RESQUICÍOS

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Separação;
substantivo feminino

Ato ou efeito de separar, afastamento; quebra de uma união íntima; ruptura do casamento; aquilo que separa (parede, muro, cerca etc.) ou que serve para este fim.

Nove meses haviam se passado desde o dia em que os papéis do divórcio foram assinados. A contra gosto, Eduardo formalizou aquele documento já que não queria se separar de Regina, a mulher que tanto lhe proporcionou momentos de amor e felicidade.
Mas, ele havia posto em sua mente que tentaria reconquista-la de qualquer modo pois a amava muito, ou pelo menos achava que amava.

São Paulo, 10/07/2017 - Segunda - Feira

Após a atriz passar a manhã no teatro auxiliando nos ensaios da peça "De Volta ao Lar" chegou em casa por volta das 14:30h da tarde, cheia de fome, com os pés fervilhando pelo cansaço de ficar muito tempo em pé e ao chegar em sua sala deparou-se com a figura de Eduardo sentado no sofá.

— Eu não posso acreditar que você ainda insiste mesmo depois de tudo que eu te falei. - a indignação era sentida no tom de voz da mulher.

— Eu te amo, Regina... - a voz soava sofrida.

— Já estamos separados a mais de nove meses, Eduardo. - interrompeu.

— Podemos cancelar o divórcio se você quiser. - sugeriu ele.

— Por favor, compreende, eu não quero mais ficar com você. Nós já tivemos a nossa oportunidade, agora eu preciso seguir... - fitou seus olhos. — sozinha. - enfatizou.

— Esse teu trabalho, tudo isso, contribuiu para a nossa separação. Nunca gostei desse mundo artístico e pelo visto, sempre tive razão.

— O meu trabalho não tem nada haver. - retrucou.

— As viagens, as pontes aéreas, tudo isso contribuiu para o desgaste da nossa relação e mais, essa história de casar e morar em casas separadas. Você foi injusta comigo. - alterou o tom de voz, aumentando-o.

— Você sempre se manteve indiferente a minha profissão, dizia que respeitava mas... não demostrava. Pelo contrário, sempre criticou. - suspirou profundamente. — Em pensar que cheguei ao nível de rejeitar trabalhos para não te aborrecer e tentar manter a nossa relação estável. - o olhou. — E não me venha com esse argumento fajuto de que uma das causas da nossa separação foi por morarmos em casas separadas. Se não me falha a memória você aceitou de bom grado essa ideia. - saiu da sala e foi até a cozinha atrás de algo para comer na geladeira.

— Regina, eu jamais te empatei de fazer teu trabalho e sim, na época era uma ideia interessante morar em casas separadas mas isso se tornou completamente desagradável. - foi atrás dela.

— Parece até brincadeira você dizer que nunca me empatou. - tirou uma vasilha da geladeira e pôs em cima do balcão. — É impressionante como você tenta mudar o rumo das narrativas e tenta me fazer achar a culpada de tudo mas eu não vou cair nessa. - abriu a vasilha, colocou a comida em um prato e depois no microondas.

— Você teve sua parcela de culpa. - permanecia com as mãos encostadas no balcão.

— E você não? - questionou cinicamente o encarando.

Teu corpo é meu textoOnde histórias criam vida. Descubra agora