Capítulo Dezesseis

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– O que você pensa que está fazendo? – Pergunto irritado, surpreso e muito mais confuso, para Tadeu. Afinal, não era para ele voltar da Alemanha ainda e sim no próximo final de semana, como havíamos combinado.

 – Apenas chegando! – Pisca em minha direção e senta, colocando os pés em cima de minha mesa. – Gostou da surpresa que te fiz, mano? Espero que a casa esteja pronta pra me receber.

 Tadeu sempre foi assim: brincalhão, despojado, de bem com a vida e sem nenhum receio de suas atitudes tomadas, que poderia ser consideradas infantis pelos seus 25 anos de idade. Isso era o que mais preocupava papai. Por isso ele estava aqui, para tomar juízo e ter mais responsabilidades comigo, junto à empresa.

  – Tire os pés da minha mesa. – Mando, queimando meus olhos sobre suas pernas. – Aqui é lugar de trazer cachorro?

 – Não. Mas viu? Consegui o que queria. Cheguei de uma forma épica. – Me responde, rindo e tirando os pés de minha mesa. – Mas que secretária é aquela? Uau. Sempre gostei das morenas. Isso aqui não vai ser tão chato assim.

 Não sei porque, mas minha vontade era de voar para cima do meu próprio irmão por ter se referido à Melissa daquela forma.

 – Não fale assim da Melissa desse jeito e nem sequer brinque e olhe para ela do jeito que fez. – Me vejo falando, antes de medir minhas palavras.  

 – Opa! – Levanta as mãos. – O que foi que perdi, hein? E a Pamela? Sabe que você é possessivo com sua secretária gostosa?

 Respiro fundo, contando mentalmente até dez para não arrebentar esse meu irmão desnaturado.

 – Quer desfilar esse rostinho lindo pelas ruas de São Paulo com um belo roxo no olho? Eu e Pamela não estamos mais juntos.        

 – O que houve, Bruder?

 – Eu a peguei fodendo com outro! – Desabafo, me jogando na cadeira. – É isso o que houve!

 E estranhamente, revelar isso para o meu irmão, me fez sentir muito melhor. Não que eu não estivesse bem com aquilo, já que Melissa me fizera esquecer da traição. Sempre quando éramos mais novos contávamos tudo um para o outro. Sempre nos tirávamos de belas enrascadas.

 – E como você está com isso? – Pergunta em tom preocupado, se endireitando na cadeira.

 – Estranhamente bem. – Respondo com sinceridade. – Tudo isso fez- me perceber o quanto nosso relacionamento não passava de uma mentira. Percebi também o quanto não gostava dela e o quanto isso era recíproco.

 – E o pai dela? O que vai fazer?

 – Ele não veio me procurar ainda e estou esperando vir até a mim. Caso contrário, deixarei tudo para lá.

 – Faria a mesma coisa.

 Sorriu. Às vezes achava que eu e o papai éramos muito rígidos em relação ao Tadeu. Ele conseguia ser maduro nas situações em que precisava ser. Muito mais que eu, raramente.

 – Sei que faria, Bruder.

 – Agora vou indo. – Diz, levantando-se. – Conversamos melhor lá em casa, okay? Estou com o endereço, não preciso de seu motorista. Sei como você é mandão e velhote.

 – Falando assim parece que eu tenho quase a idade do papai. – Digo, levantando e indo até ele, abraçando-o com um braço pelos seus ombros.

 – Mental, com certeza tem! – Implica comigo.

 Saímos do escritório abraçados e bagunçando os cabelos um do outro como se fossemos dois adolescentes.

 – Até que enfim, senhor Tadeu. O Joe não para quieto e acho que ele quer atender ao chamado da mãe natureza! – Ouço aquela voz sensual que só Melissa tem e que me deixa de pau duro.

Uma Gota De VinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora