POV. Carolina
Saí da audiência com as mãos suando frio. Era outono no Rio de Janeiro,o que talvez não fizesse muita diferença na temperatura, mas parece que frente fria havia chegado pelo o que mostrava o termômetro de rua. Ele ficava bem entre o edifício empresarial e o estacionamento enorme que tinha ao lado, para onde eu estava indo. Fazia 24ºC. Talvez um dia tranquilo e sem calor para os cariocas normais, mas para mim, uma friorenta sem limites, já estava agasalhada só com o vento que bateu.
Miguel havia ficado no edifício conversando mais com o advogado dele, bastante preocupado. Eu não tinha mais nada para falar, então peguei minhas coisas e saí, ignorando desconforto que eu sentia. Fechei mais meu casaco quando vento frio soprou contra meu corpo.
Um casal passou ao meu lado abraçados. Só consegui pensar que agora eu estava sozinha. Nunca me importei com isso antes. Nunca fui aquele tipo de garota que precisa achar desesperadamente alguém, porque não aguenta ficar sozinha. Eu me bastava. Com todo esse tempo casada, acho que eu talvez tenha esquecido... Mas, vou tratar de lembrar logo, logo.
Enquanto entrava no estacionamento, peguei meu celular para fazer uma ligação. Chamou, chamou.
- E aí, o que está fazendo? - falei, quando ela finalmente atendeu.
Já estava há quinze minutos no restaurante esperando minha irmã.
Bia é minha irmã caçula, minha melhor amiga que está comigo não importa o que aconteça. Eu sou a irmã mais velha, só que muitas vezes era Bia que me dava um puxão de orelha. Ela tem um jeito maduro e calmo. Consegue conversar pacientemente com as pessoas, e conseguir tudo na base do diálogo.
Eu não. E só consigo ser advogada, porque minha motivação são meus filhos e minha independência, porque se eu não precisasse de nada disso seria fogo no parquinho.
Quando Bia e eu éramos pequenas, as crianças na escola amavam fazer bullying com a gente por conta do jeito da nossa mãe. Nunca fui de levar desaforo pra casa, então as crianças mexiam bem menos comigo. Mas quando mexiam com Bia, eu virava uma onça. Eu me metia em várias brigas com meninos e meninas pra defender minha irmãzinha e não estava nem aí por ser suspensa.
Não. Eu nunca fui uma pessoa fácil, mas graças à Deus sempre fui cercada de pessoas que tem paciência comigo. E Bia é uma delas.
Ela chegou no restaurante apressada e ofegante.
- Foi mal, acabei me atrasando pra tirar a hora de almoço. - Ela disse se sentando, meio esbaforida.- Mas e aí?
- Miguel e eu tivemos nossa primeira reunião sobre o divórcio. - falei, dando de ombros e Bia arregaloubos olhos, me encarando confusa.
- E você tá bem? - ela perguntou e apenas não sabia responder. Antes de tudo isso acontecer eu não estava bem e agora continuo não estando bem. Dou uma olhada no restaurante e vejo alguns casais jantando e suspiro.
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Saber Amar
RomanceO amor não basta para sustentar uma relação. Miguel aprendeu isso quando já tinha idade, quando talvez fosse tarde demais... O famoso "último dos românticos", Miguel acreditava muito bem na existência do amor da sua vida e que encontrou-o por acaso...