Capítulo 9 - Quebra-Cabeça

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POV. Miguel

Carolina e eu moramos por quatro anos na casa de meus pais. Não tínhamos tantas despesas e nem precisávamos nos preocupar com contas, compras, impostos e outras coisas para pagar, mas sentíamos que aquele não era nosso espaço, sabe? Queríamos uma casa que pudéssemos chamar de nossa e sermos independentes, porque morar com os pais não é a mesma coisa, por mais que eu os amasse e Carol, também. 

Nossa vida no trabalho estava complicada, talvez mais do que está hoje, acho que a pequena diferença é a idade. Carolina ao conseguir os primeiros casos de sua carreira de advogada trabalhava o dia inteiro, passava algumas madrugadas em claro para revisar processos. Ela havia deixado de lado sua paixão por fotografia, porque simplesmente não lhe restava tempo.

Já eu passava meu dia atendendo pessoas que tinham para resolver alguns problemas financeiros, até conseguir um emprego em um grande escritório de contabilidade. Chegava em casa e ainda ajudava Lulu com seu dever da escola.

Apesar de todo o cansaço, eu ainda tinha meu sonho, não o deixaria de lado. Juntei dinheiro por três anos, para que eu e Carolina pudéssemos sair da casa de meus pais. Mas, antes de disso. Eu queria tornar tudo oficial. Queria me casar com ela, chamá-la de minha esposa e poder cumprir a promessa de estar ao lado dela em todos os dias da nossa vida.

Aquela era a nossa hora de sermos independentes. Termos nosso espaço e viver nossa vida.
Não era de agora esse meu sonho. Estive pensando nisso há anos, apenas esperando o momento certo, porque eu nunca tive dúvida de que ela é a mulher certa, e acredito que este é o momento certo.

- Quer fazer alguma coisa nesse fim de semana? –disse Daniel, sentando na mesa de uma padaria para tomarmos café da manhã. – A garota com que eu estava saindo se mandou, ao descobrir da outra garota que eu também estava saindo.

Balancei a cabeça em negativa.

- Tu é um idiota, hein? – falei.

- Pode sair ou não? – ele perguntou impaciente, já que estava acostumado de ouvir aquilo e mesmo assim não mudava.

- Nesse, não. – falei, enquanto colocava açúcar no meu café. – Nesse fim de semana, Carolina e eu teremos a casa apenas para nós dois.

Meus pais haviam viajado para Paquetá com Luísa, e Matheus, meu irmão, havia saído para dormir na casa de sua nova namorada. Sim, meu irmão já estava crescendo e virando um rapaz. Só tomara que ele saiba se controlar, porque acho que a Luísa já basta para os cabelos brancos dos meus pais. 

Daniel me lançou seu olhar malicioso, já insinuando o que eu pretendia. Eu ri.

- Eu quero aproveitar um tempo com ela, e também temos que resolver as coisas para finalizar a compra do apartamento. - respondi. 

- Que isso, velho! Até que enfim vai ter sua casa, hein! Não quer me levar junto com você, não. Juro que não faço bagunça. - ele brinca. 

- Claro, você vai ser o mascote da casa. - falo, entrando na brincadeira. 

- Vou ser o cavalinho da Lulu, isso sim. - ele diz como se estivesse indignado e rio. 

Ficamos em silêncio por algum tempo, terminando de tomar o café da manhã. Vejo um casal entrando, sorridente, de mãos dada  e fico os observando, pensativo. Eles já era mais velhos, deviam ter a idade de meus pais. Eles pareciam felizes, fiquei imaginando que já deviam ter filhos da minha idade e talvez, até netos. Já deviam ter passado por muitas coisas juntos. 

Olhando ali para eles, percebi que faltava alguma coisa para eu fazer antes de me mudar. 

- Daniel, o que tu acha de casamento? - perguntei. 

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