Querido bebê,
Quando minha mãe tinha dezenove anos ela viu uma estrela cadente pela primeira e última vez em sua vida. Ela não sabia se acreditava na tradição, mas fez um pedido mesmo assim. Ela desejou ser feliz. Ela me disse que tudo que sempre quis foi ser feliz, porque – no fim das contas – o resto não importa. Não importa se você tem um emprego que paga muito ou se está desempregado, não importa se você está casado ou solteiro, não importa se você conheceu o mundo inteiro ou se nunca saiu da cidade em que nasceu... o que importa é se você foi feliz. E hoje, bebê, eu finalmente entendi isso. Hoje, eu escolhi ser feliz.
É por isso que estou escrevendo esta carta. Porque um dia você vai me perguntar quem é o seu pai, por que você nunca o conheceu, por que eu fiz o que fiz e milhares de outras coisas. E, então, você entenderá os meus motivos. É o que espero, pelo menos.
Começarei do começo. Eu era uma boa aluna na escola. Minhas notas eram medianas e eu tinha um grupo de amigas que estavam sempre comigo. Embora eu não passasse muito tempo com a minha família, eles me amavam. Eduardo, meu irmão mais velho, era a pessoa mais próxima de mim na face da Terra. Nós brigávamos muito, mas nos conhecíamos como ninguém. Tudo isso está no passado porque, bem, tudo mudou.
Tudo mudou quando eu conheci seu pai. Eu estava no final do Ensino Médio, prestes a me formar, quando o vi pela primeira vez. Minhas amigas haviam insistido para que eu fosse com elas em um show.
Eu estava dançando uma música agitada quando ele apareceu. Meu corpo estava suado e a camiseta branca grudava na minha pele. Mas seu pai... ele estava incrível. Ele sempre estava. O cabelo escuro contrastava com a pele branca, os olhos azuis como oceano pareciam esconder todos os segredos do mundo, um dos seus braços era todo tatuado e ainda havia aquele sorriso. Ah, o sorriso do seu pai. Era um sorriso de lado, perfeito para alguém como ele. Eu soube, imediatamente, que ele era o cara errado. Ele era o perfeito bad boy dos filmes e eu era a garota certinha. Ah, bebê, era tão clichê. Eu sabia que não deveria me envolver.
- Oi – ele sorriu, expondo os dentes perfeitos. A música estava alta e ele estava gritando. – Eu sou o Matt.
- Bianca – minha voz também saiu alta.
Nós não conseguiríamos conversar ali. Ele fez um celular com a mão e eu entreguei-lhe o meu, após destravar. Ele deslizou os dedos pela tela e me devolveu. Ele havia salvo seu número. Eu sorri quando levantei a cabeça, mas ele já havia sumido.
Quando contei para minhas amigas, elas não acreditaram que eu nunca havia ouvido falar dele. Copélia é uma cidade pequena e, pelo visto, Matt era um rei. Ele era dono do bar mais popular da cidade. Não era surpresa que eu não o conhecesse, já que não frequentava bares.
Eu te falaria mais das minhas amigas, mas não acho que importa, pois todas acabaram virando as costas para mim. Sabe, bebê, tenha muito cuidado com seus amigos. Eles podem te levantar, mas também podem te jogar de uma ponte. Escolha bem.
Olívia foi uma exceção. Olívia não se encaixava em nenhum padrão. Ela estudava e lia, porém não era nerd. Ela vestia roupas pretas, mas não era gótica ou rebelde. Ela era ela mesma, nunca deu a mínima para o que os outros pensavam.
Ela era a minha Cristina Yang, a minha pessoa. Ela era.
Eu passei o dia seguinte à balada pensando se deveria ligar ou não. Eu liguei.
- Alô – ele atendeu.
- Ahn... oi. É a Bianca.
- Oi, Bianca. Estou feliz que ligou.
Eu meio que surtei, arrependi-me de ter ligado, e desliguei na cara dele. Não o vi por uma semana, até que minhas antigas amigas decidiram que eu precisava ir ao famoso bar.
Quando cheguei, não encontrei Matt. Sentei-me num banco e fiquei observando as meninas darem em cima de alguns caras e dançarem. Olívia se sentou ao meu lado e pediu uma bebida. Ela odiava aquele tipo de ambiente e ficou me vigiando o tempo todo. Eu não odiava, afinal, eu havia acabado de conhecer. O bar era todo marrom e as mesas e cadeiras eram de madeira, era meio rústico. Eu não vou mentir, era legal, bebê. Mas lembre-se, no futuro, que nem tudo que você gosta de cara é bom para você. Eu gostei mesmo do seu pai... e olha aonde isso me levou.
Então, ele apareceu. Ele entrou e foi como se todos parassem para testemunhar sua chegada. Não havia uma alma naquele bar que não o percebia.
Ele era incrível, bebê.
Várias pessoas o cumprimentaram. Eu fiquei parada, sem conseguir tirar os olhos dele por um minuto. Ele me notou quando passou para a parte interior do balcão, a fim de ajudar a servir os clientes. Os poucos bancos vazios que restavam se encheram de garotas em segundos.
- Você desligou na minha cara – ele foi direito ao assunto.
Enquanto eu processava suas palavras, ele colocou uma bebida na minha frente.
- Desliguei – soei patética.
- Por quê?
- Não sabia o que dizer.
Droga. Eu queria controlar o que sai da minha boca, mas essa nunca foi minha melhor habilidade. Ele sorriu de lado com a minha resposta.
- É para você.
- O quê?
- A bebida.
Eu nunca havia bebido. Afinal, meus pais eram cristãos e eu não queria desapontá-los. Encarei o líquido desconhecido e tomei um gole. O gosto não era dos melhores, mas eu tomei mesmo assim.
- Obrigada.
Então, ele sorriu e foi atender outra pessoa. Uma ruiva inclinou-se sobre o balcão e falou algo nos ouvidos dele. Ele colocou um copo entre eles e ela o beijou. Ele se afastou uns instantes depois e saiu, como se aquilo acontecesse sempre.
Não sei dizer o que a cena provocou em mim. Eu poderia ter ficado triste, mas a verdade era que mal havia falado com ele. Olívia fez uma expressão de desgosto e disse que ele não valia a pena. Fingi que nada havia acontecido.
Eu terminei minha bebida e considerei dançar, porém Olívia murmurou que queria ir embora e eu cedi. Quando me levantei, Matt se aproximou correndo.
- Ei – ele falou alto. – Eu posso te ligar?
Ele queria me ligar. Eu fiquei lisonjeada, bebê. Não foram borboletas, mas senti algo nascer dentro de mim.
- Ahn... claro.
- OK.
Eu mal consegui dormir naquela noite. Eu fiquei pensando em nós dois, criando cenários do futuro na minha mente, alimentando expectativas. Essa é uma coisa sobre expectativas. Elas te deixam nas nuvens... você pode voar, mas também pode cair e quebrar a cara. Eu caí. Eu caí... e quebrei todas as partes de mim.
♠♠♠
Olá, amores da minha vida! O que acharam? O que será que aconteceu com a nossa Bianca?
Gostou do capítulo e quer logo o próximo? Deixa sua estrelinha, seu comentário e divulgue a história para seus amigos!! Vai me ajudar muuuuuuito e com certeza vai me motivar!
XOXO,
Lari.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Corações Quebrados
RomanceBianca Lis nunca havia se apaixonado. Mas quando isso aconteceu, foi como cair de um precipício. Não foi só uma queda. Ela se jogou com tudo. E, tarde demais, percebeu que a única parte boa de cair era aquela sensação efêmera de voar. Chegar ao chão...