá para sua sala.

          Agradeci e parti para minha aula, aproveitando os últimos dias de vida normal, depois precisarei ser forte como nunca antes fui.

          A aula acabou e fui para casa encontrando minha mãe já em meu quarto a minha espera.

_ Vou falar apenas uma vez, preste atenção. _ Apontou o dedo em minha direção. _ Marquei um médico para você amanhã as dezessete horas para resolver esse seu problema, mas terá que estar lá as onze horas da manhã para os preparativos quando acabar vá até a casa de sua tia então vou falar para seu pai que ficará ajudando ela por uns dias. Se recupere e volte.

_ Tudo bem! _Concordei sabendo que terei que fugir amanhã.

_Aqui está o dinheiro. _ Me jogou varias notas. _ Por você ser vadia vou gastar muito dinheiro, espero que sinta muita dor para aprender a ficar com as pernas fechadas. Agora vá fazer seu serviço. Vou sair com seu pai e seu irmão, voltaremos a noite.

          Esperei ela sair e liguei para Sra. Olivia avisando que teríamos que adiantar os planos. Mesmo preocupada ela concordou . Então fiz meu trabalho e fui para sua casa levar minha mochila de roupas e combinar todos os detalhes.

          Na noite nem dormi de tanto medo, mas preciso ser forte e corajosa. Não só por mim mas por nós! 

                      °°°°♧♧♧♧°°°°
Capitulo não revisado 😘

Doce PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora