E aqui estou, o ano passou, e me vejo mais uma vez à postos para um novo recomeço, mas já não tenho certeza se tenho energia suficiente para me reinventar, e é preciso mudar, me transformar; essa criatura frágil e incoerente que hoje sou, já não convence; já não há lugar para minha casta nesse canto do mundo; estou em extinção. Para não me perder ou morrer pelo caminho desse novo ano que como um alarde se expõe à mim, sei que terei que superar todos os erros que ontem cometi. É preciso esquecer as mágoas, as apunhaladas que me deram, os amigos que não permaneceram, a família que não compareceu quando deveria, e o amor que me negaram logo quando eu mais necessitava. Guardarei apenas as lembranças daquilo que me fizeram crescer como pessoa, como as pequenas conquistas que alcancei, como os amigos que ganhei, e o novo lar onde me encontrei. Para um novo recomeço, é preciso me livrar daquilo que me impede de seguir em frente; até mesmo minhas próprias falhas e aquilo que fiz de errado tem de ser superado e esquecido; já não tenho que me lamentar pelo ontem, pois sei que o amanhã é onde verdadeiramente está minha facilidade, e é pra lá que devo erguer meus olhos, é pra lá que devo direcionar meus passos.
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Dicotomia do Ser
Non-FictionDeixo aqui textos avulsos, de mundos diversos que há dentro de mim. Tanto do sofrer, quanto do sorrir, eis que tudo se resume à sensações do mesmo ser. Capa: @Adnil_ahcor