Ao perceber que era Regina Duarte que ali estava, Antônio colocou o livro debaixo do braço enquanto usou da outra mão para apoiar na barreira da sacada e estreitar os olhos com o propósito de tentar não se enganar com o que sua visão estava lhe mostrando. Ele não se enganou. A mesma amiga que já conhecia há mais de trinta anos estava ali degustando de uma boa bebida enquanto ele estava enfurnado dentro de um quarto tentando esquecer de todos os problemas na medida em que afundava-se em uma ficção qualquer.
Regina não estava seguindo uma linha muito distante de Antônio, mas ao invés de imergir seus pensamentos em um livro, estava afogando as mágoas - que não eram poucas - nas taças de espumantes que bebia e na substância branca que vez ou outra inalava como alguém que coçava o nariz com coriza. Seus devaneios a levaram para longe, tão longe que quando tentou achar sua linha de raciocínio... já havia a perdido, enquanto as bolhas do líquido efervescente já se esvaeciam e a substância fazia efeito em seu organismo.
— Ei, você pode me trazer outra? - estendeu a taça ao garçom.
— Se continuar assim onde você vai parar, Regina?
A atriz parou a taça no ar e virou a metade do corpo para onde a voz vinha e foi impossível não abrir um amplo sorriso ao ver a imagem de Antônio Fagundes com um livro debaixo do braço e uma expressão alegre em seu rosto. Regina banhada em surpresa não esboçou outra reação além de gargalhar alegremente enquanto afundando os pés na areia aquecida, escondeu o pino dentro do sutiã e foi dar um abraço demorado no amigo de longa data. O abraço foi apertado, saudoso, rico em lembranças de uma longa, sólida mesmo sendo um pouco distante mas não menos bonita, amizade.
— Há quanto tempo!
— Muito tempo! O que você faz aqui?
— Fugindo de São Paulo, e você?
— Estamos no mesmo barco. - Regina disse rindo enquanto envolvia o braço de Antônio. — Como você soube que eu estava aqui?
— O meu quarto é aquele ali. - apontou para a sacada. — Aí eu estava vendo essa festa quando te vi aqui sentada. Como você está, Regina?
— Estou muito bem. - mentiu, não era preciso expôr suas intimidades. — E você? Como veio parar aqui?
— Estou ótimo, obrigado por perguntar. - mentiu também, seguia os mesmos motivos da amiga. — Recomendação do Stênio, e você? Como conheceu essa paraíso?
— Susana me recomendou. - Fagundes fez uma expressão de compreensão que não passou desapercebida pela colega. — Não faz essa cara, eu sei o que aconteceu nos bastidores da última novela de vocês.
— Não aconteceu nada, Regina. - os dois se sentaram. Ele colocou o livro em cima da mesa e ela estendeu a mão pegando uma taça de espumante do garçom. — Apenas discordamos em alguns pontos.
— Você está sendo delicado, Fagundes, se fosse alguma discordância você não faria essa cara.
— Ora, mas é a verdade, querida. - disse enquanto olhava ao redor, tentando fugir dos olhares dados a ele pela menor.
— Humph... ok. - sorveu um pouco do líquido jogando os cabelos levemente ondulados pra trás. — Sobre o que é esse livro?
Horas se passaram enquanto os dois amigos conversavam colocando em dias os diversos assuntos. O diálogo transitou por amenidades, clima, trabalho, futuros projetos pessoais e profissionais, viagens, criação de gado assunto de Regina), plantação de milho e soja (assunto de Fagundes) e afins. Chegou uma hora que Regina escutou uma música que muito gostava e se levantou dançando com os braços abertos arrancando boas risadas de Antônio e chamando a atenção de alguns membros do lual que por ali também estavam, tanto que uma fã não hesitou em erguer o celular em haste e gravar Regina e Fagundes sentado com seu livro descansando em seu colo enquanto ria da graça da amiga.
![](https://img.wattpad.com/cover/205338259-288-k135794.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Teu corpo é meu texto
FanfictionRegina está recém separada e quer um tempo para ela. Antônio está se divorciando e deseja um momento para pensar. Mediante aos altos e baixos da vida, o que eles não esperavam é que encontrariam um no outro a chance de seguir em frente. História to...