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Capítulo 6

"Bom, às vezes a vida é dura, mas eu tenho muita coisa para agradecer."

A Cabana, Willian P. Young

Domingo

- Para esta semana, não quero que nós façamos as mesmas orações. Não quero que a nossa lista de pedidos aumente, mas quero que sejamos gratos. Apenas agradeça, não pelo fato de simplesmente existir pessoas que estão piores do que você, mas agradeça por reconhecer o que Deus tem feito na sua vida. Talvez você não consiga achar nada, mas isso porque está olhando a situação com uma venda, então peça a Jesus que faça você enxergar com os olhos dele. Um olhar apaixonado e fascinado. Amém.

- Amém. -Repeti prendendo o máximo de palavras na minha mente, pois sabia que era isso que precisaria para a semana.

O culto estava encerrado, portanto peguei minha Bíblia e fui procurar Benjamin. Hoje ele estava servindo tirando as fotos durante o culto.

Encontrei Clara e a lembrei do trabalho de geografia.

Estava caminhando até a escolinha para buscar Pri quando uma garota de cabelos ruivos que aparentava ter a minha idade me parou dizendo:

- Oi!

- Olá. -Disse eu com um sorriso.

- Eu acho que você não me conhece mas, eu estive no culto de jovens e ouvi você pregar. Eu só queria dizer sou muito grata por Deus ter falado através de você. Eu imagino que não deve ter sido fácil passar pelo que você passou, mas aquelas palavras me fizeram ver tudo de uma perspectiva diferente.

Meu peito se aqueceu e com um sorriso largo consegui dizer:

- Puxa, eu fico muito feliz. De verdade, obrigada por ter vindo falar comigo.

- Não foi nada, obrigada você.

- Aris! -Chamou mamãe.

- Eu vou indo mas foi um prazer te conhecer...

- Alana. -Completou.- O seu é Ariana não é?

- Sim, mas pode me chamar de Aris. -Disse eu.

- O.k.!

Priscila começou a me puxar para irmos embora, e eu dei um último aceno para Alana.

Deus, como estava feliz. Feliz de saber que o que aconteceu comigo ajudou pelo menos uma pessoa. Ben me encorajou a postar o meu testemunho nas redes sociais e logo a noite já comecei a planejar melhor isso. Se uma pessoa lesse e se sentisse fortalecida, o processo teria valido a pena.

Segunda-feira

Depositei os cadernos sobre a mesa e soltei um suspiro. Estava cansada do serviço mas graças a Deus a água quente do chuveiro existia. Só estava eu em casa e mamãe me pediu para adiantar a janta.

Ainda tinha um resto de arroz na geladeira, então tudo o que eu precisava fazer era preparar a mistura e esquentar o feijão. Uma salada também não faria mal. Se estivesse com ânimo faria uma sobremesa também. 

Comecei a pegar o que ia usar quando Benjamin ligou como esperado.

- Oi. -Disse eu sorrindo como se ele pudesse ver.

- Oi!

- Calma aí.

Coloquei no viva-voz e deixei o celular sobre a mesa.

- Pode falar. -Pedi.

- Por quê sinto que estou em segundo plano?

- É só impressão sua. -Disse eu.