||31||

596 46 1
                                    

Cassandra ●

Bebi num só gole, a minha briga com o Caleb não saía da minha cabeça,  parece que os meus 'monstros' tinham voltado com toda a força para me assombrar.

_Pode me dar mais um shot de Jack Daniel's por favor._pedi estendendo o pequeno copo para o garçom.

_Vejo que não esta de bom humor hoje._ele disse baixo sorrindo de lado enquanto enchia o meu copo.

_Como assim?_ perguntei confusa.

_Você esteve aqui a uns dias, não sei ao certo quando, mas parecia mais feliz._ ele apoiou as suas mãos na bancada.

_Como sabe disso? Ficou me observando?_ ergui uma sobrancelha, bebi o resto do Whiskey que tinha no meu pequeno copo e estendi para ele encher novamente. Ele abriu um sorriso maior, os seus olhos azuis focaram em mim logo após encher o meu copo novamente.

_Era difícil não te observar já que teve uma briga de dois caras por você, o seu ex e o seu atual?_ inclinou a cabeça para o lado fazendo os seus cabelos loiros caírem para o lado também.

_Ex e um amigo. Não tenho namorado._ bebi novamente o meu shot, fechei os olhos com força para evitar fazer uma careta.

_Huh, posso te oferecer uma bebida?_ perguntou olhei para ele.

_Não obrigada, eu estou já de saída. _deixei o dinheiro sobre o balcão e saí, ja estava na hora da boate fechar então não ia ficar namoriscando com um desconhecido, não preciso disso muito menos agora.

Fui em direção a  um beco para por fim usar um feitiço ao qual eu esperei por muito tempo para fazer, se eu me lembro bem dele, ele funcionara. Sussurrei as palavras do feitiço para abrir um portal, um que me levava a uma pequena dimensão no meio destas ruas que ia parar nas nossas casas do meu clã. 

Fechei os meus olhos com força antes de entrar no portal, abri-os novamente depois de respirar fundo, o sol estava nascendo o que me deu uma boa visão das casas de pedra abandonadas há anos.

Caminhei por aquelas ruas vazias sentindo o meu coração apertar, a cada passo, a cada memoria, uma parte de mim morria. Quando eu era mais nova vim aqui uma vez, o dia do acidente. Queria tanto esquecer esse dia que eu simplesmente tenho mentido a todos a minha volta e a mim mesma. Eu só vim ao Brasil uma vez na minha vida, era mentira o facto de que eu dizia que nunca vim. Mas eu vim diretamente para a nossa pequena dimensão.

Segui em direção até a minha casa, na verdade, a minha mansão que ficava no ponto mais alto da nossa dimensão e é claro que era mais afastada das outras. Esta dimensão nunca poderia ser invadida porque só pode ser aberto um portal com o sangue de um Hasthings.

Apos alguns minutos finalmente parei em frente as duas grandes portas da minha casa. Peguei a chave que eu tinha guardada num cofre de magia que eu conseguia aceder quando quisesse, também era la onde tinha o meu dinheiro, bom era a herança que os meus pais, tios, avos, bisavós e todos da família Hasthings me deram, bom alguns eu apenas fiquei porque era a única familiar viva. 

Abri as portas com lagrimas nos olhos, o cheiro era horrível, a muito tempo que as portas e janelas não eram abertas e como eu sou a única que pode entrar aqui, os corpos ainda estavam todos nos mesmos lugares, eu só peguei um caminho onde eu sabia que não havia corpos porque passei por eles ao sair da dimensão na noite do acidente, a pergunta que nunca saiu da minha cabeça é : como é que aquele assassino conseguiu entrar aqui?

Encontrei os cadáveres dos meus pais na enorme sala de estar, perdi a força das minhas pernas e cai no chão. Gritei e chorei sem parar, o meu coração estava sendo esmagado a cada segundo que passava. 

O tempo passava e eu só conseguia chorar, gritar, me desculpar, pedir para voltar atras, desejar a morte do homem que estragou a minha vida e me encolher no chão cheio de pó. O meu celular tocou, era a minha prima. Aproveitei para ver as horas, dez e meia, já se tinham passado quatro horas ou mais desde que eu tinha entrado na minha casa.

_Sai de perto dos meninos agora._ fui direta assim que eu atendi a chamada.

_Tudo bem._ escutei o barulho de uma porta ser aberta e fechada, passado poucos segundos ela falou novamente._ Onde você esta? Sabe o quanto o Caleb esta preocupado com você?

_Quero que ele se foda._ respondi entre dentes, eu estava com raiva dele._ A única coisa que te posso dizer é que eu vou voltar antes da viagem, ainda não sei quando.

_Cassandra, a gente esta preocupados com você, desaparece assim e agora não quer dizer onde esta ou quando volta?_ ouvi-a suspirar. _Sally, volta eu sei que esta irritada mas precisa voltar e conversar com o Caleb para resolver as coisas, vocês estavam se dando tao bem.. o que aconteceu?

_Laura eu não quero falar com ele, ok? Só quero ficar sozinha agora, eu tenho coisas a tratar._ encarei os corpos dos meus pais, tenho de lhes fazer um funeral adequado, mas primeiro precisa de ir ao meu antigo quarto para me preparar psicologicamente para o que estava por vir._ Tenho de desligar, tchau.

Desliguei a chamada sem esperar pela sua resposta, preciso de bebida alcoólica, de uma noite de sono no meu quarto e de enterrar todos os corpos no nosso cemitério, ele fica bem longe das nossas casas porque ninguém quer as crianças perto de um cemitério, né?

A herdeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora