REINÍCIO

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Mesmo diante do caos, um apocalipse seria bem-vindo aos olhos dela; uma ironia, considerando o turbilhão de emoções que a dominava. A incredulidade e o nervosismo a consumiam, fazendo com que se agarrasse à realidade por um fio, enquanto suas pernas trêmulas ameaçavam ceder a qualquer momento.

Confrontada pelo questionamento de seu ex-marido, ela varreu o ambiente com um olhar de 360°, buscando algum vestígio de apoio. Mas estava só; os outros presentes pareciam estátuas, imersos na expectativa do desfecho daquela cena tensa.

Buscando alguma centelha de calma em meio ao caos, ela encarou os dois homens à sua frente. Com uma respiração controlada, aproximou-se do fazendeiro, tocando-lhe as costas numa vã tentativa de transmitir tranquilidade.

— Sem alterações, Eduardo. - disse ela, com uma voz que lutava para se manter firme.

— Eu fiz uma pergunta! - retrucou ele, implacável.

— E se ela não quiser responder? - Antônio interrompeu, injetando-se na discussão que fervilhava.

— Não é da sua conta! - respondeu Eduardo, crispando os lábios.

— Vamos manter a calma. - Regina interveio. — Não precisamos disso agora.

— Sabia que falta muito pouco para eu encher a sua cara de soco? - Lippincott voltou sua atenção ao ator.

— O que você está esperando? - de forma cínica o homem estufou o peito colocando as mãos no bolso.

— Antônio, pelo amor de Deus! - a atriz tentou intervir ficando na frente do fazendeiro.

— Regina, licença. - o homem que já estava com o rosto ruborizado pela estresse afastou a mulher de sua frente.

— Não, Eduardo. - ela tentou novamente.

As faíscas da discórdia logo se transformaram em chamas. Lippincott direcionou sua ira a Antônio, e Regina, desesperada, tentou mediar. Foi André, com sua sugestão de um café da manhã civilizado, que trouxe um breve respiro na tensão.

— Pessoal, vocês não acham que a gente já passou por muito perrengue esses dias? - André aproximou-se do trio. — Vão querer incluir mais um na lista ou sentarem como gente civilizada à mesa e degustarem um bom café da manhã?

— Desculpa. - o homem de barba grisalha se rendeu. — Não foi minha intenção chegar dessa forma, mas este ser... - apontou para Eduardo. — Tira qualquer um do sério.

— Você é que me irrita com essa pose de galante. - o fazendo tentou peitar o ator, mas foi contido por Regina.

— Gente... por favor! - André tentou novamente ponderar a discussão. — Então Fagundes, como vai? - o primogênito seguiu na direção do ator. — A viagem foi boa? - o cumprimentou. - tentou mudar o assunto.

— Um pouco cansativa, mas foi boa sim. - sorriu sem mostrar os dentes.

— Aposto que você está com fome, né Fafa? - Gabriela questionou aproximando-se dos dois. — Deve ter saído cedo de São Paulo. - a mulher conversava com o ator, enquanto Regina tentava conter Eduardo.

— Sai pela madrugada. - coçou a barba. — Aliás, você poderia me dar um copo com água? - pediu a Gabriela.

— Claro. Me acompanha? - o homem assentiu e seguiu a mulher.

Na cozinha, Antônio e Gabriela compartilhavam um momento de calmaria, falando das turbulências recentes e do impacto positivo dele na vida de Regina. Ele se mostrou um porto seguro em meio à tempestade emocional que se desenrolava.

Teu corpo é meu textoOnde histórias criam vida. Descubra agora