Hoje, sinto que bebi do tédio todas as garrafas e me embriaguei. Estou largado ao canto, e já não quero sair daqui. Tudo a minha volta têm estado em inércia, como numa fotografia velha e empoeirada num álbum jogado sobre o guarda-roupa. Eu nunca estive tão desmotivado a sair do lugar quanto hoje; sinto que cheguei ao meu limite de tolerância dessa rotina que nada trás além de insatisfações. Nada se resolve, nada se transforma; tudo permanece o mesmo, a não ser eu que tenho morrido aos poucos. E o que eu posso fazer? Já não quero fazer nada. Já perdi todo o combustível que um dia me fizera acreditar que um dia vivido era um dia ganho. Eu já não vivo, e nem posso dizer que sobrevivo; sinto que já estou morto por dentro, e sei que permanecerei aqui sobre essa cama, até que forças maiores me forcem a sair desse estado lamentável em que estou. Mas será que alguém irá se importar em ajudar?
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Dicotomia do Ser
Non-FictionDeixo aqui textos avulsos, de mundos diversos que há dentro de mim. Tanto do sofrer, quanto do sorrir, eis que tudo se resume à sensações do mesmo ser. Capa: @Adnil_ahcor