•Tom's POV•
Eu nunca soube lidar com situações que fossem vergonhosas para mim. Deve ter sido por isso que agi daquela maneira quando vi a notícia no jornal. Minha mãe nos jogou contra a parede e todos os sites de fofocas só falavam sobre "minha namorada" quando tudo que eu queria era esquecer que aquele beijo tinha acontecido. Não por que eu não tinha gostado, mas sim porque gostei tanto e não queria admitir. Parecia não ter significado nada para Claire e por isso eu estava tão bravo. Mas por que ficar neste estado se também não significou nada para mim? Talvez fosse meu ego falando mais alto. Ou até quem sabe existisse um egoísmo por trás de tudo. Orgulho, talvez? Acontece que no fundo, eu sabia que eu havia me importado com o beijo e sentia ainda mais raiva de Claire do que antes por ela agir tão naturalmente depois do que rolou, enquanto eu estava exausto por não conseguir descansar e nem raciocinar direito pensando nele. Pensando no maldito beijo. Será que ela não o queria? Afinal, eu que avancei, eu que perdi o controle. Será que ela me beijou por pena? Ela deve me achar um otário e por que será que isso me incomodava tanto? Esses pensamentos estavam me torturando aos poucos e tirando minha paz.
Depois da cena na cozinha, subi os degraus me arrependendo automaticamente, me lembrando dos olhos de Claire depois de dizer o que disse e provavelmente a machucando tamanha a força que esbarrei em seus ombros. Eu queria pedir desculpas, mas eu não podia!
O sentimento de culpa foi me corroendo por dentro e tudo o que consegui fazer foi espiar pela janela do segundo andar e ve-la ir embora com uma certa pressa. Inesperadamente ela olha para trás, para a janela em que eu a via ir embora do meu jardim. O sol batendo em seu rosto fez surgir um pequeno reflexo luminoso, parecido como quando o sol bate no lago, mas numa proporção menor. Seriam lágrimas? Meu coração se esmagou em meu peito ao ver. Isso significava que ela se importava?
Eu apenas fiquei a olhando partir sem olhar para trás. Talvez ela não se importasse tanto assim.
Fui para o meu quarto me enterrar em minha cama em depressão deitando de bruços e colocando meu rosto contra o travesseiro, então Harry entra com tudo fazendo minha cabeça que já estava doendo, martelar ainda mais me fazendo gemer de dor. Coloquei aos mãos em meus ouvidos e senti ele sentar na minha cama.
- Cara, olha pra mim! - ele dizia mas eu não estava a fim de tirar meu rosto do travesseiro. - OLHA PRA MIM.
- Porra Harry, para de gritar! O que você quer?
- Cara, por que você beijou minha amiga? Ta de sacanagem comigo?
- Por que de sacanagem com você? - perguntei me virando, deitando de costas no colchão e o encarando.
- Por que ela é MINHA amiga. - disse dando ênfase no "minha".
- E daí? Vai ficar de ciuminho agora?
- Não, o problema é que você é um cuzao. E se você magoar ela, eu vou ter que te dar umas porradas.
- Ela já é bem grandinha, Harry. E fica tranquila, ninguém vai se magoar por que ninguém vai entrar em um relacionamento.
- Não é o que dizem os sites de fofoca. - meu irmão me olhou com uma cara de puro deboche.
- Os sites estão enganados. Foi só um beijo, nada demais. Não pretendo me envolver com essa garota.
- O que quer dizer com "essa garota"? - ele fez aspas no ar.
- Que ela não significa nada pra mim, escolheria qualquer outra ao invés dela.
- Nossa bro, também não precisa falar assim. Ela é uma ótima menina.
- Com você. - falei baixo para mim mas Harry ouviu.
- Sim, comigo, e isso que importa. Para de ficar chorando aí que eu sei que gostou.
- Cala a boca, você não tem mais nada pra fazer não?
- Tenho, mas te irritar é a prioridade. Me diz aí, ela beija bem? Tem cara de quem beija bem.
- Harry, sai fora. - respondi o chutando de minha cama.
- Só me responde isso.
- Não, ela não beija. - me virei ficando de costas pra ele enquanto ele respondia saindo de meu quarto.
- Que mentira. - fechou a porta e foi embora.E ele estava certo, era mentira. A maior mentira que já contei. Claire me deu, de longe, o melhor beijo que já recebi e era por isso e por mais algumas outras coisas que eu não conseguia tirar ele de minha mente. Seus olhos castanhos brilhavam como raios de sol quando fiquei tão próximo dela antes de beijá-la. A ponta de seu nariz estava rosado devido ao frio que fazia naquela manhã e eu fiquei com vontade de abraça-la e nunca mais largar. Suas bochechas estavam coradas e seus lábios tão convidativos. Eu não pude resistir. Eu a odiava, mas não como antes. Agora eu a odiava por me fazer querer-la tanto.
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Polaroid | TOM HOLLAND
RomansaEla odiava Londres. Odiava como as pessoas agiam naquela cidade, odiava o clima sempre nublado e umido e odiava o fato de seu chefe te-la mandado justamente para Londres, a cidade em que seu coração foi partido, a trabalho por tempo indeterminado. C...