Capítulo 02 - Nosso primeiro beijo

126 12 21
                                    

Querido bebê,

Matt me ligou no dia seguinte. Ele não me fez esperar um século para fingir que não se importava muito, ele me ligou de manhã, como se nunca tivesse me esquecido.

- Alô – minha voz saiu fraca.

- Oi, Bianca.

- Oi.

- O que você acha de sair comigo?

- Hum... – Ponderei.

Eu já estava tão entregue, bebê. Eu não podia ser tão fácil assim.

- Não dá, sinto muito.

- Mas eu nem te falei o dia ainda.

- É, pois é, não estou interessada. Obrigada pelo convite.

Desliguei sem esperar por uma resposta. Você pode achar que eu queria me fazer de difícil, bebê, mas era mais do que isso. Eu sabia que ele tinha o mundo inteiro nas mãos e eu tive medo. Eu não queria ser mais uma.

Passei um tempo sem vê-lo. Olívia me convenceu de que era melhor daquele jeito e eu acreditei.

- Ele não é o cara pra você, Bi. – Ela ajeitou a jaqueta preta no corpo e continuou a copiar o slide.

- Eu sei.

Eu sempre soube. Eu posso te dar milhares de desculpas, mas não posso negar que eu sabia.

Quando saí da escola, Matt estava na esquina. Mandei uma mensagem para minha mãe esperar um pouco e fui até ele.

- Você desligou – ele falou. – De novo.

- O que você está fazendo aqui? Como você sabe onde eu estudo?

- Eu tenho minhas fontes – ele sorriu.

E que sorriso. Acho que o mundo inteiro parava para contemplar aquele sorriso.

- Por que não quer sair comigo?

- Por que... – Perdi-me nos glóbulos azuis por uns segundos, mas despejei as palavras rapidamente quando me recuperei. – Não. Porque você é problema. Você é errado e eu não vou fazer isso. Porque eu não sou mais uma. Porque nem todo mundo quer sair com você, sabia? Você não é a última Coca-Cola do pedaço.

Eu menti nas últimas partes e ele sabia.

- Ah – um sorriso malicioso apareceu dessa vez. – Eu sou sim. E para de mentir.

Revirei meus olhos.

- Vai cagar.

Ele gargalhou.

- É isso que você tem para mim? "Vai cagar" é a sua ofensa?

Senti o sangue encher minhas bochechas e ele percebeu. Eu não queria perder. Mordi meu lábio inferior para não sorrir, sentindo-me uma adolescente de doze anos.

- Sim, isso é tudo que você vai conseguir de mim. Mais nada, Matt. Adeus.

Virei-me sem ver sua reação e me considerei vitoriosa. Mas eu odiei isso, porque entrei no jogo dele sem nem perceber. Nunca, bebê, nunca deixe ninguém jogar com seu coração... ele vai acabar estatelado no chão.

Eu estava cansada de ouvir Victória narrar como ela foi pedida em namoro pela milésima vez. As meninas pareciam estar focadas na história, apenas Olívia parecia tão entediada quanto eu.

Sabe o que eu queria, bebê? Eu queria emoção. Eu queria borboletas no estômago e toda a baboseira que nunca havia experimentado. Eu deveria ter esperado, vivido a minha vida e procurado a felicidade sem depender das outras pessoas. Todavia não foi o que eu fiz. Eu me despedi das minhas amigas e mandei uma mensagem.

Corações Quebrados Onde histórias criam vida. Descubra agora