►Narcissist - No Rome ft. The 1975
Took a picture of all my flaws
Or you can take a video on your phone
And you know that I would talk
But I'm too afraid to pick you up and go home
I'm feeling Dazed like a magazine
Finding my own sanity
Wishing it'll all go away
Now we're smoking off the balcony
You're telling me profanities
Maybe it was never okay
■
Juliana já tinha transitado por cada canto da mansão de Valentina em outras ocasiões. Viveu tantas coisas ali que era como se suas memórias fossem parte da mobília.
A piscina externa, por exemplo, era ornamentada pela madrugada em que sentou na grama com os pés submersos na água, assistindo a dona da casa nadar de uma ponta a outra, se aproximando de tempos em tempos para que trocassem beijos com sabor de champagne. A cozinha, por sua vez, era decorada pelas manhãs em que desembrulhou panquecas e waffles empacotados com papel pardo, vestindo apenas uma camiseta que não lhe pertencia, enquanto Valentina beijava seu pescoço, como se fosse incapaz de manter as mãos longe dela. A sala, com suas obras de arte caríssimas penduradas nas paredes, era um museu de todas as vezes em que os olhos azuis a estudaram e brilharam para ela como se não houvesse nenhuma exposição mais interessante no mundo do que o rosto da mulher que amava.
Por isso, era especialmente doloroso que Valentina agora a observasse com cautela. Estava na defensiva, como um animal acuado esperando o momento em que seria atacada.
Não podia culpá-la, é claro. Juliana seguia exausta, frustrada e magoada, mas também possuía autoconsciência o suficiente para compreender que sua insegurança foi parcialmente responsável por transformar o espaço entre elas num campo minado. Contudo, não havia nada a ser feito. Perdoar a roqueira, superar seus traumas, mastigar o orgulho sem quebrar os dentes e engolir a necessidade de que continuassem mentindo em nome de uma fama que não queriam — nada disso era uma escolha. E mesmo que fosse, não tinha certeza se seria capaz de fazê-la, nem se era justo consigo mesma que fizesse.
Foi inevitável lembrar do poema que Valentina adorava. Tu podes ir e ainda que se mova o trem, tu não te moves de ti.
No estúdio doméstico, a loira tocou algumas demos que estavam prontas ou, no mínimo, encaminhadas. Juliana desejou profundamente odiar tudo. Fez um esforço minucioso para encontrar defeitos atrozes e incontornáveis em cada verso. Mas aí estava o mal de se apaixonar pelas linhas de alguém antes de ser capaz de lê-la: por mais que estivesse com raiva, era impossível não reconhecer o talento da loira sem que qualquer objeção soasse como uma repulsão artificial. A crítica nada mais seria do que a vontade de ter Valentina camuflada em negação.
— Sabe, tem uma música brasileira... eu não sei se você conhece, enfim. A letra diz algo como "Dei pra maldizer o nosso lar. Pra sujar teu nome, te humilhar. E me vingar a qualquer preço te adorando pelo avesso pra mostrar que ainda sou sua". — comentou a morena, fazendo o melhor que pôde para traduzir as frases para o inglês.
Valentina sacudiu a cabeça negativamente, intrigada. Não, nunca tinha escutado aquilo antes.
— Bom, é isso que seu álbum parece pra mim. — prosseguiu Juliana — Está cru, é lógico, e é ridículo que você só tenha feito isso em todos estes meses. Mas... é isso que ele é. É isso que vai ser. Um trabalho sobre como o rancor é apenas a paixão com vincos na testa e rugas nos cantos dos olhos.
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Time to Pretend [Juliantina AU]
Fanfic► Time to Pretend - MGMT I'm feelin' rough I'm feelin' raw I'm in the prime of my life Let's make some music make some money find some models for wives I'll move to Paris, shoot some heroin and fuck with the stars You man the island and the cocaine...