Capítulo 23

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Sem Revisão.

Abri os olhos, senti tudo rodar e fui forçada a fechá-los novamente. Ouvi risadas infantis em algum lugar. Minha mente oscilando, consciente, inconsciente.

Não sei quanto tempo fiquei assim. Talvez eu estivesse morta, ou não. Qualquer uma das duas alternativas haveria consequências.

Morto.

Travis está morto.

Isso foi a primeira coisa que foquei quando finalmente recobrei os sentidos. Aquilo era só a ponta do aiceberg. O que realmente estava por vir seria mais desastroso ainda.

Pelo canto do olho vi uma mulher. Ela usava branco, uma seringa na mão. Quando veio na minha direção eu olhei para ela. Assustada ela deixou a seringa cair no chão e soprou alguns palavrões.

— Ela acordou!

A mulher pegou a seringa e voltou para o canto. Observei o lugar, uma estante cheia de urso de pelúcia me chamou a atenção. As paredes cor de rosa, os enfeites brancos, e muito rosa.

De repente a porta abriu. Era a idosa, mãe de um dos homens que matei no episódio do ônibus. Com sua bengala de apoio ela caminhou lentamente até mim. Vi quando a mulher puxou uma cadeira e a ajudou a se sentar. Minha cabeça estava confusa.

— O que estou fazendo aqui?

— Você bateu o carro na minha caixa de correio e em seguida bateu na árvore do vizinho. — Ela responde. Para minha surpresa a mão enrugada dela segura a minha. — Como se sente?

— Eu... Não sei. Ele está morto.

— Sim. Esta em todos os jornais do país, do mundo na verdade. Obrigada por isso.

— Meu Deus...

Uma melodia suave soou pelo quarto, algo calmo aplacando todo o turbilhão louco na minha cabeça. Movi minha mão até onde levei o tiro, um curativo cobria toda a ferida.

— Há quanto tempo estou aqui?

— Três dias e meio. Safira e eu pensamos que você fosse morrer, mas resistiu bem. É uma mulher resistente.

— Sofri coisas piores. — respondi. Levantei devagar e joguei as pernas para fora da cama. Gemi em protesto, tudo dolorido. — Tenho que ir.

— Não acho que seja uma boa...

— Todo o tempo que tenho é pouco. Tenho assuntos pendentes para resolver.

— Tudo bem. — fala suspirando. — Vou pegar algumas roupas de Safira para você.

Assim que ela saiu, fui até o espelho. Desci as alças da fina camisola de cetim e a deixei cair, formando uma poça aos meus pés. O curativo era alguns dedos acima do meu coração, centímetros para baixo e eu estaria morta. Havia alguns roxos pela minha pele, principalmente na região dos braços e costelas.

Você terá que descobrir por si só quem realmente é o monstro. Senti náuseas ao lembrar de Travis. Ele estava morto, aquilo era para ser uma sensação de alívio, então porque eu me sentia estranha? Talvez seria a razão principal, a verdadeira identidade do monstro.

A mulher, Safira, entrou e deixou algumas roupas na cama. Não se importou pelo fato de eu estar nua, simplesmente sorriu fraco e saiu.

Com certa dificuldade consegui vestir as roupas, um short de moletom vermelho e uma blusa branca de algodão. Nos pés um par de tênis surrados.

Sai do quarto e segui pelo corredor. As risadas infantis mais nítidas.

— Vovó Sofia, temos que fazer mais bolo de chocolate! O Charles comeu tudo, aquele porquinho.

Perigo Inevitável - Duologia Assassinos (Im) Perfeitos #2Onde histórias criam vida. Descubra agora