Capítulo 10 - Última carta

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Querido bebê,

Estou olhando para você agora, no seu berço, e não consigo parar de chorar. Definitivamente, a parte de mim que não chorava ficou para trás. Você é tão linda. Você é muito, muito mais do que eu sonhei.

Não foi fácil. Quando deixei seu pai, descobri que já estava com cerca de três meses. Não consegui voltar para minha casa naquele dia, então fui atrás de Olívia. E, como sempre, ela me aceitou de braços abertos. Contei que estava grávida e ela me abraçou até que eu não tivesse mais lágrimas. "Pode contar comigo", ela sussurrou, e ficou comigo até eu adormecer. Os pais dela me acolheram e respeitaram minha decisão de manter a gravidez em segredo por um tempo, desde que não fosse para sempre. Entrei em contato com a Lara, também, e pedi que ela me ajudasse e me acompanhasse.

Liguei para os meus pais e voltei a conversar com eles, mas me mantive afastada por um bom tempo. Eu não tinha coragem de encará-los. Em agosto, quando já estava no sexto mês de gestação e minha barriga parecia uma bola de futebol, decidi ir para casa. Eu estava tão nervosa. Disse que tinha algo muito importante para dizer e que estava pronta para voltar. Pedi que todos estivessem lá quando eu chegasse. Minha mãe chorou ao telefone. Quando ela abriu a porta e me viu, a surpresa e o choque foram evidentes, mas ela me abraçou e chorou. As lágrimas me ensoparam e se misturaram às minhas próprias. Não sabia o quanto eu sentia falta do abraço dela. Ela me levou até a sala, onde meu pai, Du e Caio me aguardavam. Pensei que meu pai resistiria no início, porém todos eles tiveram a mesma reação de minha mãe, e ficamos abraçados por um longo tempo. Caio, por sua vez, perguntou como eu havia engordado tanto e se eu tinha comido um elefante. Nós tivemos uma longa e séria conversa, cheia de emoções, sobre tudo. E, hoje, eu sei que eles me amam. Eles sempre me amaram, mas não sabiam demonstrar da maneira que eu precisava. Para eles, eles estavam mostrando, entende? Mas as nossas linguagens de amor eram distintas. Eu precisava de toque, de tempo e de palavras, enquanto eles demonstravam o amor por meio de atos de serviço e presentes. Contei que gostaria que eles fossem mais próximos, que passássemos mais tempo juntos, e eles concordaram. Eles me pediram perdão por terem falhado e eu também pedi.

Tive que trancar a faculdade, pois eu estava morando na casa de uma amiga, sem emprego e grávida. Mas fiz isso com a certeza de que iria voltar e concluir o curso que era meu sonho. Todavia, isso não foi nem de perto tão difícil quanto me afastar de Matt. Ele me ligou incansavelmente por vários dias. Ele foi a minha casa, achando que eu estava lá. E eu chorava todas as noites, pensando em como ele devia estar sofrendo. Eu sentia falta da voz dele, da risada, do sorriso, dos abraços, dos beijos, das piadas... de tudo. Até mesmo de quando ele lambia a minha cara na frente de todo mundo para me fazer rir. Eu sonhava com ele, com seus beijos sobre minha testa, bochechas e nariz, e acordava desesperada quando sonhava com um episódio. Eu esticava o braço, tentando senti-lo, e ele não estava lá. E eu orava, todas as noites, para que ele se encontrasse, encontrasse Deus, encontrasse paz. Orava para que ele não tivesse mais episódios e para que ele não desistisse das pessoas. Para que não desistisse do amor. Depois de um mês me ligando todos os dias, ele parou.

Sei o que você deve estar pensando, que eu sou uma pessoa terrível, mas preciso te dizer que essa foi a única maneira para mim. Eu não podia ceder, porque tinha certeza de que, assim que ouvisse a voz dele ou colocasse meus olhos sobre ele, eu voltaria atrás. Além disso, coloquei tudo na carta. Expliquei a conversa que tive com Lara e disse que precisava me curar, assim como ele. Falei que eu nunca conseguiria colar os pedaços do coração quebrado dele, assim como ele não seria capaz de me completar. Pedi, implorei para que ele procurasse ajuda. Deixei números de psicólogos, psiquiatras, pastores e até mesmo de Eduardo. E, por fim, disse que eu o amava. Talvez, eu sempre o amarei, mesmo que eu ainda não saiba bem o que é amor e o que é para sempre. Não sei se alguém pode definir o que é amor. Talvez o amor seja mil coisas diferentes. Talvez exista mais de um tipo de amor. Porém, quando olhei para aqueles traços vermelhos que indicavam positivo, o amor pareceu ser escolha. E eu escolhi você. Escolhi você e escolhi a mim mesma. Escolhi lutar para que você tivesse certeza de que é amada e completa, e que não precisa de alguém para provar seu valor.

Em relação a você, não posso dizer que foi tudo maravilhoso desde o início. Eu morria de medo de ter um bebê e não era a mesma pessoa do passado. Eu havia mudado muito naqueles meses com Matt, mas a menina inocente que restava em mim decidiu amar você. E a mulher que eu havia me tornado decidiu lutar por você. Ah, bebê, você me fez ter esperança, você me deu um motivo para dar o próximo passo. Um passo de cada vez. No meu aniversário, dia 19 de agosto, vi minha primeira estrela cadente. Desejei sempre ter um motivo para continuar lutando. Desejei esperança. E desejei que seu pai a encontrasse também.

Eu amo você, Hope. Nunca duvide. E nunca duvide de você.

Mamãe.

♠♠♠ 

Eiii, pessoas! O que acharam desse final? 

Ainda vai ter o epílogo, então não tirem a história da biblioteca!! Pergunta rápida para ser respondida com honestidade: quem leu CE e CQ, preferiu qual deles?  Depois eu conto minha opinião para vocês, mas podem ser sinceros!

Ainda vai ter o epílogo, então não tirem a história da biblioteca!! Pergunta rápida para ser respondida com honestidade: quem leu CE e CQ, preferiu qual deles?  Depois eu conto minha opinião para vocês, mas podem ser sinceros!

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Obrigada a todos que chegaram até aqui!

XOXO,

Lari.

Corações Quebrados Onde histórias criam vida. Descubra agora