JORNAL TUPINIQUIM
Publicado em 01 de dezembro de 751, por João de Barros.
Inicia-se hoje o mês de dezembro. Tão aguardado pelo povo, traz promessas econômicas e alegrias para quem sabe aproveitar. O mês de Tupi é regado com muita comida saudável e exercícios físicos. Nesta coluna, falaremos sobre os diferentes costumes em cada ilha-província e como aproveitar este mês em cada uma delas. Na próxima coluna, as diferentes estratégias comerciais adotadas pelos plebeus para ganhar dinheiro. É um aristocrata preocupado com seus camponeses? Conheça técnicas e abordagens comprovadas por feiticeiros de alto nível para melhorar a plantação e gerar mais renda para sua região.
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A estação de trem tinha um teto curvo, feito de um material transparente que deixava passar a luz da lua e das estrelas. Júlia viu que nada ali na cidade precisava de luz elétrica. Na verdade, acho que aqui não tem eletricidade.
Agora que reparou nisso, lembrou-se que na casa de Dom havia várias velas, e as janelas deixavam entrar a luz da lua e das estrelas. Ainda assim, a sala era perfeitamente iluminada. Não tinha televisão ou telefone, nenhum abajur ou aparelho de som. Júlia achou muito estranho que só agora havia percebido isso.
Tudo estava ficando cada vez mais esquisito e bonito. Se estivesse sonhando, não queria mais acordar.
Várias linhas de trem estavam dispostas paralelamente, e pessoas corriam e andavam em todas as direções. Com isso estava acostumada. Andar no meio de multidões não era algo novo.
Enquanto pensava em como as pessoas atravessavam as linhas para chegar às outras plataformas, Dom pegou sua mão e começou a andar em uma direção, passando com dificuldade pelas pessoas. Como Júlia não conseguia ver para onde estavam indo, só pôde imaginar que seria para a bilheteria. Ele havia dito que iam comprar os bilhetes.
Havia três filas, uma para cada atendente. Em cada uma havia uma placa, indicando os destinos a seguir. Na placa da primeira fileira estava escrito: Tão Perto; na segunda: Tão no Meio; e na terceira, onde estavam Dom e Júlia: Tão Longe.
— Por que vai me levar para Tão Longe?
— Porque nunca ouvi falar de nenhuma cidade com o nome João Pessoa e, pelo que vi nos mapas, não existe nenhuma aqui. A minha ideia era levar você até o Porto, que fica em Tão Longe. Lá os marinheiros talvez conheçam essa cidade. Deve ficar em outras terras, além dos três mares.
Júlia tentou lembrar de alguma ilha que o idioma era português. Não tinha como. Ela tinha de estar no Brasil. O sotaque era brasileiro. Talvez houvesse uma ilha remota que não conhecia.
Chegou a vez de compraram a passagem. Não pediram documento, e Júlia não viu se Dom pagou ou não. Cansada de achar tudo estranho, parou de querer entender como as coisas funcionavam ali. Dom pegou os dois bilhetes, e seguiram em direção ao trem.
Esperaram alguns minutos, e logo uma enorme locomotiva a vapor parou. Júlia notou que o nome da locomotiva era "Maria". Foram abertas as portas do vagão. Um homem recolhia os bilhetes e controlava a entrada das pessoas. Dom entregou os dois bilhetes, e o homem os deixou passar.
O piso era revestido de madeira, assim como o teto e as paredes. Castiçais pediam da parede com três velas cada, para iluminar durante a noite. No primeiro vagão havia apenas sofás.
Dom disse que o vagão deles era um dos últimos, pois a viagem dos dois seria mais longa. Júlia nem se lembrou de perguntar o que "longa" significaria em horas. Seguiram adiante. Havia uma sala de jogos de tabuleiros, salas de jantar e vários vagões seguidos de camas. O trem era largo o suficiente para ter um corredor no meio e dois banheiros nas laterais: feminino e masculino.
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A Dona do Castelo 1- O Duque de Tão Longe
FantasyJúlia Rodrigues sofre um acidente e acorda em uma casa desconhecida em um mundo estranho. Sem saber se está sonhando ou apenas enlouqueceu de vez, ela anda sem rumo até conhecer Dom. Por ser incrivelmente parecida com a Dona do Castelo (nome popular...