O dia que se passou, fora mais longo do que todos os outros, Miranda passou boa parte dele dentro do quarto, Andrea não estava em casa assim como as gêmeas.
Ela queria saber como fazer para voltar, como ter Liz e Andrea em sua vida outra vez, ter suas meninas novamente.
Assim que o relógio marcou sete da noite, ela caminhou pela casa vendo as filhas cochilando em frente a televisão, mas não havia sinal algum de Andrea por ali, coisa que de certa forma lhe incomodou, pois passava tanto tempo com ela que uma simples ausência lhe fazia quere-la seus braços logo que imediato.
Desceu para a cozinha e após colocar uma grande quantidade de café fervente na xícara escutou a porta, seguiu para a sala e viu Andrea jogando as chaves e a bolsa sobre a mesa.
— Pensei que fosse para sua casa.
— Eu irei, você não precisa me expulsar — Disse ríspida — Vim apenas buscar alguns documentos para meu trabalho de mentira, não irei demorar — Disse e subiu as escadas sem esperar por respostas.
Miranda a seguiu, ao entrar no quarto viu a morena adentrar o closet, parou na porta tomando seu café tranquilamente, era o que aparentava e o que estava irritando Andrea, mas a verdade é que por mais que fosse uma completa mentira, Miranda se controlava para não abraça-la e ama-la como na noite anterior.
A respiração oscilou fazendo com que seu corpo ficasse trêmulo, Miranda fechou os olhos por alguns minutos e soltou o ar que lhe sufocava.
— Miranda? — Andrea lhe chamou preocupada e nesse momento seu corpo pareceu pesar.
Um pequena claridade e os sons envolva deixavam sua cabeça confusa, seu corpo estava pesado e sua cabeça doía, sua garganta estava sento ocupada por algo que não demorou muito a desaparecer.
— Ela está voltando — Uma voz apareceu quase distante, com muita dificuldade ela abriu os olhos — Ei — A morena de olhos castanhos disse sorrindo — Como se sente?
— Eu... — Disse com a voz fraca.
— Tudo bem, não se esforce — Disse sem tirar o sorriso do rosto, Miranda sentiu-se aliviada por vê-la de jaleco, significava que ali era sua Andrea, mas algo parecia estar diferente — Bom Miranda... — Disse sentando-se na cama ao lado das pernas da mais velha — Eu sou a doutora Andrea Sachs, estou sendo sua médica há cinco anos.
— Andrea isso é alguma brincadeira? Onde estão Cass e Caro?
— Suas filhas estão com o pai, elas não podem ficar tanto tempo na UTI, mesmo que seja um quarto.
— E a Liz?
— É sua filha também?
— Não, ela é sua — Andrea a olhou confusa — Já pode parar com esse joguinho, nos vimos essa manhã antes que você viesse para o hospital, antes que eu fosse pra Runway.
— Você está apenas confusa, Miranda, é normal, foram quatro anos em um coma que nós jamais pensamos que você fosse acordar algum dia.
— Você já me disse isso.
— O que eu te disse?
— Sobre eu estar em coma a quatro anos — Andrea encarou e respirou fundo — Não me olhe com esse olhar, Andrea, eu sei bem o que ele significa, agora onde estão as meninas? Eu quero vê-las — Andrea levantou-se.
— Irei avisar que deseja vê-las — Olhou para o relógio — Eu volto em alguns instantes para que façamos alguns testes, qualquer coisa basta me chamar.
— Por que está agindo assim?
— Assim?
— Somos noivas e você está agindo como se jamais me conhecesse.
— Olha, eu sei que é tudo confuso e eu não te julgo, foi um coma longo, sua mente projetou uma vida para que você pudesse fugir disso tudo, o fato de eu estar nele, pode ter sido causado pelo tempo que passo aqui, falando com você enquanto te examino, mas isso vai passar, as suas filhas irão ajuda-la a lembrar, eu não demoro.
Miranda encarou a morena sair do quarto e fechou os olhos passando as mãos no rosto, aquilo estava acontecendo outra vez, em qual acreditar que era real? Já não fazia mais ideia, estava terrivelmente confusa com tudo.
.§.
Andrea caminhou pelo corredor do hospital olhando o celular, haviam mil e uma mensagens, ela revirou os olhos e aproximou-se da recepção.
— Bom dia Dorinha.
— Bom dia doutora, plantão?
— Como sempre — Revirou os olhos e sorriu — Pode pagar pra mim o prontuário do paciente do quarto trezentos e dois, por favor?
— Claro, aqui está.
— Obrigada — Disse pegando e abrindo o prontuário, seu celular tocou e ela o pegou — Céus — Disse irritada.
— O bonitinho ainda está tentando?
— O tempo inteiro, esses dias apareceu na porta do prédio com flores, margaridas, eu não suporto margaridas, tenho uma crise alérgica interminável — Dora riu — Disse que queria me levar pra jantar, eu havia dito a ele que ficaria em um plantão de quarenta e oito horas e mesmo assim ele foi até minha porta, certas pessoas não sabem quando parar.
— Sua mãe está no meio?
— Provavelmente, há meses ela está tentando fazer com que eu me envolva com ele.
— Ela ainda não percebeu que você prefere pacientes em coma? — Andrea revirou os olhos, Dora implicava com ela desde que lhe viu no quarto de Miranda encarando-a quase duas horas depois de ter terminado seu turno — Eu fiquei sabendo que ela acordou.
— Sim, acordou e acha que somos noivas.
— Eu não perderia a oportunidade.
— Ela é paciente, Dora, passou por um coma quase que interminável.
— Isso não impede nada — Dona apoiou-se sobre o balcão — Os olhos são tão lindos quanto diziam?
— A mais perfeita imensidão azul que poderia existir — O celular voltou a anunciar uma mensagem e Andrea o pegou, mostrou o nome que estava na tela para Dora que começou a rir e atendeu — Andrea Sachs — Disse formalmente.
— Oi Andy.
— Só um instante — Disse revirando os olhos — Dora, ligue para as filhas da Priestly e peça para que venham, por favor.
— Claro doutora.
— Obrigada — Pegou o prontuário e saiu — Deseja algo, Nathanael?
— Convida-la para jantar.
— Sinto muito, estou monitorando uma paciente.
— Não deveria trabalhar tanto, merece sair.
— E eu saiu, me divirto, bebo e tenho uma vida fora do hospital — Começou a se irritar — Eu estou no meu trabalho nesse exato momento, a duas noites sem dormir e a droga do meu celular vibra a cada cinco segundos com mensagens suas, sabe quão irritante isso é? Eu não quero sair com você, Nathanael, creio que deixei isso bem claro quando minha mãe nos apresentou, eu não tenho tempo, nem paciência para uma relação e você é completamente grudento, então pare de me procurar, de preferência esqueça minha existência, passar bem — Desligou.
— Arrasando corações, Sachs.
— Não sou eu quem faço esse tipo de coisa por aqui — Disse saindo, mas seu braço foi pego.
— Isso é passado, Andy — Disse aproximando-se — Podemos tentar outra vez.
— Não Megan, nós não podemos tentar outra vez, agora se me der licença, eu tenho pacientes pra atender — Puxou o braço e saiu.

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She - 2
أدب الهواةApós quatro anos em coma, Miranda milagrosamente acorda e percebe que a Andrea quem conheceu na praia não se passa de uma grande ilusão projetada por sua mente durante seu sono. Muita coisa mudou desde o acidente, como as coisas realmente estão agor...