Querido bebê,
Acho que ainda amo seu pai. Eu choro em cada carta que escrevo para você, porque lembrar ainda dói. Afastar-me dele me machucou e as feridas que a nossa história deixou em mim ainda não cicatrizaram. Naquela noite, eu não sabia o quanto o passado dele o afetava. Algumas coisas ele nunca me contou. Eu demorei a descobrir que ele tinha pesadelos. Às vezes, ele acordava com o rosto e a camisa encharcados e me abraçava até adormecer novamente. Eu queria ser a cura para o coração quebrado dele, pois vê-lo sofrer estilhaçava o meu próprio coração. Esse foi um dos motivos para eu ter me mudado para a casa dele, ou melhor, ter continuado na casa dele. Mas estou adiantando tudo, deixe-me voltar um pouco.
A minha turma do terceiro ano escolheu uma viagem de duas semanas no lugar da festa de formatura. Nós iríamos para Belmo, a cidade do litoral mais próxima de Copélia. Cada estudante poderia levar um acompanhante e, como eu sabia que meus pais jamais aceitariam que eu levasse Matt, convidei Eduardo. A maioria das minhas amigas eram da minha sala, então não havia ninguém mais que eu quisesse realmente levar.
Notei, em poucos dias, que Eduardo se sairia muito bem sem mim na viagem. Ele se aproximou de alguns meninos da minha sala e, principalmente, de Emanuelle, a garota que mencionei anteriormente (a que ele estava encarando, lembra?). Achei ótimo no começo, preferia passar meu tempo com Olívia e mandar mensagens o tempo todo para Matt. Eu não conseguia evitar.
Bianca: hoje eu comi um camarão sensacional. Você iria amar.
Matt: que nojo.
Bianca: hahaha
Matt: eu nunca mais vou te beijar.
Bianca: entre você e o camarão, eu escolho o camarão. É muito mais satisfatório.
Matt: vou me lembrar disso quando você quiser provar minha deliciosa língua.
Bianca: que horrooooor, vou ter que apagar essa mensagem.
Matt: aposto que você tira print de todas essas mensagens inapropriadas.
Bianca: eu nunca faria isso. Totalmente inapropriado.
Matt: como foi seu dia?
Bianca: hmm, além de comer camarão, passei a tarde na praia. Ah, lembrei de algo muito engraçado, vou te mandar um áudio.
*áudio*
Matt: hahahaha
Bianca: não sei se você queria saber os detalhes, mas eu tinha que contar para alguém.
Matt: eu amo a sua voz e amo te ouvir falar.
Bianca: para de dar em cima de mim.
Matt: amo você.
Assim que bloqueei o celular, com um sorriso bobo no rosto, vi que começava a escurecer. Faltava dez minutos para as sete horas, o horário em que eu encontraria o Du para fazermos alguma coisa. Ele queria passar um tempo comigo, já que andávamos distantes um do outro.
- Vou encontrar o Eduardo. – Avisei Olívia.
Ela desviou os olhos do celular e assentiu. Vesti uma blusa de frio vermelha e saí do quarto que dividíamos com Victória e Hannah.
A música ressoava bem mais forte do lado de fora do quarto. Mesmo sem me aproximar, percebi que a festa daquela noite estava agitada. Apenas uma pessoa nadava na enorme piscina, enquanto várias dançavam ou se pegavam nos arredores. Eu teria que atravessar a festa para chegar no quarto de Eduardo, onde eu deveria encontrá-lo para fazer o que quer que sua mente tivesse planejado.
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Corações Quebrados
RomansaBianca Lis nunca havia se apaixonado. Mas quando isso aconteceu, foi como cair de um precipício. Não foi só uma queda. Ela se jogou com tudo. E, tarde demais, percebeu que a única parte boa de cair era aquela sensação efêmera de voar. Chegar ao chão...