Bônus (Tadeu)

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Vim para o Brasil com o pensamento fúnebre de que as coisas não seriam tão divertidas como eram na Alemanha, afinal, meu pai e meu irmão me colocariam no "eixo". E essas foram as palavras usadas por eles. Ou melhor, pelo meu pai, Aaron Altherr. 

 – Você terá que viajar antes do previsto, Tadeu. Já comprei suas passagens.

– Como?! – Pergunto confuso para o meu pai. Estávamos na mesa de jantar e minha mãe apenas observava toda a cena de camarote, enquanto levava um pedaço de sua salada à boca.

– Seu irmão irá viajar novamente para acertar uma propaganda de vinhos e alguém terá que ficar na empresa. – Diz calmamente enquanto bebia um gole de sua água.

– Pai... – Solto um suspiro pesado. – Eu não me despedi do pessoal e nem... – Penso em falar o nome de uma das mulheres com quem fico, mas são muitas e nenhuma nunca foi digna de ser apresentada para minha família. – ... da Alemanha!

– Sem discussões, Tadeu! Se quer me provar que já é maduro e tem responsabilidades, ira viajar daqui a dois dias!  - Sua voz sai firme, baixa e controlada. Odiava isso em meu pai, seu controle e falta de emoção, me sentia um de seus negócios.

Olho para minha mãe, suplicando ajuda com o olhar.

– Seu pai tem razão, meu filho! – Porque ainda ficava surpreso? – Irei sentir saudades, mas terá dois dias para se despedir! Já já estará de volta conosco, muito mudado e ira ser para melhor. Você vai gostar.

– Exatamente, iremos te colocar no eixo!

Suspiro, derrotado.

E agora queria agradecer aos meus pais, porque se não fosse por eles não teria conhecido uma ruiva, que era cheia de curvas, de marra e tinha olhos mais azuis e expressivos que já vi.

E ela definitivamente estava sendo minha melhor diversão e desafio.

Saco meu celular do bolso de minha calça jeans e resolvo ligar para ela. Disco seu número, que consegui pegar com Melissa e essa foi uma tarefa difícil, já que a ruivinha não queria me dar e espero que atenda.

Maitê atendi no terceiro toque.

 – Olha, se for cartão de crédito, a resposta é não! Se for alguém se oferecendo para transar, a resposta também é não! Seja lá onde te conheci, estava bêbada.

Não consigo me controlar e solto uma gargalhada. Quem atende seu celular assim? Eu não falei que essa ruiva era cheia de marra?

 – Pode apostar que na nossa noite você não estava bêbada, pelo menos não quando mandou eu parar de empinar com a moto.  

 – Tadeu?! Mas como que caralho conseguiu meu número?

 Ela era brava e estava adorando deixá-la mais ainda. Queria ser logo mordido por ela, ou ser espancado.

 – Isso não importa, o que importa é que irei a sua casa hoje à noite. Faça alguma coisa para comer, levarei uns vinhos que meu irmão tem aqui.  

Agora foi a vez dela soltar uma gargalhada e automaticamente sorrio, mordendo os lábios e esperando uma de suas respostas ácidas.

 – Meu filho, se você não tem o que comer aí e nem sabe cozinhar, tem um lugar que você nem paga um real e pega uma marmita ótima. Você até escolhe, governo fez isso à tempos!

 – Prefiro sua marmita. Até as oito. – Desligo o celular sem esperar resposta e começo a rir sozinho, imaginando a cara da Maitê ao perceber que encerrei a chamada.

Uma Gota De VinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora