Dos que se foram (Finados)

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A morte quando nos visita, é sempre como um ladrão na noite. De manso se aproxima, e nos toma algo de valor. Não há critério, não há barganha, não há preconceitos e muito menos misericórdia; a morte é o que é para todos, e ela nunca comete enganos.


Tenho lhe sentido de perto; a morte não me é desconhecida, tenho perdido pessoas por toda minha vida.


(Ei Pablo, Téo, Paulinho, Dudu... Meus primos, será que me ouvem de algum lugar? Sinto muito que tenham partido tão cedo. Tio Claudinho, por que foi que te fizeram tamanha crueldade lhe tirando a vida de forma tão cruel? Vózinha, me dói saber que um tumor em seu seio lhe roubou de nós , muito antes que eu tivesse a chance de te conhecer. Tenho certeza que eu teria adorado ser seu netinho predileto. Vovô Darício, espero que tenha finalmente encontrado descanso. As vezes me pego pensando em você, Vovô, e me dói o coração lembrar o quanto seus últimos anos entre nós foram tomados de tamanho sofrimento sobre aquela cama. Aleison , meu amigo, me desculpe por ter me distanciado de você em seus últimos anos; tomamos caminhos diferentes, e me corta o coração ainda hoje saber que você se foi tão jovem, por más escolhas que a vida lhe forçaram a tomar. E Bob, meu precioso e adorável Bob; você foi o melhor porquinho-da-índia que uma criança poderia ter; sinto muito por eu não ter sido tão atencioso, e ter lhe matado de tanto comer. Nenhum bichinho até hoje foi capaz de te substituir...)


E a morte, é uma constante. Tenho perdido muito mais que família , amigos e bichos de estimação. A morte tem me acompanhado de perto, apodrecendo e deixando cinzas por onde passo. Seja numa árvore que é arrancada de sua raiz, ou uma flor que murcha sem o devido cuidado; eu sinto isso no ar, e isso me destrói; e veja!, até os pássaros estão agitados, pois a cidade morre, por essa aglomeração de máquinas e prédios. Não consigo respirar aqui, e essa lástima perdura, e o luto não dá sossego para um coração que pulsa tão forte como o meu; não consigo evitar sentir, e sinto que tudo isso está por definhar tão depressa.


Meu amigo, tudo morre, eu sei, mas eu custo em aceitar essa derrota. Não haveria a possibilidade de parar esse ponteiro do relógio que corre tão depressa?!!! Ei, tudo está por partir tão cedo, que não consigo compreender; todos estão por partir assim tão rápido, que tudo que me resta é lamentar e aguentar a pancada.


Quem mais irá me deixar? Tenho medo desse futuro, dessa morte que chega de manso e me toma algo de valor. Meu coração está sempre a lamentar, e eu já não sei se um dia esse luto irá passar.


Dicotomia do SerOnde histórias criam vida. Descubra agora