Nova Escola

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Eu e Eduardo descemos do carro e nos despedimos da nossa mãe. Sinto que a nova escola será muito diferente da antiga, que nessa escola eu vou ser feliz.

- Vamos preguiçosa, temos que achar as nossas salas, diz meu irmão. - Já estou indo, digo pegando o meu celular e olhando a hora. Agatha com quatorze anos estava no segundo ano do ensino médio e Eduardo com quinze estava no terceiro ano.

Entramos na nova escola que tem uma pracinha no pátio principal e um prédio grande de dois andares, logo seguimos para a sala da Direção. Nos sentamos na sala aguardando a diretora, que nos atende e pede para entrarmos em sua sala.

- É um enorme prazer em recebe-los na nossa escola, diz a diretora Lucrécia. - Sua mãe é uma excelente profissional e já me explicou tudo Agatha, não se preocupe, nesta escola você será apenas Agatha, fala a diretora. - Obrigada Dona Lucrécia, fico muito feliz em ouvir isso. - Sei que foi difícil na outra escola, mas aqui será diferente. Ela olha os nossos históricos e logo fala: - Vejo que vocês estão bem adiantados para as séries de vocês. Fala abrindo um sorriso.

- Nós fomos alfabetizados muito cedo e fizemos provas para progressão de ano, por isso entramos adiantados. Fala o meu irmão. - Entrei com cinco anos na primeira série. Falo olhando para Dona Lucrécia. - Que bom contar com alunos inteligentes e esforçados em nossa escola igual a vocês. O seu irmão está matriculado na turma 306 e você está na 205. Quando a diretora termina de falar o sinal toca e ela pede que nós vamos para as nossas salas.

A Escola particular Nilo Peçanha é a melhor escola de Valência, atende alunos de toda a região e é conhecida pela qualidade de ensino.

Me despeço do meu irmão que segue pela escada até o segundo andar onde fica a sala dele e procuro a minha sala que no primeiro andar. Encontro a minha sala, entro e sento bem no meio, onde tinha alguns lugares vagos.

Pego um caderno da minha mochila e percebo que no fundo da sala tem alguns alunos escutando música em uma caixa de som. Mas logo me viro para a frente quando percebo a entrada da professora.

- Senhor Rafael guarde esta caixinha de som, não quero começar o ano letivo me estressando com o senhor. Fala a professora. - Sim sorinha do meu coração. Responde o aluno guardando a caixinha de som. A professora vai até sua mesa e coloca o seu material nela, ela se posiciona na nossa frente.

- Bom dia alunos, sejam bem vindos a mais um ano letivo no Nilo Peçanha, eu sou a professora Fabiana e neste ano vou trabalhar a disciplina de física com vocês. Neste momento um aaa ecoa na sala de aula. - Sem aa, como estamos começando o ano, estou vendo várias carinhas novas, eu gostaria da apresentação de cada um, começando aqui na frente. Fala ela abrindo um sorriso.

Eu odiava o momento da apresentação, mas neste ano seria diferente, pois me apresentaria como Agatha e não mais como Carlos, era muito ruim ver o rosto espantados dos meus colegas quando dizia meu antigo nome. Todos se levantavam, diziam seu nome, idade e em que bairro moravam.

Chegando na minha vez, me levanto e falo: - Meu nome é Agatha, tenho 14 anos, sou nova na cidade e moro no bairro Clemente. Quando termino de falar ouço alguém dizer: - E bem gostosinha também. Fico totalmente constrangida e logo me sento. A professora pede para acabar com as brincadeiras que vinham do fundo da sala.

Agatha era uma linda menina, tinha começado o tratamento hormonal receitado pelo seu médico, por isso, já começava a desenvolver seios, como era magrinha, com cabelos loiros, atraia muitos olhares, que a deixavam envergonhada. Não estava acostuma a receber elogios abertamente, por isso, qualquer comentário de um menino deixava encabulada. A apresentação continua até que chega no fundo da sala e Agatha ouve a mesma voz que a chamou de gostosinha de um menino de 15 anos que mora no bairro Estância e se chama Rafael.

Olho para o menino que aparenta ser mais alto que eu, cabelos e olhos castanhos escuros, com corpo atlético que me olhava e dava um sorriso, me deixando muito envergonhada. A apresentação termina e a aula inicia coma professora explicando o conteúdo até o intervalo.

O sinal toca e começo a arrumar minha bolsa para ir ao pátio e noto uma menina se aproximando, - Oi Agatha, meu nome é Ana, podíamos ir juntas para o intervalo, se você quiser? - Claro! Respondo abrindo um sorriso. Começamos a conversar, Ana tem 15 anos, mora no mesmo bairro que Agatha e estuda na escola desde o primeiro ano do ensino fundamental, mas suas amigas estão estudando em outra sala e ela está sozinha na classe. Ana ou Aninha é magra, tem cabelo castanho claro, mais baixa que eu.

As duas caminham em direção a porta e Agatha olha para o fundo da sala e percebe que Rafael está olhando para ela bem fixamente, deixando-a bem constrangida.

- O Rafael não parava de olhar para você durante a aula. Fala Ana, - Não, deve ser impressão sua. Logo começamos a rir. - Você o conhece? A questiono. - Conheço, ele era amigo do meu irmão, mas minha mãe não quer que a gente ande com ele, o Rafael é aquele aluno problema, já foi expulso da escola, mas como é o melhor no time de futebol, a direção sempre reconsidera a sua expulsão. Fala Ana pegando o seu celular, e pedindo o meu número. Trocamos os nossos números de celulares e vamos até o refeitório.

Chegando no refeitório encontro o meu irmão Eduardo na fila do refeitório e aceno para ele que está conversando com um menino. Ele e seu amigo pegam os seus lanches e vão ao nosso encontro. Ana olha para o menino e fala: - Oi maninho. Pergunto a ela: - Vocês são irmãos? - Deixa eu te apresentar Agatha, esse é o meu irmão Sérgio, Sérgio esta é Agatha a minha colega de classe. Diz Ana, e nos abraçamos. - E quem é o seu amigo? Pergunta Ana para seu irmão. - Agora é a minha vez de apresentar o meu irmão Eduardo. Falo abrindo um sorriso. Sérgio tem 16 anos, ele é alto, cabelos e olhos castanho. Tem um corpo bonito, seu rosto é lindo, apesar do jeito meio envergonhado.

-Maninha vou pegar uma mesa para nós enquanto vocês duas pegam o lanche. Diz Sérgio. Pegamos o nosso lanche e vamos nos sentar com os meninos em uma mesa no pátio. - Que coincidência nós sermos irmãos. Fala Eduardo, após os começarmos a rir.

Conversamos o intervalo inteiro, Sobre a escola, música, sobre várias coisas. A conversa só termina com o sinal do final do intervalo. Eu e Ana fomos para a nossa sala e Sérgio e Eduardo para a deles. Tive a sensação que Eduardo ficava me olhando bem sério, será que ele desconfiou que eu era trans.

No caminho Ana me fala: - Acho que meu irmão gostou de você, ele não parava de te olhar. Nesse momento abaixo os meus olhos e Ana continua a falat: - O seu irmão é um gatinho, ele tá solteiro? Pergunta ela: - Ele está sim, acabamos de nos mudar, Eduardo terminou com a namorada já faz um ano. Falo para ela que fica feliz.

Entro na sala e percebo que Rafael não está na sala e comento com Aninha que me responde: - Deve estar matando aula, como ele sempre faz. Nesse momento um professor entra e as paramos de conversar e prestamos atenção no professor. A aula prossegue normalmente até o sinal tocar para o fim da aula.

Arrumamos as mochilas para irmos ao pátio, mas antes passamos no banheiro. Olha e vejo Rafael encostado na parede que me olha e fala: - Oi gatinha! Fico envergonhada e olha para o chão, mas Rafael nos segue ...

O desabrochar de uma rosaOnde histórias criam vida. Descubra agora