DIÁRIO DE DENTRO
Publicado em 27 de dezembro de 752, por Gislaine de Araruna.
Um acidente grave aconteceu nesta manhã próximo a cidade de Apuã, em Tão no Meio. Um trem que seguia para Cidade de Fora descarrilou e seus vagões derraparam por vários metros até pararem rente a um riacho. A causa ainda está sendo estudada, mas testemunhas que viajavam nesse trem disseram ter visto dragões muito próximos a eles. O acidente deixou várias pessoas gravemente feridas, mas nenhuma morte foi confirmada.
Estava amarrada ao dragão, que batia forte as asas para ganhar altitude. Lá embaixo Júlia viu o trem descarrilhado e temeu por Dom. Será que ele está bem? Espero que não tenha se machucado. Tupi, por favor, se você existir, deixe-o são e salvo. O medo foi perdendo lugar para a raiva na sua caixinha de sentimentos, e Júlia teria batido no homem à sua frente se não estivesse amarrada.
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Estava amarrada ao dragão, que batia forte as asas para ganhar altitude. Lá embaixo Júlia viu o trem descarrilhado e temeu por Dom. Será que ele está bem? Espero que não tenha se machucado. Tupi, por favor, se você existir, deixe-o são e salvo. O medo foi perdendo lugar para a raiva na sua caixinha de sentimentos, e Júlia teria batido no homem à sua frente se não estivesse amarrada.
— Ei! O que pensa que está fazendo? — Júlia estava furiosa. Não gostava de ser raptada por homens montados em dragões. Definitivamente não por homens.
O homem fingiu não ouvir e continuou a mirar longe, rumo a algum lugar desconhecido para Júlia, apesar de ela ter criado tudo aquilo. Agradeceu mais uma vez à sua mente, por ter feito algo tão perfeito.
Enormes montanhas e florestas faziam o relevo da Cidade de Dentro parecer plano em comparação àquilo. Alguns picos eram tão altos que chegaram a passar das nuvens, e Júlia não conseguia ver até onde ia.
Rios, que refletiam as nuvens num céu cor de rosa, azul e laranja do pôr do sol, serpenteavam entre as bases das montanhas, encontrando-se com vários outros lagos e formando rios cada vez maiores.
Várias cascatas desciam preguiçosamente de alturas tão grandes que viravam espuma antes de tocar nos rios. E árvores de porte tão grande faziam Júlia duvidar da proporção das montanhas e dos rios. Eram maiores do que sequoias. Quantos anos será que têm?
Alguns pássaros muito grandes apostavam corrida com o dragão, mas logo desistiam. O dragão era incrivelmente rápido para o seu peso e de mais duas pessoas. O que seria impossível na vida real. Não existem dragões na vida real, Júlia.
Vários animais selvagens corriam livremente nas bases da montanha. Alguns ela não conseguiu identificar, mas conseguiu ver cavalos selvagens, touros, e até onças. Será que haveriam dinossauros? Esses, definitivamente, Júlia não queria pagar para ver.
Apesar da admiração que sentia por aquele lugar, Júlia colocou o sentimento de raiva para superfície. Seu orgulho era grande demais para um homem qualquer, num dragão qualquer, a ignorar.
— É melhor me dizer para onde está me levando!
Silêncio. Júlia bufou. Sentada e amarrada onde estava, não dava para levantar-se e ir cutucar o homem. Decidiu aborrecê-lo com palavras. Isso ela fazia muito bem.
— Ei.
Nada.
— Psiu. Ei, cara.
Nada.
— EI!
— Cala a boca! Nossa você é irritante. — O homem finalmente falou.
— Obrigada. Agora, para onde está me levando? Já estamos perto?
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A Dona do Castelo 1- O Duque de Tão Longe
FantasyJúlia Rodrigues sofre um acidente e acorda em uma casa desconhecida em um mundo estranho. Sem saber se está sonhando ou apenas enlouqueceu de vez, ela anda sem rumo até conhecer Dom. Por ser incrivelmente parecida com a Dona do Castelo (nome popular...