Prólogo

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  – Porque eu preciso e você também, sabe disso mais do que ninguém! – Gritava minha melhor amiga do outro lado da linha. Ela é sempre super protetora comigo e me ver triste destruía ela, digamos que a vida e as coisas que aconteceram acabaram com a Melissa despreocupada e feliz, que eu era tempos atrás.

  – Okay, Maitê, digamos que eu realmente saiba, mas não estou a fim de ir para um lugar onde pessoas vão se embebedar, vomitar no banheiro "unisex"... – Falo a palavra Unisex fazendo aspas com meus dedos indicador e médio, mesmo sabendo que ela não possa ver. –... ou até mesmo transando neles e dançar no meio delas e sentindo o cheiro de suor...

  – Nada disso, eu também não curtiria isso – Maitê me corta. – Tenha mais fé na sua linda aqui! É uma casa nova, que vai abrir  no centro e é só gente da alta que vai! Gatinhos bem sucedidos e cheirosos, a gente precisa se distrair e comemorar nosso novo emprego, que não foi fácil conseguir o mesmo para nós duas!  

 Maitê tinha razão na última parte, prestamos uma prova para uma empresa de publicidade, a Althermark, a tensão no dia consumiu nós duas antes e após nossas entrevistas, graças a sorte ou destino, conseguimos passar nós duas, eu sendo secretária e ela como sendo assistente de criação e arte. Iríamos começar a trabalhar daqui a dois dias, e claro, como minha amiga é ativa iria comemorar o final de semana inteiro, mas admiro ela por isso, ela é bem alto astral, a pessoa que eu preciso na minha vida pra levantar meus ânimos. – Se ela encontrasse uma moeda no chão da rua, nem que fosse de cinco centavos, ela me chamaria para comemorar. – Sorrio para mim mesma.

  – Não poderíamos comemorar de outro jeito? Sei lá... comprar apenas novas roupas para o trabalho? Ir ao cinema? – Tento pela última vez fazê-la mudar de ideia.

 Ouço-a soltar o ar com força. – Melissa Cavicchioli, temos vinte e cinco anos de idade, essa época de cinema como comemoração já passou. – retruca irritada. – Larga de ser bocó, quero você arrumada, cheirosa e linda ás dez e meia, okay? Vai ser divertido, eu juro, quem sabe você não desencalha...

 Agora foi a minha vez de soltar o ar com força. – Não sou encalhada, só não... olha, okay, não vou mais discutir, ás dez e meia! – Afasto o meu celular do meu ouvido quando ouço o grito alto da minha melhor amiga do outro lado da linha, começo a rir com a felicidade dela com a minha entrega. Nunca saberia negar nada por muito tempo para a teimosa da Maitê.

  – Você.É.A.Melhor.MeLINDA – Fala, dando ênfase ao "linda" no final do meu apelido. – É hoje que vamos colocar a operação Cobra na Toca na ativa de novo! – Balanço a cabeça com o nome da "operação" do nosso tempo de faculdade, sempre que íamos para festas do campus ou saíamos com algum cara, fazíamos isso: Saía, Flertava, Transava e Fugia. Eu, depois que terminei meus dois namoros sérios que tive, nunca mais quis saber de relacionamentos, eram sempre tão complicados. Meus relacionamentos sempre foram como uma ponte solta e apenas eu segurava um dos lados, tentando mantê-la erguida para não desmoronar. E isso me cansou.

  – Eu sei...  nos vemos hoje ás dez e meia, te espero. – Desligo o celular após me despedir, respirando fundo. Estou deitada na minha cama e olho em volta do meu quarto. Sozinha. Isso que estou nesse momento e reconsiderando as palavras da Maitê, ela tem razão. Eu tenho que sair mais, tenho que esquecer, seguir minha vida em frente, sair desse sedentarismo tanto físico quanto emocional.

Uma Gota De VinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora