O Início

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Os ventos sopravam pelas vielas de uma taciturna cidadezinha alojada numa grande ilha pouco visitada por meros turistas exploradores e inúmeros cânticos ressoavam por este ar gélido e sem vida.

As luzes cintilantes iluminavam o céu estrelado, ofuscando parte de sua beleza desproporcional e, abaixo das estrelas, indivíduos peculiares e dissimilares uns dos outros, mesmo que poucos. Celebravam. Piratas, afinal, celebram. Eram muitos e estavam, em sua maioria, focalizados, numa taberna enquanto que uma minoria punha-se do lado exterior dela.

O cenário exterior tinha alguns homens com suas indumentárias esfarrapadas como se estivessem a meses sem lavar, seus dentes parcialmente amarelados e as canecas encharcadas de hidromel que dançava conforme seguia-se os corpanzis dos infames meliantes. A ilha estava a ser sacudida com tanta festividade.

Longínquo, mas ainda ouvinte, calcorreava com um largo sorriso escancarado em sua face um homem jovem e alto. Sua estrutura corporal bem formulada tinha bons relevos que destacavam-se e sua indumentária destacava os músculos do homem parrudo que era, mesmo que não se compara-se a muitos. Ele se aproximava cada vez mais do primeiro grupo dali enquanto tinha, em suas costas, um largo machado que parecia necessitar muita força bruta para o locomover.

Ei, ei, ei, grandes homens! Para quem é essa festa toda?! – disse o ser que vinha com um largo sorriso na direção do grupo festejador. Eles pararam por um momento e analisaram a estatura do homem solitário que tinha seus dentes à mostra e os olhava fixamente, apenas sua presença era o bastante para dar-lhes um certo temor. Um deles, de pele azulada, logo engoliu os resquícios de hidromel presente em sua boca junta a saliva e estufou seu tórax, tomando uma postura dominante enquanto ia mais adiante para responder-lhe.

Hããã?! Quem é você, grandalhão? – perguntou o indivíduo, visando esconder qualquer sinal de temor para com aquele à sua frente.

Eu? – logo o respondeu, sem precedentes. – Eu sou Doll Bancker, estou procurando um homem chamado Klon Bubasko. Ouvi dizer que ele foi responsável por matar o contra-almirante do Quartel General da Marinha. – Ao finalizar sua fala, seu rosto enrugou-se e seu sorriso se agigantou enquanto sua cabeça ia mais para perto do pequeno tritão a sua frente.

See shashashashasha! – gargalhou o tritão, que era seguido por seus companheiros, mas ele logo alternou sua face para uma mais séria e com um movimento ágil sacou um sabre alocado em sua cintura. Ao hasteá-lo, o pôs perto do pescoço de Bancker, que estava a sua frente. O mesmo devolveu-lhe um olhar curioso, antes de responder.

O que pretende com essa faca, pequeno tritão? Está tentando me amedrontar? Sabe que, se você direciona sua arma para um homem, deve estar ciente de que terá de digladiar com ele, não é mesmo?! – Sua voz ressoou em alto e claro tom e sua postura superior fora retomada e, fitando-os lá de cima, sua mão deu uma forte pegada em seu machado, porém, hesitou em saca-lo por um momento. Recordou-se de que era especial demais para manchar-se com sangue da escória. Um relês pirata não era digno de ser morto por tal artefato metálico majestoso.

Irei dá-lo o prazer de brigar comigo de mãos limpas, você terá mais chances. Use tudo que tem ou morra fugindo. Me mostre sua força! E eu espero que não tenha sido apenas falácias! – Esbravejou enquanto seus punhos eram cerrados e o direito partiu como um martelo num movimento semicircular contra o corpo do homem que segurava o sabre. Ele, apavorado, tentou neutralizar o avanço bruto daquela fera indomável e o resultado foi seu corpo esvoaçante, uma nova habilidade adquirida e, com isso, construções sendo quebradas até ele terminar por arrastar-se pelo pavimento terroso, sem consciência e ensanguentado.

Puft. Parece que ele só tinha palavras para soltar da boca. – disse Bancker num tom de decepção, mas ele se lembrava que ainda tinham outros e por isso os visou e começou a estalar os punhos, deixando um sorrisinho de escanteio antes de voltar a falar. – E então, quem é o próximo?! Quero um aquecimento mínimo antes de encontrar o imbecil que arruinou minha vingança!

E então, Doll Bancker digladiou por cinco minutos contra um grupo de vinte pessoas, todas elas bem fortes e capacitadas e lutar de frente com pelo menos alguns capitães da Marinha, suas recompensas superavam o mínimo de trinta milhões de bellies. Bancker os arrasou.

Kovarzazazazaza! Vamos, vamos! Hoje teremos algumas bonequinhas para visitar, homens! Cantem comigo, pois nós somos Bancker, o inevitável infame ser destes mares tempestuosos e agitados! Somos imparáveis e únicos nesta imensidão de pessoas objetivas! Estamos aqui para destruir todos estes que passam e param em nosso caminho!

Cantarola, ou ao menos tentava, Doll Bancker enquanto ia deixando para trás a pilha de corpos dos derrotados completamente surrados. Pareciam quase mortos. Pensavam ser um monte de hienas cercando um grande leão, porém, eram inexperientes demais e com fraqueza anormal para tentarem comparar-se aquilo. Ele, de fato, era imbatível e, com sua ferocidade exacerbada, crucificou a pequena falha dos tolos que ousaram interferir-se em seus objetivos.

Sua caminhada dava-se rumo à um único objetivo, era a taberna, o local com maior foco de barulho dali e o homem mal via a hora de alcança-la, era possível sentir até mesmo a atmosfera alterar-se naquele ambiente conforme aquele colosso calcorreava pelo pavimento terroso e úmido.

Chegando ali, via o tom luminescente jorrar para fora, o som de uma melodia agradável e muitas vozes. Diversas. Elas dançavam entre si e eram confundíveis. Bancker não conhecia nenhuma das que estava ali, ele era um "novato", de certa forma. O jovem então sorriu, socou sua mão esquerda e se pôs a caminhar logo em seguida, adotando a postura confiante de sempre, lá dentro estavam as pessoas na qual ele estaria a procurar, apenas com sua presença os barulhos cessavam em uníssono e ele, logo ele, fitava-os sem demonstrar qualquer vestígio de alguém amedrontado, era como se estivesse pronto para obliterar qualquer existência que ousasse toca-lo. Sua energia contida era transferida em sua voz, fortalecendo ainda mais a atenção que tinham para com sua pessoa.

Ei! – esbravejou o homem -, Eu vim atrás do Klon Bubasko, quem de vocês é ele? Se prepare, hoje eu irei te matar! – Apenas estas palavras serviram para petrificar todos ali presentes, todas aquelas centenas de pessoas que não entendiam o que aquele indivíduo ali fazia. Apesar disso, ganhou sua notoriedade e um certo homem com madeixas azuladas fitou-o com feição indiferente enquanto chacoalhava sua caneca com vinho.

Vieram perturbar... nossa festa? – Proferiu o homem, num tom pacato enquanto visualizava seu líquido e transferia sua visão para o grande Doll Bancker.

Piratas Dolls, a AventuraOnde histórias criam vida. Descubra agora