Capítulo 04 - Deu errado, mas sonhe comigo

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Acordei com a cabeça latejando. Meus olhos não queriam se abrir e eu não fazia ideia de onde estava. Flashes da noite anterior passeando pela minha mente.

Trinta minutos antes de ele sair para algum compromisso, avisei Du que sairia com alguém. Ele perguntou quem e não gostou muito da minha resposta.

- Quantos anos ele tem?

- Vinte quatro, eu acho – tentei disfarçar o nervosismo na minha voz.

- Esteja em casa às onze – o seu olhar estava firme e a voz, autoritária.

- Jesus – revirei os olhos. – Você não é meu pai, Du.

Porém nós dois sabíamos que ele significava mais do que meu pai para mim. Era ele quem conferia as minhas notas na escola e perguntava se algo estava errado quando eu ficava calada demais. Fiquei na ponta dos pés e depositei um beijo em sua bochecha.

- Mas voltarei às onze para você ficar feliz.

Pensei em Matt e fiquei aliviada ao constatar que Eduardo não estaria em casa quando ele chegasse para me buscar. A jaqueta preta e a moto provavelmente não seriam aprovadas por Eduardo. Ele era um pouco mais... clássico. Notas ótimas, nada de festas, roupas normais e faculdade de medicina. O filho perfeito que eu jamais seria, não importa o quanto tentasse. Eu o amava, mas era difícil viver a sua sombra às vezes.

Em seguida, lembrei de Matt assobiando quando eu contei sobre a minha família.

- A família perfeita.

- É... Não posso reclamar. Mas meus pais nunca passaram muito tempo comigo, então sempre fui mais próxima do meu irmão.

- Você parece gostar muito dele – os olhos dele pareciam me admirar, como se ter uma família fosse a coisa mais rara do mundo e eu me senti culpada por algum motivo.

- Sim – eu sorri. – Gosto mesmo. Nós brigamos pra caramba, mas eu não viveria sem ele.

- Sei como é – ele terminou de comer. – Tenho um amigo que é como um irmão para mim. Bruno. Ele já me tirou de muita merda, está sempre comigo, mesmo que encha o saco às vezes.

- Exatamente – eu ri. – Vamos dançar?

Ele pegou minha mão enquanto se levantava. Ele fazia isso tão naturalmente, como se nós andássemos de mãos dadas todos os dias por aí.

Começamos a dançar a música agitada que agora tocava. Matt colocou as mãos ao redor de minha cintura, deixando-me sempre próxima dele. Segurei em seus ombros, rindo enquanto ele cantava um trecho da música que eu não conhecia. Mas eu mal podia ouvir a voz dele, já que o lugar ficava mais lotado a cada segundo, com mais pessoas empolgadas dançando.

- Quer beber alguma coisa? – Ele perguntou, elevando a voz.

Assenti. Quando ele voltou com alguma bebida, virei tudo de uma vez. E de novo e de novo.

- Isso é tão incrível! – Falei alto, rindo.

- O quê? – Ele riu também, olhando para mim como se eu fosse a coisa mais bela do mundo. As suas feições sempre mudavam quando eu gargalhava, os olhos brilhavam e ele sorria.

Acho que isso foi o que me conquistou. Com seu pai, eu me sentia adorada. Eu sentia que, finalmente, eu era a pessoa mais importante para alguém. Eu virei o mundo de alguém. E ele virou o meu.

- Dançar! – Respondi. – Eu amo dançar!

- Você está tão bêbada – ele sorriu e me deu um beijo na bochecha. – Vamos embora. Você nem bebeu tanto assim, desculpa, não teria de dado tanto se soubesse.

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