Teardrops & Pizza - Mark Tuan

Pizza com muita gordura.

Fazia alguns dias após meu aniversário e Mark andava distante, talvez fosse o efeito do beijo, pelo o que minha amiga disse.

Levei Mark até o porto da cidade, fomos andando em silêncio até lá. Era um lugar que iamos quando tinham festas do colégio, mas as vezes eu ia com ele apenas pela vista.

Mas no caso era algo urgente, pois após aquela festa que ele tinha dado e me beijado realmente pela primeira vez eu tinha o afastado de mim, mas na do meu aniversário foi algo que ele quis e me sentir confusa pela distância que ele criou entre a gente.

– Por quê me trouxe aqui? – ele disse olhando em volta, curioso.

– Queria ver se você se lembra de uma coisa. – disse descendo as escadas até a areia.

  Estava tarde, e não dava para enxergar bem nas sombras. Apesar do mar refletir uma luz azul bem intensa, não ajudava a encontrar o que eu procurava atrás do píer.

No caso, eu procurava as iniciais do Mark e as minhas, que estavam entalhadas numa coluna de madeira, apenas um "M.H" com uma estrela enorme em volta. Marcava o local de algo que tínhamos enterrado à uns 8 anos atrás.

  Quando achei o local, me joguei de joelhos e cavei a areia bem perto da coluna, lembrava bem onde procurar.

– Hae, o que está fazendo? Vai se sujar toda. – Mark reclamou, vindo puxar meu braço.

– Aqui. – respondi apontando para a ponta de uma garrafa aparecendo na areia.

Mark a pegou para mim, e eu sorri vendo que ainda estava em bom estado. "Abrir em casos de emergência", dizia num adesivo da garrafa de vidro.

– Vai dizer que não sabe o que é isso? – perguntei a ele, que deu de ombros.

– Me lembro da gente enterrando isso, mas não sei o que tem dentro.

– Caso de emergência. – suspirei o puxando pela mão, para sentar comigo na beirada da água.

A brisa era fria, mas fingi não me importar muito, e Mark se aproximou quieto ao meu lado, encarando a água inquieta.

  Tentei abrir, mas a rolha estava muito bem presa, preferi quebrar a ponta com uma pedra, aquilo não iria sair de jeito nenhum, e dei um susto em Mark.

– Precisa destruir? – ele riu escandaloso, me ajudando a tirar os tubinhos de papel e os deixando no chão na nossa frente.

– Acho melhor você ler essas coisas. – eu disse desenrolando um deles e começando a rir do que tinha escrito – "O vicio da Haemin em videogames ainda vai deixar ela pobre." Okay, Yien...

Do jeito curioso que era, Mark se empolgou e começou a ler também.

– "Rosas são vermelhas, violetas são azuis, devo sempre dizer ao Mark que a bunda dele é maravilhosa porque ele gosta". – e o americano gargalhou alto novamente, se jogando pra trás – Não acredito que você tinha dez anos quando escreveu isso!

– Eu era uma criança, Mark! – eu também ri, pegando outro papel – Ha! Olha essa, "Mark tem mania de comer a própria meleca, é nojento mas eu vou fingir que não ligo."

– Que nojo. – e ele fez uma careta pra si mesmo – O que mais temos aqui... "Eu vou amar tudo que o Mark fizer, ele é o meu único amigo e é minha família inteira, se algum dia eu o perder, eu quero morrer."

  Mark perdeu o sorriso e ambos ficamos nos olhando sem saber o que dizer, então ele amassou essa notinha e arremessou na água.

– Muito deprimente. – ele disse por fim, pegando outro papel – "Mamãe vai ficar furiosa comigo, mas eu não me importo. Eu vou casar com a Haemin mesmo ela não deixando."

  E ele riu de novo, balançando a cabeça, e me esperou escolher um papel também.

– E essa tarja vermelha aqui? – estranhei a diferença daquele papel para os outros, e tinha uma data, foi colocado ali alguns anos a mais que os outros – "Eu prometo deixar o Mark..."

  Não consegui terminar de ler, acho que fazia sentido a marcação.

– O que? Deixar o Mark o que? O que tem aí? – ele perguntou desesperado, acho que mesmo estando escuro dava pra notar o quanto eu corei – Haemin, termina!

– Acho que não quero mais ler esse. – amassei e ia jogar fora, quando Mark me impediu pegando o papel da minha mão – Não! Não leia.

– Não pode ser tão ruim. – ele sorriu, malicioso – "Eu prometo deixar o Mark tirar a minha..."

  E ele ficou corado e também não terminou de ler, me olhando de canto.

– Nossa. – ele disse sem reação.

– Eu disse pra você não ler. – suspirei desviando o olhar.

– Se quiser a gente resolve isso rapidinho, Hae. – ele brincou levando a mão à minha coxa.

– Sai daqui, Mark! – dei um tapa no braço dele.

– Garotinha meio pervertida você era. – ele riu e desviou o olhar, enquanto eu pegava um papel para mudar de assunto.

– "A estrangeira Candy tem os maiores peitos que eu já vi, e soube que ela deixou um garoto pegar neles. Queria ser o próximo." – eu li rindo alto e Mark levou as mãos aos rosto, envergonhado – Depois eu sou a pervertida.

– Eu lembro dos peitos dela. – ele resmungou rindo com as mãos se escondendo.

– Você tem boa memória.

– De que serve ler essas coisas todas? – ele disse revirando os vários papéis coloridos.

– Pra você e eu lembrarmos quanto a gente era feliz juntos. – repondi suspirando, o vendo empolgado com as frases – E tentar não deixar isso acabar.

– Oh... – Mark disse me encarando, talvez tivesse entendido o recado – Isso é muito... romântico.

– "Pizza sempre resolve os nossos problemas, Mark gosta de muito queijo com muita gordura". – li mais uma notinha.

– Sabe que é uma boa ideia. – Mark falou levantando do chão, e pegando a garrafa de volta, guardando os papéis de volta – Vamos comer pizza.

– Agora? – eu disse assustada com a mudança de humor repentina dele.

– Não, semana que vem. – o Tuan mais novo revirou os olhos, e me estendeu a mão – Claro que agora, Haemin!

– Ah, certo. – correspondi aceitando sua mão e ele me ajudou a levantar.

– Obrigado, eu com dez anos, pelas ótimas idéias.

  E ele me guiou píer acima com um sorriso orgulhoso estampado no rosto.

  Foi a melhor pizza que eu já comi, com a melhor companhia do mundo. Mark estava bem de novo, em nenhum momento o vi colocar uma gota de álcool na boca. Tudo estava normal, como se nunca tivéssemos nos afastado. Nós conseguíamos conversar, rir e no final eu acabei chorando por estar feliz demais por ter consertado as coisas.

  Eu tinha trazido meu melhor amigo de volta pra perto de mim.