Querido Bebê,
Não vou detalhar todos os dias da minha vida, pois acho que seria extremamente entediante para você. Tentarei resumir esta história o máximo possível. Embora eu tenha afirmado que costumava pensar nas coisas que fazia, eu acho que sempre estive numa corda bamba entre a razão e a emoção. Eu costumava me equilibrar sobre essa corda, mas caía para um lado ou outro, às vezes. Eu sentia que Matt estava lá, me convidando a pular para o lado da emoção. E eu aceitei o convite.
Outros convites repousavam em minha mão. O fundo era preto e as letras, douradas. Dez entradas para a minha formatura. Cada formando só recebia cinco, mas eu havia conseguido dobrar o número com muito esforço. E um pouco de dinheiro. Meus pais, Eduardo, Caio, minha tia, meu primo e meus avós paternos. Um convite sobrando. Foi o mais difícil de conseguir, já que estava em cima da hora quando eu o adquiri. Olívia conseguiu para mim, mesmo que não gostasse muito de quem iria recebê-lo. Matt. Estava decidido. Fechei os olhos ao lembrar da última vez que o vi.
- Eu estou tão cansada, Matt – apoiei meu corpo sobre ele e os braços fortes me envolveram. – Não aguento mais estudar até a madrugada e depois passar o dia fazendo essas malditas provas. E não consigo arranjar um emprego decente.
As últimas semanas do ano escolar estavam sendo difíceis e eu não via a hora de dormir mais que algumas horas por noite. Como se as provas não bastassem, eu passava horas e horas procurando qualquer emprego que aceitasse uma jovem inexperiente e prestes a ter a rotina alterada pela faculdade. Ou não. A ansiedade em relação ao desconhecido futuro não ajudava em nada.
- Eu sei, amor – ele apertou os braços ao meu redor e passou a mão nos meus cabelos. Os olhos azuis me encararam, avaliando meu rosto. – Mas vai valer a pena, você vai conseguir. E vai ser a melhor psicóloga de Copélia, tenho certeza.
- Só de Copélia? – Fiz uma cara indignada e ele riu.
- Desde quando você precisa fazer corpo mole para ganhar elogios? – A voz dele era carinhosa, os dedos continuavam acariciando minha cabeça. – Não posso ficar enchendo muito sua bola porque senão seu ego não vai caber nessa cidade.
- Eu estou aprendendo com você – afastei-me um pouco para ver sua expressão facial.
- Eu acho que você já superou o mestre.
Ele me beijou da mesma forma de sempre: primeiro na testa, depois bochechas, nariz e, por fim, lábios.
- Eu aprendo rápido – arqueei uma sobrancelha. – Mas você não parece confiar tanto em mim.
Eu pedi que ele me contratasse para atender no bar, mas ele não deixou.
- Eu já disse que não é porque não confio – os olhos dele se reviraram. – O bar não é lugar para você trabalhar.
Me afastei e cruzei os braços. Passei os olhos pelos clientes do bar. Como de costume, algumas pessoas me encaravam. Eu estava começando a me costumar com aquilo. Com a atenção.
- Isso é tão machista e injusto!
- Seus pais me matariam e você sabe disso – ele pegou uma das minhas mãos e me puxou de volta para ele. – Não daria certo e não quero que sua família me odeie ainda mais.
- Eu sei – admiti, suspirando.
Eu sabia que ele estava certo e odiava insistir nisso, mas eu realmente queria muito um emprego. Não aguentava mais depender totalmente dos meus pais.
- Mas eu posso te ensinar outras coisas – ele sorriu maliciosamente.
- Não faço ideia do que você está falando – fingi.
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Corações Quebrados
RomanceBianca Lis nunca havia se apaixonado. Mas quando isso aconteceu, foi como cair de um precipício. Não foi só uma queda. Ela se jogou com tudo. E, tarde demais, percebeu que a única parte boa de cair era aquela sensação efêmera de voar. Chegar ao chão...