Capítulo 03 - Primeiro encontro

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Querido bebê,

Seus avós sempre me amaram muito. Não posso negar isso. Mas, como vários casais bem-sucedidos, eles não tinham muito tempo para mim. Eles não eram aqueles pais que nunca vão nas formaturas da escola ou esquecem dos aniversários dos filhos, porém eles não estavam comigo todos os dias. Era Elena, a babá, que fazia meu almoço, me ajudava com a tarefa da escola e contava histórias para eu dormir.

Embora eu queira dizer que não os culpo, eu culpo sim. Eu queria que meu pai tivesse me levado para o escritório e que tivesse largado os malditos papeis e contratos para brincar comigo. Eu queria que minha mãe estivesse lá para dizer que eu era linda quando Dante, minha primeira paixão da infância, jogou uma banana em mim e disse que eu fedia.

Eu tinha Eduardo, é claro... seu tio. Ele sabia a falta que nossos pais faziam e tentava me distrair. Mas, no fim, isso não era suficiente para que eu me sentisse amada, mesmo que eles dissessem as três palavras com frequência. Dizer não é o mesmo que mostrar.

Então... Matt apareceu. E ele me mostrou. Ah bebê, eu sou só uma garota de dezoito anos desabafando, me desculpa. Prometo que essa história vai chegar em algum lugar e espero que, até o final, eu entenda e aceite as minhas escolhas. E que você o faça também.

Eu confesso que contei as horas para que sábado chegasse. Coloquei uma blusa branca que tampava meus braços, mas deixava meus ombros a mostra, uma calça vinho e saltos pretos. Passei um batom vermelho escuro e fiz cachos no cabelo. Cinco minutos depois das oito, ouvi as batidas na porta.

- Oi – abri a porta.

Ele estava com uma calça jeans preta e blusa polo da mesma cor.

- Oi, amor – ele sorriu, avaliando-me da cabeça aos pés. – Você está muito gata.

Revirei os olhos, fingindo que não amava cada elogio vindo dele.

- Para onde vamos?

- É surpresa. – Ele entrelaçou nossas mãos e me guiou para a sua moto, estendendo o capacete em seguida. – Segura firme.

Sentei atrás dele e coloquei os braços ao seu redor. Ele acelerou e ouvi sua risada quando apertei meus braços ainda mais.

- O que achou da aventura? – Perguntou enquanto eu entregava o capacete, observando o local escolhido por ele.

- Emocionante – sorri, ainda sentindo a adrenalina percorrer meu corpo.

Acho que eu gostava disso. Estar com Matt era andar de moto. Eu tinha medo de cair o tempo todo, mas eu amava o frio na barriga e a paisagem borrada do caminho.

Um sorriso cruzou seus lábios quando ele ouviu minha resposta. Ele me puxou pela cintura e me beijou. De repente e vagarosamente.

- Ei – reclamei, afastando-me enquanto ria. – Ainda não chegamos nessa parte.

- Desculpa – ele beijou minha bochecha, puxando-me contra ele mais vez. – Eu não consigo controlar.

Então ele me olhou como se eu fosse o mundo inteiro e beijou minha outra bochecha, minha testa e meus lábios.

- O que achou?

Fechei os olhos enquanto mastigava, fazendo um som de aprovação.

- Muito bom – bebi um pouco do vinho. – Meu Deus, eu poderia comer isso o dia inteiro. Como eu nunca pedi esse prato?

- É novo – ele sorriu e apontou para o restaurante. Várias coisas haviam mudado no restaurante que eu conhecia com a palma das minhas mãos. As mesas e cadeiras, que antes eram de vidro, agora eram de uma madeira rústica, o que me lembrava o bar de Matt. Um cantor cantava uma música lenta e alguns velhinhos dançavam numa pista iluminada. – Acho que eles finalmente adaptaram o restaurante para o público de Copélia.

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