A herdeira

||15||

Jamie foi embora enquanto eu e Laura ficamos assistindo tv.

_O que acha de imprimirmos a fotografia que tiramos com o Jamie e de a colocarmos numa moldura aqui na sala?_laura perguntou.

_Tudo bem._aceitei sem dar muita importância, estava mais interessada no programa que passava na tv.

Ela se levantou e foi até o seu quarto. Passados longos minutos ela apareceu com uma moldura media com a nossa foto que tiramos com o Jamie. Ela a colocou num móvel perto da tv.

_Então Cassandra vai me contar o que aconteceu?_ela perguntou se sentando na minha frente tapando assim a minha visão para a tv.

_Do que esta falando?_perguntei confusa.

_Eu te conheço desde que você nasceu, sei muito bem que tem algo te incomodando, você esta tensa._desviei o olhar dela para a janela._Foi o Calleb? O que aconteceu ontem quando você foi para casa dele? A que horas chegou a casa?

Fiquei em silêncio voltando a lembrar de tudo, porque me incomodava tanto ter deixado aquela garota com ele? Porque me incomodava tanto a maneira como ela olhava para ele? Ela estava furiosa mas notavasse que ela gostava dele.

_Eu vou sair Laura, e não me pergunte mais nada._falei friamente, me levantei indo até o meu quarto deixando-a sozinha na sala. Voltei a vestir o meu vestido e sai indo para fora.

Decidi ir ao parque onde o acidente aconteceu,  onde eu matei o bebê dos pais do Calleb. 

Ao chegar la eu observei as crianças brincarem num pequeno parquinho lá perto, olhei para o local onde eu tinha acwrtado o feitiço errado na barriga da senhora Ribeiro me sentindo novamente culpada. Respirei fundo e encarei o céu azul.

Duas semanas depois

Eu e Jamie viramos grandes amigos, praticamente melhores amigos. Ele estava planeando pedir a minha prima em namoro na viagem para o brasil que seria no dia seguinte de manhã.

Calleb também vinha, eu continuava ignorando a sua existência durante essas duas semanas que se passaram. Ele até tentava falar comigo mas eu usava sempre o feitiço para ficar surda, eu sei é muita infantilidade da minha parte mas eu não sou obrigada a escuta-lo, julgem-me o quanto quiserem, isso não me faz diferença.

_Estou tão animada!_Laura abraçou os meus ombros apertadamente. Abracei-a de volta sentindo o olhar intenso do Calleb queimando nas minhas costas. _Finalmente vamos lá!

_É, e tudo graças a você._baguncei os seus cabelos o que a fez gargalhar ao mesmo tempo que se afastava de mim. Jamie voltou para perto de nós depois de ter ido ao banheiro.

_Então Sally.._Jamie se aproximou de mim parecendo nervoso, franzi a sobrancelha.

_Quando te dei permissão para me chamar de Sally?_perguntei brincando.

_No dia que eu te comprei o seu chocolate favorito por engano._ele me lembrou o que me fez gargalhar. _Então eu queria saber se posso ficar sentado do lado da Laura no avião.

Olhei para Laura a tempo de ve-la arregalar os olhos e ficar com as bochechas rosadas. Ela olhou para mim e negou com a cabeça, abri um sorriso de lado.

_Por mim tudo bem._Laura se engasgou com a propria saliva nervosa e surpresa por eu ter concordado com isso.

_Então isso significa que não se importa de se sentar ao meu lado._assustei-me quando Calleb segurou a minha mão num movimento rápido a levando até os seus lábios depositando um longo beijo na mesma. Os seus olhos castanhos não desviavam dos meus e pela primeira vez em muito tempo senti o meu coração acelerar e um nervosismo a muito tempo esquecido me consumir.

Puxei a minha mão da sua voltando a ser fria. Olhei-o com indiferença e usei o meu feitiço para ficar surda.  Comecei a caminhar até a porta do meu avião para entrar na grande fila que se formava.

Depois de passar por toda aquela gente e de confirmar o meu bilhete, fui para dentro do avião me sentando no 26 A que era bem do lado da janela. Não demorou muito para Calleb sentar-se ao meu lado. 

Durante as primeiras horas senti-me observada, as vezes eu olhava para ele o vendo me encarando seriamente. Mas após quatro horas senti-o se deitando no meu ombro lentamente, encarei o seu rosto sem me mexer vendo-o dormindo profundamente no meu ombro. Suspirei e encostei a minha cabeça na sua me sentindo cansada. Levei a minha mão direita até ele agarrando a sua camisa levemente.

Fechei os olhos e deixei que o sono me levasse para de volta ao meu pesadelo de quando tirei a vida a um bebe inocente que era irmão do Calleb, o lobo idiota mas incrivelmente lindo e gostoso que me seguia para todo o lado igual a um cachorro.

Horas mais tarde

Acordei com uma mão no meu cabelo, abri os olhos com rapidez e segurei o pulso da pessoa que tocava nos meus cabelos. Encarei Calleb com uma expressão séria,  ele não parecia sentir dor com a força que eu estava fazendo no seu pulso,  então cravei a minha unha do polegar no seu puso fazendo mais força do que antes e finalmente pude ver uma pequena expressão de dor. Reuni toda a minha arrogância e seriadade para poder fazê-lo entender que eu quero-o longe de mim.

_Não me toque, pare de se aproximar de mim, para de me provocar, não teste a minha paciência e acima de tudo pare de tentar ser alguém próximo de mim.  Não te quero conhecer e não te quero de nenhuma maneira romântica. Não sei o que você quer de mim mas isso não me importa, seja o que for eu não quero isso e não cairei nas suas mentiras e joguinhos._desabafei com ódio, tanto que fez os meus olhos mudarem para um tom de roxo um pouco brilhante.

_Eu quero que namore comigo._revelou me fazendo perder uma batida. Foi impossível esconder a surpresa na minha expressão,  senti-me perder a força nos braços aos poucos fazendo com que ele conseguisse tocar no meu rosto._Quero te poder beijar sempre que tiver vontade, quero poder dizer com orgulho que você é minha e quero ouvir da sua boca que eu sou seu. Não existem jogos nem mentiras, apenas existe a vontade louca que tenho de poder te amar e de ser amado de volta. Não quero esconder nada de você por isso vou te contar um grande segredo._ele segurou a minha mão e levou-a de vagar até o seu peito a encostando no local onde o seu coração se situava.

Neste tempo todo que o vi e conheci vagamente, nunca vi tanta seriadade no seu rosto e nunca vi lágrimas nos seus olhos como agora.

_Eu sou extremamente sensível como uma flor quando se toca a alguém que amo. E mesmo que não acredite em mim, eu amo você e me machuca todas essas acusações que você esta fazendo, cada palavra sua me machuca muito então pare por favor._ falou sem desviar o olhar de mim uma única vez.

Perdi a respiração, não fui capaz de dizer uma única palavra e tambem fui  incapaz de pensar se seria verdade ou apenas teatro.

Naquele momento eu não soube o que fazer e pergunto-me se o que eu estava prestes a fazer era o certo, pergunto-me também por que o fiz, mas neste momento só sei que o meu corpo reagiu por conta própria quando me aproximou dele e o beijou sem mais nem menos,  sem sequer pensar nas consequências desta ação tão imprudente e que provavelmente seria a razão do meu sofrimento mais tarde.