Um coração despedaçado e um humor decaído era tudo que Regina tinha, enquanto os filhos viajavam de férias com suas respectivas famílias, ela permanecia sozinha em seu apartamento que agora parecia cada vez maior com a solidão que tomava conta de seu ser.
A vida nem sempre havia sido fácil, na sua longa trajetória as pessoas desconheciam as entrelinhas da história de uma mulher que apesar de todo seu prestígio, sentia-se vazia não só por relacionamentos fracassados, mas pelas angústias que cercavam seu coração e sua mente de reflexões do tipo "será que de fato vivi ou sobrevivi?"
Após uma leve espreguiçada na cama coberta de travesseiros, ela abriu seus olhos e se deparou com um dia ensolarado totalmente oposto ao inverno de suas emoções.
Passou a mão pelo criado mudo em busca de seu celular e sem querer derrubou o copo de água que estava próximo ao aparelho.
— O dia já começou uma maravilha! - reclamou levantando-se. — Maldito noite em que eu prometi a Suzana que iria naquela ilha. - calçou as sandálias e foi em direção as cortinas abrindo-as por completo.
Olhou a vista formada pela movimentação dos carros, o som exaustivo das buzinas e por alguns minutos pensou se deveria sair de casa. O ambiente estava bom, favorecendo uma sensação de quietude no caos de suas tristezas. Naquele momento ela embarcou em uma pequena retrospectiva de sua vida, tudo que havia passado, as renúncias, as vitórias e percebeu que se não tomasse uma atitude correria sérios riscos de afundar-se nas garras de uma ferrenha depressão. Lançando os pensamentos negativos para longe. Ela terminou de organizar sua mala, tomou um rápido banho e desceu. Passou na cozinha pegou uma maçã na geladeira, seguiu até o estacionamento destravando o automóvel, pôs sua mala no banco de trás, seguindo para o banco do motorista e ligou o som antes mesmo de colocar o cinto. Por coincidência a música que começara a tocar era Volta por cima, de Maria Bethânia.
Chorei, não procurei esconder
Todos viram, fingiram
Pena de mim, não precisava
Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
Regina deu partida no carro permitindo que as lágrimas que insistiam em cair lavassem sua alma, trazendo o conforto que só um bom choro poderia trazer.
Dar a volta por cima que eu dei
Quero ver quem dava
Um homem de moral não fica no chão
Nem quer que mulher
Venha lhe dar a mão
Reconhece a queda e não desanima
Levanta, sacode a poeira
E da a volta por cima
A viagem de carro de São Paulo até Ilhabela, duraria por volta de quatro horas, tempo suficiente para a atriz chorar suas mágoas e se renovar emocionalmente. Não muito distante dessa realidade destrutiva de pensamentos sucumbindo cabeças nervosas, Antônio, andava pelo espaço do teatro com um cachimbo nos lábios. Sua mente não dava trégua, as reflexões vinham a ele como formigas famintas em busca de açúcar. Ele sentia a sensação de que seus neurônios explodiriam a qualquer momento. Mara, que havia esquecido alguns papéis do roteiro em seu camarim na noite anterior retornou ao teatro para pegá-los, deparando-se com a imagem de Fagundes andando entre as cadeiras daquele imenso local.
![](https://img.wattpad.com/cover/205338259-288-k135794.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Teu corpo é meu texto
FanfictionRegina está recém separada e quer um tempo para ela. Antônio está se divorciando e deseja um momento para pensar. Mediante aos altos e baixos da vida, o que eles não esperavam é que encontrariam um no outro a chance de seguir em frente. História to...