Arrependimentos.

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Depois de ter aceitado aquele beijo, aceitado provar na frente de todos o que eu sentia pelo Mark, não sabia como encará-lo novamente.

Ele me ligava o tempo todo, já fazia uma semana. Mas eu ignorava cada ligação, quando ele ia em casa me procurar, eu me escondia e dizia para minha mãe que deveria contar que eu estava na casa de uma amiga. E Mark ia para casa triste.

Sentia-me tão mal por fazer isso com ele, mas não tinha escolha. Parecia que seria assim para sempre depois de ter abusado da liberdade que tinha com ele, e que nunca seria perdoada. Cada vez que meu celular piscava indicando outra ligação de Mark, cada vez que o via na sacada esperando eu aparecer, cada tictac do relógio que fazia estar longe dele parecer uma eternidade, eram uma pontada a mais no meu coração.

Minha mãe já estava furiosa, estávamos sentadas na mesa da cozinha e eu tinha acabado de contar tudo a ela, tudo o que tinha passado com Mark, sobre o jogo de futebol e a droga de garrafa que me custou um beijo.

– Essa é a última vez que quero ouvir que algo assim aconteceu, fui clara? – mamãe gritou irritada comigo, com razão – Ou você e Mark se entendem de uma vez por todas, ou te mando morar com seu avô.

Desviei os olhos da minha comida, que eu mais analisava do que comia, e olhei para ela, chocada. Eu nem estava acompanhando direito seus sermões, mas aquele me irritou bastante.

– Eu não vou aturar aquele velho bêbado maluco. – retruquei mantendo a calma.

– É minha ultima palavra, Haemin. Você ama o Mark e precisa contar a ele. – ela insistiu, me encarando – E olhe pra mim direito enquanto falo com você.

– Por que está fazendo isso? – eu revirei os olhos, tentando não discutir com ela – O que eu fiz demais?

Mamãe me olhou com uma cara de poucos amigos, franziu o rosto em uma carranca brava.

– Você não fez nada. E esse o problema, você nunca faz nada a respeito disso.

– Quer que eu faça o quê? Suba no telhado e grite pro mundo que eu sou apaixonada por um cara que me chama de irmã na cara dura? – perguntei, franzindo as sombrancelhas assim como ela, era tão injusta.

– Isso seria muito menos incomodativo do que... as suas lamentações o tempo todo.

Isso me magoou um pouco, me controlei o que pude pra não demonstrar nenhum tipo de atitude que me causaria uma mãe furiosa o resto da semana.

– Não estou lamentando.

– É, o certo seria dizer "com falta de atitude". – minha mãe quase leu minha mente – Você quase não tem vida, só sabe correr atrás desse garoto e ele nem sabe o verdadeiro motivo.

– Desculpe, mãe. – eu quis encerrar a conversa mas não conseguia.

– Pare de se desculpar e faça alguma coisa!

– E o que quer que eu faça? – eu disse cansada de ouví-la reclamar.

– Tanto faz, contanto que resolva essa confusão. – ela deu de ombros, suspirando – Filha, você não é a única que passa por isso, todos sofremos por amor.

– Ah, claro, você sofre tanto que tem um namorado por semana.

Sabia que não devia ter dito aquilo, mamãe perdeu a expressão de raiva, que foi substituída por culpa ou tristeza, e largou o prato de qualquer jeito, se levantando da mesa.

– Amanhã saio cedo e volto tarde da noite. Não me espere acordada. – ela disse antes de subir para o seu quarto.

Me arrependi imensamente por ter dito o que não devia, mas com certeza no dia seguinte esse sentimento passaria.

Continuei a comer sem preocupação, não tinha sido tão ruim. A única coisa ruim era a indecisão por falar ou não ao Mark tudo o que sentia.

Decidi que o que eu deveria fazer era sair para respirar ar puro, vesti uma roupa qualquer e saí quando vi que Mark tinha fechado a cortina de onde estava.

Fui andando de skate até perto da ponte do rio Han vendo dois casais de mãos dadas e me peguei pensando se algum dia eu conseguiria algo do tipo, já que sou insegura de mais para algo.

Teardrops & Pizza - Mark TuanOnde histórias criam vida. Descubra agora