Conhecendo Meke

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Arthur recebeu uma mensagem de Numa durante o café da manhã:

- Sei aonde ela está.Me encontre no píer às 10:00h

Ele achou graça por ela querer encontrá-lo. Poderia simplesmente enviar o endereço do paradeiro de Carol, mas preferiu vê-lo.

O píer de Swakopmund devia ter uns cem metros de extensão. Numa estava esperando Art bem na extremidade do pontilhão de modo que podia enxergar a cidade do outro lado como se fosse uma pintura. O mar estava azul e as ondas, carregadas de energia do oceano Atlântico, estavam levemente revoltas. À direita as dunas douradas eram evidentes.

Ela vestia uma saia longa amarela com estampas de grandes flores verdes e brancas e uma blusa laranja. Seus cabelos estavam soltos acompanhando a imprevisibilidade do vento. Os brincos eram coloridos e brincavam com os tons da roupa.

- Que lugar bonito – comentou Arthur

- Bonito mesmo ou bonito para um fim de mundo? – provocou

- Bonito mesmo. E mais lindo ainda com uma mulher inteligente para me apresentar! – disse com galanteio

Numa gostou do elogio. A bem da verdade ela se sentia atraída por estrangeiros. Ela gostava da maneira como os Nova Iorquinos tratavam as mulheres. De igual para igual. Se sentia estimulada com a competição saudável.

- Sua amiga Carol está com o meu amigo Arusi visitando a sua aldeia. O Angalia confirmou – disse em tom superior como que tendo uma informação privilegiada

- Numa você é uma benção em minha vida! Não fosse por você eu estaria vagando por Swakop sem saber o que fazer.

- Você estaria vagando aproveitando o nosso festival – Numa explicou sobre o festival Kuska ao que Art respondeu que não era fã de multidões nas ruas

- Eu já imaginava – respondeu

- Bom, tenho que buscar Carol – Art apressou-se

- Boa! Eu vou com você porque quero olhar bem nos olhos da dissimulada para ver se ela tem coragem de repetir a historinha de guia de viajante para mim.

Numa apreciava pessoas francas, diretas, sem rodeios. A última coisa que Carol deveria ter feito com ela era mentir. Era o tipo de cicatriz boba para Carol mas que marcava Numa a ponto de desmoronar uma amizade sem deixar quaisquer vestígios.

-A gente pode aparecer na tal aldeia de supressa? Não vamos levar flechadas? – provocou Arthur

Numa percebeu que era uma brincadeira e deu um leve tapinha em seu ombro relevando o tom jocoso.

- Conheço Arusi e sua família. É até melhor eu te levar lá. – Numa preveniu

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Na aldeia, após um término de noite levemente tenso Carol acordou pronta para a batalha do trabalho. Por força do hábito e com um fio de esperança tentou ligar o celular mas é claro que nada aconteceu. Avistou Meke, a irmã de Arusi, agachada lavando roupas com uma concentração de quem estava resolvendo uma equação algorítmica. Resolveu se aproximar.

Meke tinha a expressão fechada, séria. Cuidava de sua prole e de sua mãe como um cão de guarda. Tinha uma pele perfeita, reluzente. Cabelos encaracolados brilhantes e saudáveis. Ela os estava usando soltos, apenas com uma faixa colorida em sua testa para não deixar os fios caírem enquanto fazia o seu trabalho. Se destacava perante a sua comunidade. E por esse motivo Carol decidiu abordá-la.

- Meke, certo?

Meke não respondeu e continuou o seu serviço sem olhar para a publicitária. Ela por sua vez não se intimidou e continuou:

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