Mistaken

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Mistaken - Tove Lo

I know I get all up in my head about it

But it won't last

I blow it way out of proportion, hey

I know I get all up in my head about it

But it won't last

I hate to lose to my emotions

I think you like the way she kissed you better

Maybe I'm mistaken

I think you loved the way you looked together

Maybe I'm mistaken

I can tell myself it doesn't matter

But it's hitting my heart

I think you're sleeping with me dreaming 'bout her

I hope I'm mistaken

De repente, Juliana se flagrou pensando em como seria sua vida se convivesse com um quadro de sinestesia e associasse cores a sentimentos.

Valentina seria um vermelho intenso e flamejante. O mesmo tom do desejo pujante de invadir a cabeça dela para entender como tudo funcionava; do solavanco no coração sempre que escutava a risada ressonante e expansiva; do calor estranhamente familiar e reconfortante do corpo dela quando estavam perto demais; da impressão absurda de que a roqueira era capaz de mexer com cada centímetro dela quando estavam na cama; das observações sobre o funcionamento do universo e o sentido das coisas; de tudo que não experimentava com mais ninguém, inclusive a urgência de esquecer tudo o que viveram de uma hora para a outra, só para não ter mais que conviver com aquele pandemônio confuso que se agitava dentro dela sempre que pensava na loira.

Krista seria um verde-água tranquilo como uma tarde de domingo. O mesmo tom das conversas banais e previsíveis sobre programas de televisão, estágios, provas da faculdade e dilemas particulares totalmente rotineiros e mundanos; do sotaque provinciano de quem não viveu em cidades grandes a vida inteira; do toque seguro e firme, que nunca pegava Juliana de surpresa e nem a fazia perder a noção de tempo e espaço; das piadas óbvias e sem grandes complexidades, que provocavam risadas pela bobagem despretensiosa da coisa em si; dos diálogos sobre política e cultura pop sem desafios, já que ambas concordavam em tudo e não havia espaço para grandes debates; da facilidade de uma vida que poderia ser como uma manhã no parque: enfadonha, mas calma.

Juliana estava pensando nisso enquanto Krista contava uma fofoca qualquer sobre uma das garotas que dividiam apartamento com ela. As duas compartilhavam uma porção extra-grande de batatas fritas numa pequena hamburgueria na San Vicente Boulevard.

Conforme o combinado, Krista foi à casa de Juliana naquela noite, algumas horas depois do fim da gravação do podcast. Lucía não estava — tinha saído para jantar com Eva em um restaurante cujos pratos mais caros equivaliam ao valor de sua bolsa mensal do mestrado. Juliana passou duas longas horas dançando ao redor do que precisava contar para sua amiga colorida, sem nunca conseguir dizer. Por fim, sugeriu que saíssem para comer, apenas porque seu transtorno de ansiedade implorava por ar fresco e um pouco mais de tempo para criar coragem.

Não sabia por que estava tão nervosa. No fundo, tinha certeza de que Krista não ia levar a novidade tão a sério. Era sempre compreensiva e serena, e não seria diferente daquela vez.

O problema estava, como sempre, em verbalizar qualquer coisa relacionada à Valentina. Parecia que, quanto mais falasse no assunto, mais concreta e impossível de ser relativizada a situação se tornaria.

Time to Pretend [Juliantina AU]Where stories live. Discover now