Time to Pretend [Juliantina AU]

Void

►Void - The Neighbourhood

I wonder how I got by this week

I only touched you once

Lately I can't find a beat

I used to feel the rush

And now I need you to feel the vibe

I need you to see the point

I need you to feel alive

I need you to fill the void

I need you to fill the void

I need you to fill the void

You paralyze me every time

I try to find some paradise

I've got to fill the void

And now I'm paranoid

■

O dia já estava claro quando Juliana finalmente destrancou a porta de seu apartamento e entrou em casa arrastando os pés. Suas roupas, seus tênis, sua pele e até mesmo seu cabelo estavam cobertos por grãos dourados de areia. Havia um brilho visível em seu rosto, em parte por conta do suor; em parte por conta de uma alegria velada, que se manifestava de forma tão sutil quanto uma conspiração.

— Não ouse pisar na minha sala desse jeito! — bronqueou Lucía, saltando do sofá. O movimento brusco fez com que sua amiga pulasse de susto.

— Caralho, Lucía! Você quer me matar? — berrou Juliana, sobressaltada.

— Cariño, você é que quer me matar deixando uma trilha de areia no meu tapete. — respondeu Lucía, caminhando apressadamente até a cozinha — Não se mexa.

Foi só quando sua colega de apartamento retornou empunhando vassoura, pá e uma sacola plástica que Juliana foi capaz de reparar que ela vestia seu pijama preferido e um par de pantufas de hipopótamo. O visual sugeria que a atriz já estava em casa há um bom tempo.

— Enfie sua roupa aqui. — instruiu Lucía, entregando o saco para ela — Coitada da pessoa que te trouxe com esse monte de areia, o carro dela deve estar imprestável.

O comentário foi uma constatação sincera, mas também um questionamento discreto. Estava curiosa para saber tudo o que aconteceu desde o momento em que se perderam na festa.

Embora não fosse difícil supor.

— Vim de Uber. — murmurou Juliana, começando a se despir.

De certa forma, era verdade. E de outra forma, era um disfarce para a verdade que realmente importava.

Ninguém precisava saber que dividiu a viagem com Valentina, e que passou todo o trajeto mantendo seus cinco sentidos ocupados demais para se preocupar com a sujeira que faziam no veículo.

— Aposto que vai ter que pagar uma fortuna de taxa de limpeza. — comentou Lucía, ao mesmo tempo em que varria a areia que a morena já tinha espalhado pelo cômodo.

Na verdade, era mais provável que Valentina fosse banida do aplicativo depois da pequena falta de controle que protagonizaram por todo o caminho da praia até o prédio de Juliana.

Mas esse era outro detalhe que a morena preferia guardar para si mesma.

— Preciso te falar uma coisa. — introduziu Juliana, apenas de calcinha e sutiã, dando um nó firme para fechar a sacola plástica que continha o resto de suas roupas e um bocado de areia — Fiquei com a Valentina.