Capítulo 5

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"Quando todos os dias ficam iguais, é porque deixamos de perceber as coisas boas que aparecem em nossas vidas."

Paulo Coelho


Na última semana de julho recebi uma ligação a respeito de um currículo que havia deixado. Fiz uma entrevista e deixei tudo nas mãos de Deus. Eu queria a vontade dEle acima da minha.

Não faz muito tempo desde que soube que fui aceita. Me senti muito feliz porque parecia que tinha dado o meu primeiro grande passo para a vida.

Papai não ficou muito contente com a ideia no início, mas acabou cedendo. Eu começo na semana seguinte do retorno das aulas. Aquela sensação de alegria e medo me invadia. Eu nunca tinha trabalhado antes, ia lidar com o público, teria de me esforçar mais. Não estava acostumada a ser muito extrovertida, mas teria que mudar isso.

As férias haviam acabado e as aulas retornaram a todo vapor. Felizmente era o último semestre, e depois, é claro, teria que ver o que ia fazer.

Simplesmente não sabia. Isso me dava uma espécie de medo mas respirava fundo e confiava em Deus.

No momento certo eu ia saber. Começar no trabalho ia expandir um pouco a minha mente.

Segunda-feira

Ao entrar na sala, vi um rosto novo. Era uma garota de cabelos castanhos num tom claro, olhos âmbar e sombrancelhas grossas. O meu instinto dizia que eu devia falar com ela. Assim como fizemos com o Ben.

Ela parecia ser metida o que não me deu muito ânimo para me apresentar, mas me sentei e fiquei pensando nas formas que poderia conversar com ela.

Com o desenrolar da aula ela logo se mostrou uma garota muito participativa com comentários.

As vezes nossas frases batiam no ar, como quando o professor pergunta sobre algo e ela comenta e eu também.

Ela parecia divertida. Quando soou o sinal para o intervalo, fui em direção a porta e a garota nova perguntou:

- Você é de exatas?

- Não, sou mais voltada pra humanas. -Disse eu.

- Mesmo? Você parecia tão boa em matemática.

- Bom, eu consigo ir bem nos cálculos, mas não são bem a minha realização pessoal.

- Sei como é. -Disse ela.

- Você quer passar o intervalo com a gente? -Perguntei.

-Se não for atrapalhar. -Disse ela.

- Não, tudo bem.

Clara chegou perto de nós e os meninos também. Seguimos e passamos o intervalo conversando com Gessika. Ao mesmo tempo que ela era legal, parecia ter um "ar metido". Mas isso não ia me impedir de fazer amizade com ela. Ela se sentou mais perto de nós nas próximas aulas, e eu imaginei que ali se tornaria um lugar fixo pra ela.

Estava com vergonha de chegar no serviço. Pode parecer bobo, mas é coisa minha. Mamãe estacionou o carro em frente ao lugar e disse:

- Pronta?

Soltei um suspiro e disse tirando o cinto:

- Sim.

- Vai dar tudo certo. Te amo.

Sorri e falei antes de sair do carro:

- Também te amo.

Caminhei até o estabelecimento, que era nada mais nada menos que uma doceria. Eu ia ficar na recepção e temia me tornar uma bolinha. Entrei na loja e senti um cheiro incrível. O visual da loja era muito bonito, as portas eram de vidro, as vitrines estavam repletas de bolos, tortas e biscoitos decorados, e as paredes tinham cores fofas. Acho que não ia ser tão ruim.

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