Capítulo 05 - A polêmica dos convites e como eu conheci Olívia

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Querido Bebê,

Não vou detalhar todos os dias da minha vida, pois acho que seria extremamente entediante para você. Tentarei resumir esta história o máximo possível. Embora eu tenha afirmado que costumava pensar nas coisas que fazia, eu acho que sempre estive numa corda bamba entre a razão e a emoção. Eu costumava me equilibrar sobre essa corda, mas caía para um lado ou outro, às vezes. Eu sentia que Matt estava lá, me convidando a pular para o lado da emoção. E eu aceitei o convite.

Outros convites repousavam em minha mão. O fundo era preto e as letras, douradas. Dez entradas para a minha formatura. Cada formando só recebia cinco, mas eu havia conseguido dobrar o número com muito esforço. E um pouco de dinheiro. Meus pais, Eduardo, Caio, minha tia, meu primo e meus avós paternos. Um convite sobrando. Foi o mais difícil de conseguir, já que estava em cima da hora quando eu o adquiri. Olívia conseguiu para mim, mesmo que não gostasse muito de quem iria recebê-lo. Matt. Estava decidido. Fechei os olhos ao lembrar da última vez que o vi.

- Eu estou tão cansada, Matt – apoiei meu corpo sobre ele e os braços fortes me envolveram. – Não aguento mais estudar até a madrugada e depois passar o dia fazendo essas malditas provas. E não consigo arranjar um emprego decente.

As últimas semanas do ano escolar estavam sendo difíceis e eu não via a hora de dormir mais que algumas horas por noite. Como se as provas não bastassem, eu passava horas e horas procurando qualquer emprego que aceitasse uma jovem inexperiente e prestes a ter a rotina alterada pela faculdade. Ou não. A ansiedade em relação ao desconhecido futuro não ajudava em nada.

- Eu sei, amor – ele apertou os braços ao meu redor e passou a mão nos meus cabelos. Os olhos azuis me encararam, avaliando meu rosto. – Mas vai valer a pena, você vai conseguir. E vai ser a melhor psicóloga de Copélia, tenho certeza.

- Só de Copélia? – Fiz uma cara indignada e ele riu.

- Desde quando você precisa fazer corpo mole para ganhar elogios? – A voz dele era carinhosa, os dedos continuavam acariciando minha cabeça. – Não posso ficar enchendo muito sua bola porque senão seu ego não vai caber nessa cidade.

- Eu estou aprendendo com você – afastei-me um pouco para ver sua expressão facial.

- Eu acho que você já superou o mestre.

Ele me beijou da mesma forma de sempre: primeiro na testa, depois bochechas, nariz e, por fim, lábios.

- Eu aprendo rápido – arqueei uma sobrancelha. – Mas você não parece confiar tanto em mim.

Eu pedi que ele me contratasse para atender no bar, mas ele não deixou.

- Eu já disse que não é porque não confio – os olhos dele se reviraram. – O bar não é lugar para você trabalhar.

Me afastei e cruzei os braços. Passei os olhos pelos clientes do bar. Como de costume, algumas pessoas me encaravam. Eu estava começando a me costumar com aquilo. Com a atenção.

- Isso é tão machista e injusto!

- Seus pais me matariam e você sabe disso – ele pegou uma das minhas mãos e me puxou de volta para ele. – Não daria certo e não quero que sua família me odeie ainda mais.

- Eu sei – admiti, suspirando.

Eu sabia que ele estava certo e odiava insistir nisso, mas eu realmente queria muito um emprego. Não aguentava mais depender totalmente dos meus pais.

- Mas eu posso te ensinar outras coisas – ele sorriu maliciosamente.

- Não faço ideia do que você está falando – fingi.

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